A dificuldade em gerir um negócio britânico, segundo um norte-americano

Neste artigo, um norte-americano, CEO de uma empresa londrina, aponta as principais diferenças entre os mercados do Reino Unido e dos Estados Unidos e a forma de operar das empresas, dos colaboradores e dos líderes.

É certo que arrancar com uma start-up não é tarefa fácil. Há certas barreiras que se tornam demasiado altas para os aspirantes a empreendedores saltarem. E se assim é no país de origem, mais complicado se torna quando os projetos acontecem em território desconhecido.

Ryan Farley, CEO da Judopay – uma empresa de processamento de pagamentos digitais -, escreveu recentemente no Entrepreneur as maiores dificuldades que teve para criar uma empresa além-fronteiras. Depois de ter passado dez anos na norte-americana Intuit, o empreendedor arrancou para Londres com o objetivo de fazer crescer o seu novo negócio.

Neste artigo, Farley toca nas principais diferenças entre a forma de operar das empresas norte-americanas e britânicas e a cultura que é fomentada dentro das organizações.

Apesar de serem dois mercados com proximidade cultural, tendo a mesma língua e alguns costumes idênticos, as diferenças corporativas entre as empresas dos dois países são substancialmente diferentes. As tentativas da Best Buy e da Tesco são apenas dois exemplos de expansões mal sucedidas entre os dois países.

A norte-americana Best Buy tentou entrar no mercado britânico através da aquisição de 50% da Carphone Warehouse (Phone House em Portugal) por 1.8 mil milhões de euros. O objetivo era fazer com que a loja de telemóveis se expandisse naquele mercado, em que já estava inserida, e abrisse 200 lojas por todo o Reino Unido. Contudo, só foram abertas 11 lojas e mesmo essas foram fechadas devido aos resultados pouco satisfatórios.

O mesmo aconteceu com a Tesco. A cadeia de supermercados britânica tentou penetrar no mercado norte-americano com um investimento de mais de 1.8 mil milhões de euros, mas acumulou perdas num período de cinco anos e fez uma retirada estratégica.Tal como a Tesco, outras marcas estabelecidas em terras de Sua Majestade também falharam a sua expansão, como a Marks & Spencer, a WH Smith e a Dixons.

Segundo o CEO da Judopay há três grandes motivos para que estas expansões não tenham resultado:

Diferentes focos:
Uma das principais diferenças é a visão dos objetivos estabelecidos pelos líderes das empresas. Enquanto que no Reino Unido o foco é cumprir os números esperados pelos acionistas, nos Estados Unidos o centro de todo o trabalho desenvolvido são os clientes e os colaboradores.

Neste ponto, Farlay afirma que existe uma positividade e honestidade na forma como as empresas norte-americanas comunicam com os seus clientes. Um exemplo dado neste artigo são as campanhas de marketing da Dollar Shave Club.

– Tomadas de decisão:
O segundo ponto que estabelece a diferença entre as corporações dos dois países são as tomadas de decisão. Enquanto que nos Estados Unidos os futuros líderes são treinados para saber quando devem tomar uma decisão a curto/médio/longo prazo, no Reino Unido não só existe uma dificuldade em saber quando é que cada uma das decisões tem de ser tomada, como também não há rapidez nas respostas que têm de ser dadas a curto prazo.

O empenho dos colaboradores:
O último ponto apresentado pelo diretor executivo da Judopay passa pelo diferente comportamento dentro das empresas entre os empregados britânicos e os americanos. Segundo refere, no Reino Unido é mais complicado criar uma cultura que os funcionários sigam. Por outro lado, nos Estados Unidos, espera-se que os empregados trabalhem arduamente durante longos períodos.

O CEO da Judopay chega mesmo a referir que, no Reino Unido, só quando os colaboradores estão a investir 100% do seu trabalho na direção que a empresa quer ir é que trabalham à “americana”.

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