Opinião
A ideia essencial

Por vezes esquecemos quanto para os nossos clientes é tão importante a ideia do que fazemos ser bastante clara. Se Nike é just do it, a Delta é portugalidade e a Nespresso sofisticação, a Zara moda rápida a preços acessíveis, a Volvo é segurança…E o que é a sua marca? Os seus clientes têm dela a mesma ideia que a sua equipa? É clara e imediatamente reconhecida? Mas…e se aplicarmos esta reflexão a “outra” marca. Ora vejamos.
O exercício é bastante simples de ser feito como diagnóstico. Pergunte-se aos elementos da sua equipa que escrevam numa folha de papel as três palavras-chave que definem a marca que trabalham e recolham-se as folhas em silêncio para ver o resultado. Se a coerência existe, ótimo. Se não, mãos ao trabalho nesse alinhamento…
Validar junto dos clientes, idem. Se a nuvem de palavras andar lá perto, boa. Se for na mouche, parabéns. Se estiver deslocada, ora de novo arregaçar as mangas…
Estamos a referir-nos ao diagnóstico.
Mas para a conceção as coisas são mais trabalhosas:
- Qual é o propósito da vossa marca?
- Que valores-chave defendem?
- Qual é o seu grande benefício para os clientes?
- O que a torna tão única quando comparada com as concorrentes?
- O que sustenta essa diferença e essa promessa?
- …
Poderíamos desenvolver bastante mais este ponto, mas para isso seria bem melhor reunirmos alguns dos bons profissionais de construção de marca que temos. O ponto que queria tocar, contudo, não é essencialmente este das marcas comerciais.
É, sim, das marcas pessoais.
Num momento de pós-pandemia são cada vez mais os estudos e notícias que dão conta da vontade de muitos profissionais trocarem de emprego, motivados pela reflexão feita nos meses de confinamento, pela maior flexibilidade que o teletrabalho ou modelo flexível proporcionam, etc. Os números divergem (51% aqui, 1 em cada 4 ali, …), mas o sinal e a tendência são sólidos, ainda que em pormenor e consoante as demografias o detalhe dos números não o seja tanto.
Como tal, diria que à semelhança do que deve ser feito para qualquer marca comercial, é também o momento de cada profissional refletir da mesma forma:
- Qual é sempre o meu propósito enquanto profissional?
- Que valores-chave defendo?
- Qual é o maior benefício com que contribuo para os clientes/equipas?
- O que me torna único quando comparado com outros?
- O que sustenta essa diferença?
- …
E sobretudo: numa, ou em duas ou em três palavras – como nos definimos de forma rápida, clara e poderosa. Tal qual começámos esta reflexão.
Tendo clara esta ideia, será a partir daí sempre mais natural cada passo que daremos. No que queremos fazer, em que queremos aprofundar conhecimento e fazer formação contínua, que desafios aceitar ou não aceitar, como nos compararmos de forma mais justa aos demais em volta, como nos apresentarmos e promovermos, até como calcular aquela que nos parece ser a remuneração justa – incidindo sobre a nossa ideia clara do que somos e queremos ser cada vez melhor, e não numa promessa difusa de várias coisas ou até numa ideia inverificada.
Com isto, resta-me desejar votos de sucesso profissional. Ele surgirá no médio ou longo prazo muito certamente.