Entrevista/ “Se está à procura de um investidor, não dispare para todos os lados”

A proGrow é uma das start-ups em destaque no Startup Report Portugal, tendo levantado mais de 500 mil euros de financiamento, em 2016.
A proGrow é uma plataforma que visa apoiar as unidades fabris a produzirem mais com menos recursos. A sua plataforma web permite a recolha, monitorização e gestão da informação produtiva sobre as metodologias de melhoria contínua.Toda a gestão da produção é centralizada num só dispositivo que permite não só identificar as perdas de eficiência produtiva, como também potenciar a comunicação entre as diferentes equipas de trabalho, na execução das suas ações de melhoria e consequente aumento dos seus resultados produtivos.
Os mais de 500 mil euros de fundos levantados no ano passado deram à proGrow um bilhete direto para integrar a lista do primeiro Startup Report Portugal, conduzido pelo austríaco Florian Kandler.
Marco Tschan Carvalho, CEO da proGrow, partilhou em entrevista as lições aprendidas no processo de angariação de financiamento.
O que alcançaram antes do vosso último levantamento de capital, que foi realmente determinante para a angariação deste valor?
Era fundamental termos o nosso MVP (produto viável mínimo) a funcionar em ambiente industrial. Esta prova de conceito permitiu-nos ter um melhor pitch junto de potenciais clientes, o que contribui para termos um interessante pipeline de vendas para apresentar aos investidores.
Qual deverá ser a forma de pensar de um fundador quando o objetivo é criar uma empresa com apoio de um fundo de investimento?
Estar aberto à ideia de deixar ir o seu bebé. Um esquema de investimento, principalmente numa fase inicial, provavelmente irá refletir-se na perda do controlo de uma parte considerável da sua empresa. A somar a isso, os investidores estão, normalmente, interessados em que a sua empresa cresça rapidamente, para que se torne atrativa para outros potenciais compradores. Por outro lado, tendo em conta o tempo médio de vida de uma start-up, fazê-la crescer e vendê-la é um cenário mais atrativo do que não chegar a lançá-la.
Que grande erro pode um fundador cometer durante o processo de angariação de investimento?
Na minha opinião, não estar aberto a novas ideias e estratégias é a pior forma de pensar que um investidor pode encontrar num fundador. Tem de ser claro que, depois de um investimento, os fundadores já não controlam a totalidade da sua empresa, pelo que têm de a gerir em conjunto com os investidores, o que significa que têm de ouvir as suas ideias e estratégias. Outro aspeto a destacar é que fechar uma ronda de investimento não é uma coisa fácil de conseguir, principalmente se se trata da primeira vez em que o faz. Por isso mesmo, deve-se fornecer toda a informação que se tem e não esconder parte desta, com medo de partilhar a nossa “ideia milionária” com outras partes.
Que dica dá aos fundadores que lhe perguntam “Não conheço nenhuns investidores. Como consigo ter contacto com eles?”
Aconselho que, quando procuram um investidor, não comecem a “disparar” para todos os lados. Pode ser importante perceber primeiro como os fundos funcionam (Business Angel vs. Venture Capital) e analisar em que áreas e mercados investem. Só depois de identificarem quais os seus potenciais investidores, poderão preparar-se para fazerem um pitch que funcione. A angariação de investimento é um longo e stressante processo, em que, quanto mais bem preparados estivermos, maiores serão as hipóteses de nos aguentarmos até ganharmos a nossa sorte grande.
Um “segredo para o sucesso” em conseguir investimento, enquanto start-up portuguesa?
Lamento, mas não estou a ver nenhum segredo para o sucesso em conseguir investimento, enquanto start-up portuguesa. Como disse, acredito que o segredo é conhecer a nossa audiência e fazer um picth de acordo com isso. Como português… somos bons a construir a nossa própria sorte, é esse o espírito com que encorajo a todos.
Nota: Entrevista concedida pelo Startup Report Portugal