Esta start-up de millennials quer combater o burnout… dos millennials

A cultura de estar “sempre ligado”, os almoços rápidos à secretária de trabalho e o ritmo atual das condições laborais tornaram o burnout um dos tópicos do momento. E nem os millennials parecem escapar a este fenómeno.

O burnout é um dos  temas da atualidade quando se fala de trabalho, pressão e stress, e um tipo de esgotamento a que ninguém está imune. Em 2018, um estudo da Gallup realizado a sete mil trabalhadores a tempo inteiro, concluiu que 23% destes afirmaram sentir cansaço no trabalho com muita frequência, enquanto 44% disseram sentir cansaço algumas vezes. O estudo  também descobriu que os funcionários esgotados são mais propensos ao absentismo ou a procurar outro emprego. A própria Organização Mundial da Saúde este ano reconheceu o burnout como um diagnóstico médico oficial.

Também os millennials, apesar serem assumidamente uma geração com um estilo de vida mais descontraído, não estão a escapar a esta pressão já que o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal, para muitos desta geração, tornou-se basicamente inexistente, tornando impossível a realização de tarefas aparentemente simples.

Para combater esta situação, um grupo de jovens empreendedores de Nova Iorque, que esteve no cerne do lançamento de marcas como Sweetgreen e Hims, está agora apostado em desenvolver marcas que oferecem produtos e serviços projetados para ajudar as pessoas a combater o esgotamento e o stress relacionados ao trabalho.

Formaram a Pattern Brands, uma start-up que captou 14 milhões de dólares (12,6 milhões de euros) de financiadores como Kleiner Perkins, Primary Venture Partners e RRE Ventures. Além de aumentar a consciencialização sobre os efeitos do desgaste no local de trabalho, a start-up tem o ambicioso objetivo de ajudar as pessoas a mudarem a forma como passam o tempo livre fora do horário de expediente. O cofundador Nicholas Ling descreve a primeira marca da Pattern, a Equal Parts, como uma combinação de utensílios de cozinha de alta qualidade e orientação quer online ou pessoalmente.

A ideia para a start-up veio dos próprios fundadores que, efetivamente, estavam esgotados. Antes da Pattern, os sócios Nicholas Ling e Emmett Shine administravam a agência Gin Lane, que ajudou a lançar 50 empresas. Típico de muitos empreendedores, os dois cofundadores trabalhavam longas horas e voltavam para casa exaustos, assim como os seus colaboradores. Começaram a questionar-se como poderiam trabalhar melhor e promover uma cultura empresarial mais favorável. Iniciaram um ciclo de conversas informais com a equipa para saber como estes se estavam a sentir, como combatiam o cansaço, e partilhavam dicas sobre como cozinhar uma refeição no final de um dia difícil ou fazer uma longa caminhada.

Após várias entrevistas, em 2017, os fundadores decidiram relançar a empresa oferecendo serviços que respondessem não só às suas necessidades, como às dos outros. Queriam proporcionar aos trabalhadores opções para viverem de forma mais equilibrada, e não apenas passarem longas horas no escritório para regressarem a casa e passarem as horas seguintes nas redes sociais, como forma de lazer. Um grande obstáculo para a Pattern está em fazer com que os seus clientes-alvo mudem alguns dos hábitos mais obstinados.

Existem inúmeras abordagens para combater os efeitos do burnout, algumas das quais passam por soluções gratuitas, como alimentação equilibrada e exercício e outros exemplos de construção de hábitos mais saudáveis fora do trabalho.

Também existem formas de baixo custo para os empregadores ajudarem os trabalhadores a combater o cansaço. Uma dessas formas é criar relacionamentos mais significativos. De facto, os estudos mostram que os funcionários respondem bem não apenas aos incentivos financeiros, mas também ao reconhecimento e apoio ao seu trabalho.

Talvez por isso, a Pattern, que nasceu com o objetivo de apresentar soluções de combate ao burnout, não tem apenas uma preocupação comercial, mas uma oportunidade de fornecer soluções para uma geração que está esgotada. Milhões de trabalhadores millennial procuram novas formas de combater o cansaço no local de trabalho, desde o uso de aplicações mindfulness até à participação em aulas de exercícios de bem-estar. A busca generalizada por um melhor equilíbrio, saúde e paz interior ajudou a dar origem a um mercado de bem-estar de 4 biliões de dólares (3,6 biliões de euros).

Comentários

Artigos Relacionados