Estas são as 10 tendências do setor agroalimentar para este ano

Os consumidores estão cada vez mais atentos à sua saúde física, mental e do planeta, diz a PortugalFoods que acaba de apresentar as 10 tendências do setor agroalimentar para 2024.

Os consumidores continuam preocupados com aumento dos preços, mas tendencialmente estão a mudar o enfoque nos custos para o cuidado com o que ingerem, preferindo alimentos com ingredientes e preparados para cuidar da sua saúde. Mas também estão mais focados em selecionar produtos alimentares de marcas que, no seu processo produtivo, tenham preocupações com o ambiente. Estas são algumas das conclusões que a consultora internacional Innova Market Insights a convite da PortugalFoods apresentou esta semana no seminário “Trends 2024”, que decorreu no Parque de Ciência e Tecnologia da Maia (TecMaia).

Para assegurarem o seu futuro, os fabricantes da indústria transformadora e as marcas devem capacitar-se para responder ao mercado – e este exige e reage, cada vez mais, a valores e propósitos muito claros, que tornam a missão das empresas mais desafiante. Se o preço ainda faz a diferença, não menos peso na decisão dos consumidores têm fatores como a origem dos produtos, a sustentabilidade do processo produtivo, os benefícios para a saúde e os valores defendidos pelas marcas. Para a indústria, é um desígnio crucial ter produtos que sejam competitivos para o consumidor, com qualidade e que transmitam confiança – seja nos novos ingredientes utilizados, seja nas suas iniciativas de sustentabilidade”, analisa Deolinda Silva, diretora executiva da PortugalFoods.

Conheça as 10 grandes tendências que vão impactar o setor agroalimentar no curto e médio prazo, segundo a PortugalFoods.

  1. Ingredientes-estrela: Os ingredientes são o fator decisivo na escolha dos consumidores na hora da compra, com a proteína a ser o mais procurado. Cerca de um terço dos consumidores, em todo o mundo, dizem que procuram sempre informação sobre os ingredientes presentes nos rótulos das embalagens. Cerca de 42% dos inquiridos referem que a “proteína” é o ingrediente mais relevante, visto como essencial para uma melhor gestão do corpo e do peso. Esta procura do ingrediente essencial – que a indústria deve comunicar abertamente nas embalagens e na promoção dos produtos – é geracional: se as novas gerações procuram proteína e minerais, as mais velhas querem produtos com vitaminas, fibras ou Ómega-3.
  2. Nutrir a natureza. Os consumidores pretendem que as marcas sejam mais pró-ativas e vão além do “chavão” da sustentabilidade. Querem garantias de que estão a tomar ações concretas que protejam o ambiente e a natureza e, por isso, procuram produtos que usem menos água, protejam as florestas ou utilizem apenas energias renováveis no seu processo produtivo. A implementação de bioengenharia e de tecnologia para criação de variedades mais adaptadas, que necessitem de menos recursos e promovam uma agricultura de precisão que seja mais “amiga do ambiente”, é apreciada, da mesma forma que afirmações da utilização de agricultura regenerativa ou biodinâmica são extremamente positivas para os consumidores.
  3. Priorizar a prevenção. Mais de um terço dos consumidores pretende ser pró-ativo na gestão da sua saúde, mostrando, antes de mais, preocupações com a gestão do peso, mas também com a saúde do coração, dos ossos e das articulações. A indústria, por isso, deve procurar conhecer ao máximo os seus públicos-alvo e definir as mensagens de acordo com as principais preocupações de saúde que cada um demonstra.
  4. Produtos de origem vegetal. Esta tendência, apontada já em 2023, os alimentos à base de plantas sobem claramente de posição na lista de tendências: se, antes, era apenas pensado para o nicho vegan, há espaço para alargar a base de consumidores, uma vez que estes começam a ver nestes produtos uma forma de diversificarem a sua dieta. Mais de metade dos consumidores expressam também o desejo de experimentar versões plant based de culinária tradicional e local, com a indústria a responder com a oferta de refeições prontas em formatos acessíveis e simples – incluindo, por exemplo, finger foodsnacks, mas também refeições principais.
  5. Local torna-se global. Os consumidores estão abertos a novas experiências. Mais de dois terços dos inquiridos dizem-se disponíveis para experimentar e incluir nas refeições do dia-a-dia sabores do mundo. E metade dos mais jovens querem mesmo provar e cozinhar refeições de zonas distantes do planeta. No entanto, a preocupação com o ambiente e com os produtos locais mantém-se. Os clientes preferem produtos produzidos nos seus próprios países, valorizando quem apresenta essas opções, mesmo para pratos tradicionais de outras geografias.
  6. Heróis na cozinha. Durante a pandemia, muitos consumidores puderam dedicar mais tempo à cozinha e a criatividade culinária floresceu. Aproveitaram para consumir produtos mais saudáveis e, ao mesmo tempo, que lhes permitissem economizar no custo das refeições. Com a inflação crescente, essa tendência mantém-se no pós-pandemia, seja pelas marmitas saudáveis e económicas, seja por “a casa” se ter tornado num espaço mais acolhedor, onde se convive e se partilha a paixão por produtos, técnicas de cozinha e experiências gastronómicas. As novas tendências passam pelo lançamento de kits com ingredientes para desenvolver determinados tipos de culinária (japonês, coreano, mexicano) ou por produtos pré-confecionados que recriam pratos e bebidas habitualmente consumidos na restauração.
  7. Indulgência saudável. Mais uma vez, uma tendência que junta o melhor de dois mundos num único conceito: os consumidores pretendem que os snacks e aqueles produtos que lhes transmitem conforto – bolachas, produtos de pastelaria, chocolates, gelados, refrigerantes, entre outros – sejam feitos com ingredientes “saudáveis”, adicionando probióticos, prebióticos, antioxidantes, cálcio, fibras naturais; substituindo ou reduzindo açúcares refinados; usando fórmulas e declarações “sem álcool”, etc.
  8. Oceanos de possibilidades. Os oceanos vão ser as quintas do futuro, usando processos produtivos mais sustentáveis, e os produtos de origem marinha vão entrar na alimentação regular. Os lançamentos de alimentos e bebidas com microalgas, por exemplo, aumentaram mais de 42%, em termos acumulados, entre 2020 e 2023. Seja pelo sabor, seja pelo crescimento da dieta vegan, pelas excelentes características nutricionais ou pelas declarações de sustentabilidade, as algas entraram no dia-a-dia dos consumidores.
  9. H2O, diversificar o futuro. Outra das tendências que conjuga saúde e alimentação passa pelo enfoque dos consumidores na hidratação. As bebidas e os ingredientes que antigamente estavam confinados aos desportos e aos ginásios – eletrólitos, isotónicos e bebidas de frutas antioxidantes – saltaram para as prateleiras dos supermercados. A preocupação com o envelhecimento saudável criou um mercado onde águas com adição de nutrientes e as suas características únicas (como, por exemplo, as águas alcalinas) são muito valorizadas pelos consumidores. A necessidade de se manter hidratado fará, igualmente, aumentar o mercado das águas com sabores – já existente –, mas agora mais concentrado em adicionar nutrientes e vitaminas a essa oferta.
  10. Minimizar o ruído. A transparência e a honestidade na informação nutricional são fulcrais para os novos consumidores, numa era de desinformação. Metade refere recear que as marcas os enganem na sua comunicação. Por isso, preferem que as embalagens sejam claras, com um bom conteúdo e sem conteúdos e elementos visuais exagerados.
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