Entrevista/ “Estamos ativamente à procura de talento que queira fazer parte da criação de soluções à escala global”

Mariana Salvaterra, diretora-geral da Zühlke

“Os Centros de Engenharia, e em particular o de Portugal, são uma peça chave na estratégia da Zühlke para se posicionar como parceiro tecnológico de eleição, a uma escala global”. Quem o diz é Mariana Salvaterra, diretora-geral da Zühlke em Portugal, que em entrevista ao Link To Leaders, falou do investimento de 1,5 milhões que pretende fazer nos próximos 5 anos e dos objetivos de contratação.

Fundada em 1968, na Suíça, hoje a Zühlke está presente em 10 países com mais de 1600 especialistas. Focada no desenvolvimento de soluções digitais, recentemente abriu o seu novo centro tecnológico no Porto onde já conta com 30 especialistas que colaboram de forma contínua com equipas de todo o mundo.

A empresa autodefine-se como “o parceiro ideal para criar soluções para o futuro” e está apostada em desenvolver o negócio no mercado nacional e em investir no crescimento do hub no Porto, com o aumento da equipa e do número de projetos desenvolvidos.

Em que consiste o trabalho desenvolvido pela  Zühlke?
A Zühlke Portugal pertence ao Grupo Zühlke, fornecedor global de serviços de inovação. Criamos novos modelos de negócio para os clientes e desenvolvemos serviços e produtos baseados em tecnologia – desde a visão até ao desenvolvimento e implantação e operação. Com clientes em mercados distintos e sempre com atenção a matérias de sustentabilidade, inovação e tendências, especializamo-nos em estratégia e inovação,  engenharia de produtos e sistemas, soluções digitais e soluções de dados e inteligência artificial.

Que mais-valias aportam às empresas?
Os clientes que nos escolhem contam com um know-how de mais de 50 anos no desenvolvimento de consultoria e prestação de serviços, marcados por uma forte disrupção e inovação. Somos o parceiro ideal para criar soluções para o futuro. Temos um impacto global e apoiamo-nos numa estratégia de desenvolvimento distribuído: os nossos colaboradores juntam-se a colegas de outros países, em equipas internacionais, de maneira a garantirmos todas as competências necessárias para colmatar as necessidades de cada cliente.

Quais as vossas áreas de atuação prioritárias?
Os projetos que desenvolvemos aplicam-se em áreas bastante diversas, onde a engenharia de software ganha destaque pela potencialidade que abre nos setores. Podemos destacar dois dos projetos mais conhecidos internacionalmente, na área do consumo e da saúde.

A máquina Aeroccino da Nespresso, que permite fazer espuma de leite e que hoje usamos nas nossas casas, foi desenvolvida pela Zühlke. Desde o conceito até à produção. Tanto os aspetos mecânicos como os sensores de temperatura ou a duração do processo foram desenhados e desenvolvidos pelas equipas de embedded  systems  e engineering.

Também a aplicação NHS COVID-19, semelhante à versão portuguesa Stayaway Covid que permitia fazer tracking de casos Covid perto de cada cidadão, foi criada pela Zühlke e utilizada por quase 30% da população britânica, num total de 16,5 milhões de utilizadores regulares.

O que diferencia a empresa da concorrência?
A visão que orienta o nosso trabalho faz com que cada uma das nossas equipas tenha um papel de destaque para elevar os resultados. Cada profissional, independentemente do escritório ou centro em que esteja, contribui para o sucesso dos nossos projetos. Trabalhar na Zühlke significa ter a oportunidade de marcar a diferença a nível internacional, uma vez que a partir de Portugal desenvolvem projetos tecnológicos para clientes do mundo inteiro e em setores de grande relevância.

Ao mesmo tempo, investimos na formação e desenvolvimento de carreira dos colaboradores para evoluírem nos seus projetos, alcançando as suas ambições num ambiente que promove a interação, aprendizagem e flexibilidade. Escolher a Zühlke como parceiro tecnológico é, assim, apostar na qualidade de profissionais especializados em engenharia de software, que em estrita colaboração com a equipa do nosso cliente, desenham e implementam a melhor solução apoiada nas melhores tecnologias para cada caso de uso.

“O foco do investimento está na contratação de colaboradores, sobretudo para desenvolvimento de software para soluções à escala mundial, no pacote de benefícios que oferecemos à equipa (…)”.

Anunciaram recentemente um investimento em Portugal na ordem de 1,5 milhões de euros para os próximos cinco anos. Qual será o foco desse montante? Investigação, recursos humanos…
A abertura do Centro Global de Engenharia em Portugal foi um passo muito importante para a nossa expansão. Este é o nosso primeiro hub no país e o terceiro a nível mundial, o que revela a ambição que temos para o talento e para os resultados que vamos alcançar juntos.

O foco do investimento está na contratação de colaboradores, sobretudo para desenvolvimento de software para soluções à escala mundial, no pacote de benefícios que oferecemos à equipa, na formação especializada para alavancar a carreira de cada colaborador e ainda na otimização das instalações para acolher este crescimento da equipa.

Quais as ambições da Zühlke para o centro tecnológico no Porto?
Em linha com a estratégia dos outros centros de desenvolvimento, queremos duplicar a equipa até final deste ano e, por isso, estamos ativamente à procura de talento que queira fazer parte da criação de soluções à escala global. O investimento, na ordem de alguns milhões de euros, vem precisamente reforçar a aposta nos candidatos e colaboradores, nos benefícios que aqui encontram e nas suas carreiras. Os Centros de Engenharia, e em particular o de Portugal, são uma peça chave na estratégia da Zühlke para se posicionar como parceiro tecnológico de eleição, a uma escala global.

