Europa com desequilíbrio entre procura e oferta de mão de obra, diz relatório da European Labour Authority
O relatório da European Labour Authority (ELA) continua a destacar o grande desequilíbrio entre a procura e a oferta de mão de obra na Europa.
Falta de mão de obra a nível europeu, as medidas para fazer face a este problema e o novo mercado de trabalho são alguns dos temas em destaque no “Relatório EURES sobre escassez de mão de obra e excedentes”, da European Labour Authority (ELA), e do “Relatório sobre o combate à escassez de mão-de-obra nos Estados-Membros da EU”, do Eurofound.
Relativo a 2022, o relatório envolveu os 27 da União Europeia, mais a Noruega e a Suíça, e tem um enfoque especial no impacto dos desequilíbrios laborais na Europa sobre os grupos vulneráveis, ao mesmo tempo que explora os fatores que dão origem a esses desequilíbrios. E uma das conclusões do relatório destaca a elevada disparidade entre a procura e a oferta de mão de obra a que se assiste atualmente na Europa. Foram classificadas quase 400 ocupações, pelo menos por um país, como sendo uma escassez, enquanto 321 ocupações foram identificadas como excedentes em pelo menos um país.
O relatório classifica 38 ocupações específicas como carências generalizadas, distribuídos por três grupos de profissões, a saber: profissões artesanais, de saúde e profissões relacionadas com software. Por outro lado, classifica 37 ocupações como ocupações excedentárias generalizadas.
As ocupações que dominam a lista de escassez generalizada estão relacionadas com os setores de software, saúde, construção e engenharia. Já as ocupações que dominaram a lista de excedentes generalizados está relacionada com profissões elementares e ocupações nas áreas de humanidades e artes.
O relatório EURES constata que o referido desequilíbrio entre procura e oferta de mão de obra é uma realidade tanto no plano nacional como regional, que acontece devido a uma multiplicidade de fatores e que está presente em todos os níveis de ensino. Globalmente, a maioria das pessoas empregadas em ocupações excedentárias têm um nível médio de educação, enquanto os empregados em ocupações em escassez tendem a ter um nível de qualificações mais elevado e de natureza mais técnica.
Verifica-se também uma grande mobilidade de trabalhadores entre os vários países europeus, causada, sobretudo, pela procura de empregos mais bem remunerados, assim como de melhores condições de trabalho.
O estudo situa os desequilíbrios no mercado de trabalho no contexto dos principais motores de mudança no trabalho. Entre estas contam-se a rápida difusão de novas tecnologias digitais em todos os setores da economia europeia, o envelhecimento da população, a transição para uma economia com impacto neutro no clima e as condições de trabalho associadas ao exercício de diferentes profissões.
A falta das competências exigidas pelos empregadores no mercado é determinante para o nível de escassez de mão de obra e excedentes na Europa, conclui o relatório. Que alude, ainda, à necessidade de uma nova estratégia ao nível do sistema de educação e formação para ultrapassar estes desequilíbrios.