Opinião
O dia em que o padre veio à empresa
Liderar uma equipa multicultural em condições adversas é um grande desafio para qualquer gestor. E ninguém percebe tanto disto como o padre Diamantino.
Estava reunido com o padre Diamantino, superior regional para Moçambique dos Missionários da Consolata, a ouvir as suas necessidades para o novo projeto em Nampula, uma nova escola. Depois de acertarmos a forma de cooperação e de ver a felicidade estampada no seu rosto, lembrei-me de questionar como é que o padre Diamantino nos podia ajudar na empresa.
Após conversarmos mais um pouco, definimos que o padre Diamantino iria estar presente numa das nossas reuniões mensais, não para um sermão, mas para partilhar a sua experiência na criação de missões no interior de Moçambique, com padres de várias nacionalidades e de diferentes culturas.
As nossas reuniões mensais surgem com o objetivo de motivar os colaboradores. São uma forma de comunicar, de partilhar o que estamos a fazer em cada projeto e de nos conhecermos melhor. Mas também são um momento que usamos para ouvir entidades ou individualidades externas que convidamos a expor as suas experiências.
Hoje em dia, estamos conscientes dos efeitos que a motivação tem no desempenho das pessoas e, por consequência, das organizações. Um dos desafios do gestor é compreender os fatores que impactam a motivação positiva no trabalho, para conseguir aumentar a produtividade da empresa.
Sabemos que as motivações são individuais, que são diferentes de colaborador para colaborador, que, dependendo do quanto estamos motivados, nos vamos esforçar mais ou menos nas nossas tarefas diárias e que, desta forma, a produtividade da empresa é fortemente afetada.
“Era uma vez um italiano, um moçambicano, um colombiano e um português, que se encontraram em Maputo”. Podia ser o início de uma anedota, mas, na verdade, foi assim o padre Diamantino iniciou a sua história na palestra que fez na Novabase em Moçambique.
No final, foi uma agradável surpresa perceber que a experiência missionária do nosso convidado tinha muitas semelhanças com a maneira de ser e de estar numa empresa que se quer internacional e multicultural, como a Novabase. A frase de José Allamo, fundador dos Missionários da Consolata, diz tudo: “Quem deixa a família natural para se dedicar à Missão, tem que encontrar uma outra família”. Porque, afinal, é no convívio, nas relações interpessoais, na formação e, no caso dos missionários, na oração, que tudo se orienta para a missão. Tal como nas empresas, acredito que é também com estes instrumentos motivacionais, e em conjunto, que conseguimos melhorar a produtividade.
Nas palestras de motivação de empresas, já vi convidarem gestores, treinadores de futebol, de basquetebol, de rugby, professores, encenadores, sempre com o objetivo de partilhar as suas experiências e encontrar paralelismos entre o seu trabalho e o que é feito na empresa. Com um padre, inovámos e criámos o elemento surpresa, ao encontrar muitas semelhanças entre a consultoria e os missionários. No final, tivemos o melhor feedback de sempre da parte de quem assistiu à partilha. Com isso, cumprimos mais um objetivo: elevar os níveis de produtividade dos nossos colaboradores. E, entretanto, encontrámos um novo tipo de orador para palestras motivacionais: os padres.