Entrevista/ De avô para neto: o negócio das velas que leva aromas a todo o país
Com 60 anos de história na produção de velas, a Velas Condestável foi fundada pelo avô António Martins da Silva que trabalhou na sua oficina durante muitos anos até que o seu neto decidiu juntar-se ao negócio. Hoje, com uma fábrica em Cardigos, trabalham juntos para criar velas decorativas, religiosas e aromáticas, e levar os aromas de Cardigos ao resto do país.
A Fábrica de Velas Condestável é uma empresa familiar que resulta de uma história com cerca de 60 anos na produção de velas. Situada na freguesia de Cardigos, concelho de Mação, sempre se dedicou à produção de velas, essencialmente para fins religiosos. Agora, está a apostar em novos segmentos e a produzir velas decorativas e aromáticas.
“Queremos continuar a aumentar a nossa quota de mercado das velas religiosas a nível nacional, com foco em dois possíveis clientes, bem como expandir a nossa marca com as velas decorativas e aromáticas a nível nacional e também internacionalmente, nomeadamente, no âmbito do mercado da saudade”, revelou André Silva Flores, CEO da Fábrica de Velas Condestável, que começou a sua carreira profissional na Delloite, mas que que juntou ao seu avô António Martins da Silva, hoje com 83 anos, para manter o negócio da família.
Os seus produtos são de fabrico artesanal e, apesar de, no início, a cera de abelha ter sido a matéria-prima utilizada, hoje, todas as velas aromáticas são veganas.
O que o levou a dedicar-se a um negócio de família?
Sempre quis ter um negócio próprio, por isso fui estudar gestão. Comecei a minha carreira profissional na Delloite, empresa em que trabalhei durante dois anos. A Velas Condestável é o negócio da minha família e é também uma marca com uma base muito sólida, uma vez que conta com uma história de quase 60 anos e com uma carteira de clientes fixa. Vi que tinha a oportunidade de conseguir fazer aquilo que sempre desejei, enquanto apoiava a minha família e não deixava que o negócio se perdesse.
“O meu avô, mesmo com 83 anos, continua a ter espírito jovem, vontade de trabalhar e a ser o mestre e a voz de comando”.
Qual o peso de liderar uma marca nacional com uma história de 60 anos, fundada pelo saber e pelas mãos do seu avô?
Penso que o mais importante é assegurar que se mantém o nível de confiança e compromisso com os clientes. O meu avô, mesmo com 83 anos, continua a ter espírito jovem, vontade de trabalhar e a ser o mestre e a voz de comando. É um empresário de sucesso, e é sempre difícil manter a expectativa que as pessoas criaram dele, pois sinto que existe uma confiança quase cega que não pode ser defraudada de maneira nenhuma.
Quais têm sido os grandes desafios que tem encontrado pelo caminho? E como os tem contornado?
Com a pandemia, enfrentámos alguns desafios, como quebras de 60% num ano e o clima de instabilidade e inflação que se criou e ao qual não estávamos habituados. Tivemos de ser resilientes, trabalhar muito, manter uma comunicação transparente com todos os stakeholders, essencialmente, os nossos funcionários, clientes e fornecedores. Além disso, continuámos sempre a trabalhar para alargar a nossa quota de mercado.
Qual a maior aposta das Velas Condestável para os próximos meses?
Queremos continuar a aumentar a nossa quota de mercado das velas religiosas a nível nacional, com foco em dois possíveis clientes, bem como a expandir a nossa marca com as velas decorativas e aromáticas a nível nacional e também internacionalmente, nomeadamente, no âmbito do “mercado da saudade”.
“Fazemos a contagem das velas religiosas ao quilo e produzimos cerca de uma tonelada diariamente. Quanto às velas aromáticas, é um mercado que começámos recentemente a explorar e estamos a produzir cerca de 150 unidades por dia”.
Quantas velas produzem por dia?
Fazemos a contagem das velas religiosas ao quilo e produzimos cerca de uma tonelada diariamente. Quanto às velas aromáticas, é um mercado que começámos recentemente a explorar e estamos a produzir cerca de 150 unidades por dia.
Que novos produtos podemos esperar da Velas Condestável?
Vamos continuar a apostar em novos aromas para a nossa gama de velas aromáticas e queremos inovar com produtos complementares da nossa visão de um mundo sustentável.
Esperam crescer noutros segmentos?
Não podemos querer fazer tudo ao mesmo tempo. Portanto, atualmente, estamos focados no segmento da produção de velas religiosas para procissão e também na produção de velas aromáticas.
Sente, ao nível da gestão, alguma coisa a mudar no mercado das velas?
Sim, temos observado que nesta área de negócio há uma tendência para o desaparecimento progressivo de quem não se profissionaliza.
“Vamos trabalhar para ser o maior produtor de velas do país, apesar de existirem muitos segmentos de velas”.
Como vê a Fábrica de Velas Condestável daqui a 5 anos?
Vamos trabalhar para ser o maior produtor de velas do país, apesar de existirem muitos segmentos de velas. Queremos também ser a referência nacional na produção de velas de procissão e a referência de qualidade na produção de velas aromáticas.
Olhando para trás, o que mais se orgulha de ter feito? O que foi mais decisivo?
Além de decisiva, o que mais me orgulha é a evolução que tivemos a nível produtivo e organizacional com a mudança de instalações e profissionalização dos diversos procedimentos.
Que conselhos daria a um jovem empreendedor que quer apostar neste setor?
Muita comunicação com todos os stakeholders – existe muita informação e conhecimento disponível, mas é preciso procurar e perceber.
Respostas rápidas:
Maior risco: Trocar de emprego e de cidade.
Maior erro: O modo como fizemos dois investimentos.
Maior lição: Não vale a pena querer vender e não ganhar o dinheiro justo.
Maior conquista: Novas instalações da Fábrica de Velas Condestável.