“Cada vez há mais jovens e adultos em Portugal a explorar a área tecnológica para construir carreira, os cerca de 3000 graduados de TI por ano só no Grande Porto foram um factor decisivo”.

Porquê o Porto, porquê Portugal? O que atraiu a Zühlke para o nosso país?
Antes de mais, o acesso privilegiado a talento foi um dos fatores decisivos. Cada vez há mais jovens e adultos em Portugal a explorar a área tecnológica para construir carreira, os cerca de 3000 graduados de TI por ano só no Grande Porto foram um factor decisivo. Ao mesmo tempo, o país está a conquistar um lugar de destaque para outras multinacionais que aqui escolhem abrir novos escritórios, assim como start-ups que contribuem para este ambiente de inovação e energia muito apelativo.

Depois, a qualidade de vida na cidade atrai também muitos colaboradores e candidatos que estão no estrangeiro e que aqui procuram novas oportunidades. Alguma da equipa atual aproveitou esta oportunidade para mudar de vida e de país e aproveitar o que Portugal tem de melhor. Já estávamos presentes noutros mercados europeus, em grandes capitais e também na Ásia, mas não tínhamos nenhum centro de engenharia na europa ocidental, pelo que a estratégia de expansão para Portugal ganhou ainda maior sentido.

E têm conseguido recrutar o talento que precisam para as vossas necessidades?
De modo geral, tem sido um processo muito bem-sucedido. Acreditamos que as tecnologias com que trabalhamos, a dimensão internacional dos projetos, a cultura interna, a possibilidade de trabalhar com outros profissionais de referência nas suas áreas e o investimento em formação são fatores atrativos para o talento sénior, com mais experiência, que procuramos.

Recentemente, começámos a estabelecer algumas parcerias com universidades e escolas locais, aliados ao compromisso em investimento em formação do grupo Zühlke, 10% do nosso turnover anual, para criar oportunidades de entrada no mercado de trabalho.

“A equipa em Portugal conta com especialistas de diferentes nacionalidades e cerca de 25% veio precisamente do estrangeiro para trabalhar connosco”.

As equipas são exclusivamente portuguesas ou multiculturais?
A equipa em Portugal conta com especialistas de diferentes nacionalidades e cerca de 25% veio precisamente do estrangeiro para trabalhar connosco. A Zühlke também apoia de forma muito estruturada essa deslocação de especialistas, com pacotes de realocação atrativos e apoio em todo o processo. Ao mesmo tempo, a equipa em Portugal colabora de forma ativa com equipas noutros centros e escritórios da Zühlke, numa estratégia de desenvolvimento distribuído, contribuindo para soluções globais.

E quais são os vossos principais clientes? De que setores de atividade?
São de diferentes setores, como banca, saúde, telecomunicações ou retalho, para os quais desenvolvemos soluções inovadoras com base em tecnologia. De forma específica, grande parte da equipa no Porto está focada em projetos para clientes na Suíça, como a empresa de telecomunicações Swisscom, mas também para clientes no Reino Unido, Áustria e Alemanha.

Em que geografias estão presentes atualmente? Existem planos de expansão para novos mercados?
Já contamos com 17 hubs a nível internacional, com três Centros Globais de Engenharia em Portugal, Sérvia e Bulgária, e mais 15 escritórios distribuídos entre a Suíça, Áustria, Alemanha, Reino Unido, Singapura, Hong Kong e Vietname. Cada localização é escolhida por responder a critérios de estratégia e excelência muito específicos, sempre tendo em vista um crescimento sólido e sustentado do grupo.

Em 54 anos de atividade global, a empresa assistiu ao aparecimento de muitas inovações, muitas  tecnologias…. Quais foram as etapas mais marcantes na vida da empresa?
O espírito de inovação faz parte do ADN Zühlke e é isso que temos reforçado ao longo destas décadas de atuação. Num mercado em constante transformação como o tecnológico, os desafios são constantes e por isso celebramos cada conquista que alcançamos em equipa.

Desde a fundação já abrimos Centros de Engenharia e escritórios em 17 cidades diferentes, onde acolhemos cada vez mais colaboradores e apoiamos o seu desenvolvimento pessoal e profissional. Com atenção às tecnologias mais recentes e tendências atuais, expandimos também as áreas de especialidade em que atuamos e conseguimos diversificar os clientes. Estamos na vanguarda com a criação de soluções para a gigante de telecomunicações suíça Swisscom, com o desenvolvimento da banca virtual em Hong Kong, com a transformação digital de serviços de saúde no NHS do Reino Unido ou com o design de produtos mais eficientes na Nespresso e Konika Minolta.

O nosso crescimento é notório por todos estes fatores e queremos continuar a construir uma empresa que não só está na vanguarda de produtos tecnológicos, como investe de forma contínua na carreira e formação dos colaboradores que elevam os nossos resultados a cada dia.

“Para o futuro, contamos expandir o recrutamento a todo o território português através de políticas de trabalho híbrido (…)”.

Olhando para o futuro, quais as ambições da empresa para o mercado nacional?
Os objetivos a curto prazo são investir no crescimento do hub no Porto, com o aumento da equipa e do número de projetos desenvolvidos, e também investindo na melhoria e expansão do escritório que nos acolhe. Para o futuro, contamos expandir o recrutamento a todo o território português através de políticas de trabalho híbrido e, até, explorar o full remote.

Comentários

Artigos Relacionados