Opinião

Digital: Enquanto uns fazem, outros acham que esperam pelo momento certo

Rui Ribeiro, Head of Consulting & Technology na Auren Portugal

Num mundo onde a tecnologia evolui a uma velocidade exponencial, adotar uma postura passiva diante da era digital pode ser a diferença entre viver ou morrer, no mercado empresarial.

Esperar pelo momento certo, que nunca existe, porque há sempre qualquer coisa que é urgente, é não saber gerir atualmente. O digital não espera, exige visão e uma ação imediata e assertiva. É nesse contexto que se destaca a procura pela necessidade de criação de valor diária e constante, um imperativo para aquelas empresas que desejam manter-se relevantes e ágeis na competição, mesmo quando sabemos que temos os tradicionais desafios do dia a dia, que nos puxam para garantir a simples sobrevivência. O desafio está nesta duplicidade de gestão: o hoje e o daqui a três ou cinco anos!

Os tubarões, como a Apple, a Amazon, a Google ou a Microsoft, continuam a expandir os seus “oceanos” a taxas de crescimento incrível de 30%. Elas não só acompanham a evolução tecnológica, como a definem, transformando desafios em oportunidades, definindo muitas vezes as novas regras do mercado, qualquer que ele seja. Estes tubarões são atualmente o principal receio dos gigantes-anões dos setores financeiros, saúde, retalho, telecomunicações, automóvel ou media.

Mesmo estes gigantes-anões continuam a hesitar e a adiar projetos e decisões cruciais sob o pretexto de aguardarem o “momento certo”. Continuam a não entender a importância de ter a coragem e enfrentarem a realidade de se assumirem como empresas de serviços ou produtos digitais e tecnológicos com especialização de negócio, mantendo-se no seu conforto de empresas de setor que são suportadas pelo digital e tecnologia.

No entanto, a verdade é que o momento certo no digital é sempre o já e o agora! Mais do que adiar, é fundamental fazer, errar, aprender e crescer. A mentalidade de “testar e aprender” tem de ser a norma, tal como a capacidade de gerir portefólios de projetos que decorrem em paralelo, permitindo a rápida adaptação e a melhoria contínua. O desenvolvimento de novos modelos de negócios digitais não aumenta apenas a eficácia organizacional, mas também revoluciona a forma como entregamos valor aos clientes. Já não é suficiente ir melhorando, é fundamental ir transformando para se conseguir sair do lago e entrarem nos oceanos.

Como? Reorganizando os seus modelos de governo, de forma a garantirem o contínuo desafio de questionar os processos com novas perspetivas, como se começassem hoje, com as tecnologias de hoje ou amanhã. Esta abordagem de busca incessante pela eficiência, não só otimiza recursos, como garante que a empresa se mantém inconformada, ágil e adaptável às mudanças do mercado.

As empresas devem ser vistas como comboios em movimento, que progressivamente evoluem de serviços regionais para inter-cidades, e logo a seguir têm de saltar para o alfa pendular, mas quando pensam que já vão bem rápido, têm de saber que já aí vem o TGV e, quando menos se espera, o Hyperloop já é uma realidade. Este ritmo frenético não permite pausas prolongadas, nem complacência. O mercado e os tubarões não perdoam! Cada empresa deve ver-se como um participante ativo nesta corrida, impulsionando-se a si mesma e às suas equipas a inovar e a criar incessantemente.

Em conclusão, no ecossistema digital, esperar significa perder terreno. As empresas que prosperam são aquelas que vivem a normalidade da mudança constante, que lidam com a multiplicidade de gerirem vários projetos, que desafiam o status quo e, acima de tudo, agem. Com uma mentalidade centrada na ação, as possibilidades são ilimitadas. Portanto, em vez de esperar pelo momento certo, que nunca chega, o segredo é fazer do presente o momento de agir e moldar o próprio futuro. Para os líderes empresariais, a mensagem deve ser clara: o mundo digital é um campo em constante evolução, e só sobrevive quem se move nessa velocidade crescente!

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Rui Ribeiro

Rui Ribeiro

Atualmente é professor da Universidade Lusófona e consultor de Transformação Digital, tendo tido várias atividades profissionais, entre as quais Head of Consulting & Technology na Auren Portugal, diretor-geral da IPTelecom, diretor comercial da Infraestruturas de Portugal S.A., diretor de Sistemas de Informação na EP - Estradas de Portugal S.A. e Professional Services Manager da Sybase Inc. em Portugal. Na academia é diretor executivo da LISS – Lusofona Information Systems School, e docente da ULHT. Rui Ribeiro é doutorado em Gestão... Ler Mais..

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