Opinião
Empreendedorismo, negócios, inovações e segmentos em alta

O principal evento de empreendedorismo e inovação no Brasil, o CASE (Conferência Anual de Startups e Empreendedorismo), aconteceu entre os dias 17 e 19 de novembro, e este ano continuou online e gratuito.
O evento é considerado o maior e mais importante do ecossistema de start-ups da América Latina e é realizado pela Abstartups (Associação Brasileira de Startups), que já possui dez anos de existência e conta com mais de 6 mil associados.
De acordo com o relatório da Global Entrepreneurship Monitor (GEM), o número de pessoas que querem tornar-se empreendedoras nos próximos três anos cresceu 75% este ano, chegando a 50 milhões de pessoas.
Apesar da pandemia no ano passado ter reduzido em cerca de 18% a taxa de empreendedorismo total no Brasil; ter um negócio tornou-se o segundo maior sonho do brasileiro. (O primeiro é o desejo de viajar).
Outro dado positivo é que a formalização entre os empreendedores brasileiros cresceu 69%, entre 2019 e 2020, o maior crescimento dos últimos quatro anos.
O empresário Lucas Infante, quando vivia na Espanha, tinha uma franquia de hipermercado e via a quantidade de produtos serem desperdiçados todos os dias. Ciente de que o total de comida produzida no mundo que é desperdiçado seria suficiente para alimentar 13 milhões de pessoas, Lucas teve a ideia de criar uma start-up e resolver esse problema. Quando voltou ao Brasil, criou com os sócios a FoodtoServe, uma plataforma que liga estabelecimentos com sobras de alimentos ao consumidor final.
Os utilizadores têm acesso a alimentos bons para consumo com até 70% de desconto. Além disso, o desperdício incorreto é evitado e os gases do efeito estufa são reduzidos. A start-up já possui 25 mil utilizadores cadastrados, mais de 100 restaurantes fornecedores e já comercializou mais de 15 toneladas de alimentos.
O Banco Pan, controlado pelo BTG, comprou a Mosaico (dona das marcas Zoom, Buscapé e Bomdfaro), a maior plataforma de conteúdo e originação de vendas para o e-commerce do Brasil. A Mosaico conta com mais de 22 milhões de visitantes únicos por mês; enquanto que o Banco Pan possui mais de 12, 4 milhões de clientes.
O fundo XP Private Equitry fez um aporte de R$ 100 milhões na Alife-Nino (rede de 21 bares, nove restaurantes premium e uma cozinha delivery, a grande maioria localizada em São Paulo). O setor de alimentação fora de casa movimenta mais de R$ 400 bilhões por ano. Segundo Chu Kong, responsável pela área de private equity da XP, o mercado de capitais brasileiro ainda é carente de players no setor.
A rede de supermercados Zona Sul, do Rio de Janeiro, inovou em 2020 quando começou a fazer entregas via robô, agora através de uma parceria com a start-up Payface, de Florianópolis, irá permitir o pagamento por reconhecimento facial. A imagem do rosto do cliente se conecta com o cartão de crédito dele e o programa de fidelidade da rede de supermercado.
Segundo o IPC Maps, o retalho de moda (que reúne 1,5 milhão de retalistas), teve uma faturação de R$152 milhões em 2020. O interessante é que de acordo com a YpitData, apenas 73 mil desses vendedores atuam em canais digitais.
Mais uma vez, inovando e ampliando sua atuação no mercado, o Magazine Luiza lançou o “Mundo Moda”, um espaço na sua aplicação dedicado à venda de roupas, calçado e acessórios. Nele, reuniu um mix de 3.5 milhões de itens de marcas de renome como Farm, Hering, Colcci, produtos de 300 fábricas e mais de 21 mil lojistas virtuais de diferentes partes de todo o Brasil. O volume de vendas do marketplace de moda aumentou 170% entre janeiro e setembro deste ano.
De acordo com o Report de Transformação Digital na América Latina, apresentado pelo Atlantico, a maior parte de investimentos tem sido feita em fintechs. Os setores de saúde e agritech também têm crescido muito e há um crescente interesse em criptomoedas. O agronegócio já representa 21% do PIB do Brasil. Os consumidores e as empresas tem-se mostrado cada vez mais preocupados e conscientes com questões relacionadas com a sustentabilidade. Há uma procura crescente de crédito de carbono e houve um aumento no interesse por fontes alternativas de proteína e de plantas.
Quanto ao retorno aos escritórios, uma pesquisa da KPMG no Brasil apontou que 85% das empresas entrevistadas pretendem variar entre trabalho remoto e presencial. A análise contou com 287 empresários de diferentes setores.
Finalizo aqui respirando aliviada por podermos todos voltar a reunir-nos com a família, amigos e colegas, sem máscara. Ainda temos que ter cuidado, mas só podermos estar uns com os outros isso já nos enche de energia e de mais gana para trabalhar, empreender e transformar o mundo.
Que tudo siga assim e cada vez melhor trazendo um excelente final de ano à todos!