Criou uma start-up milionária enquanto lutava contra um cancro

Conheça a história do fundador da Fiix, um rapaz de 24 anos que recusou trabalhos na Uber, no Facebook e no Medium para desenvolver a sua start-up. Tudo isto enquanto combatia um cancro.
Khallil Mangalji, 24 anos, cofundador e CTO (Chief of Technology Office/ Diretor Técnico) da Fiix é um exemplo para qualquer pessoa que tenha dificuldades em continuar a lutar pelos seus objetivos em tempos de adversidade.
Mangalji não só criou uma start-up que fechou há menos de uma semana uma ronda de investimentos no valor de 1,5 milhões de euros, como também esteve a combater um cancro enquanto desenvolvia e lançava o seu negócio.
Como tudo começou
Para além de Mangalji, a Fiix tem mais dois cofundadores, Zain Manji e Arif Bhanji, ambos antigos colegas universitários. Este trio costumava sonhar sobre a possibilidade de ganhar algum dinheiro através da criação de uma aplicação mobile enquanto acabava o curso de ciências computacionais. O grupo de amigos experimentou vários tipos de negócios. Um dos exemplos que Mangalji deu ao Business Insider foi a “Airbnb para casamentos”. Nenhuma das tentativas de negócio funcionou.
No entanto, um dia, um dos três amigos tinha de colocar pneus de neve no seu carro. Para sorte do trio todas as oficinas estavam cheias. Sorte porque foi daqui que nasceu a ideia milionária do trio, mas já lá vamos.
Com todas as oficinas cheias, viram-se obrigados a contratar alguém da Kijiji – uma plataforma de anúncios e de venda e compra de bens – que fosse a casa do cofundador trocar os pneus. A operação foi simples e quando o mecânico terminou o trabalho os três amigos tiveram a ideia de criar um serviço que desse acesso a este tipo de trabalhos.
Foi assim que nasceu a Fiix, inicialmente denominada de Tire Swap. O trio reuniu um grupo de mecânicos para construir uma app que seria enviada para casa das pessoas que precisassem de trocar pneus e, no final de uma semana, os três jovens perceberam que havia um mercado para o serviço que tinham acabado de criar. Nos primeiros dias de existência, a start-up conseguiu 80 clientes. No final de um mês, Mangalji diz ter servido centenas de pessoas.
Passado pouco tempo, os clientes começaram a perguntar aos mecânicos se conseguiam fazer mais algumas reparações no carro, para além de trocar os pneus. Foi assim que a Tire Swap se tornou na Fiix.
Neste momento, a Fiix já fez mais de quatro mil reparações e está a caminho de ultrapassar a barreira de um milhão de euros em receitas, só este ano.
Depois do curso
Durante o curso Mangalji estagiou em várias empresas conceituadas como a Apple e o Facebook. Depois de terminar, o cofundador da Fiix teve ofertas de trabalho por parte de empresas como o Facebook, o Medium e a Uber.
Segundo Mangalji, um amigo aconselhou-o a não aceitar nenhuma das ofertas para poder trabalhar a tempo inteiro na Fiix. Ignorando o conselho do amigo, Mangalji acabou por aceitar a oferta da Uber.
Mas, antes de começar a trabalhar para a Uber, em maio do ano passado, Justin Kan – cofundador da plataforma de livestreaming que vale perto de 3 mil milhões de euros, a Twitch.tv – anunciou através do Snapchat que estava a aceitar pitchs para uma parceria com a Y Combinator (YC), uma das maiores aceleradoras do mundo. Os três cofundadores da Fiix decidiram enviar o seu pitch, pouco convencidos de que poderiam vir a ganhar.
Os seguidores do Kan, que estavam a seguir e a votar nos pitchs, elegeram a Fiix como a melhor entre os participantes. Este feito garantiu-lhes um lugar na aceleradora.
No dia seguinte, o trio estava na California e Mangalji já se tinha despedido do trabalho da Uber. Desta experiência na YC, os cofundadores da Fiix arrecadaram 20 mil dólares (≈17 mil euros) e créditos para utilizarem em serviços web da Amazon.
Cancro
A Fiix estava de vento em popa quando Mangalji descobriu que tinha cancro. A notícia foi recebida com a atitude de que “vou ser capaz de fazer isto. Como cofundador, precisas de ser forte psicologicamente. Pensei, se tens um problema, desde que sintas que o consegues superar e que essa persistência nunca mude, vais conseguir”, contou ao Business Insider.
O que Mangalji não esperava é que os tratamentos o deixassem tão debilitado. “Tudo se começa a deteriorar. Começas por perder mais do que a energia e força. A parte mais complicada é perdermos a nossa liberdade mental. Os meus pensamentos começaram a entrar em ‘loop’”, acrescentou Mangalji.
Durante os tratamentos, que duraram três meses, Mangalji teve momentos em que não conseguia comer e raramente se levantava da cama. Trabalhar na Fiix era uma tarefa praticamente impossível. Os seus dois colegas e amigos transportavam-no aos ombros e faziam horas extra para assegurarem o trabalho dele.
Boas e más notícias
Entretanto os tratamentos acabaram e a Fiix foi aceite para um programa completo na YC. Os três cofundadores mudaram-se para a Califórnia e começaram a trabalhar mais arduamente na start-up.
Infelizmente o cancro voltou. Nesse mesmo dia, Mangalji gravou um vídeo em que referia que não estava muito preocupado com o regresso da doença, sendo “apenas mais um obstáculo que tinha de ser ultrapassado”.
Atualmente, as células cancerígenas presentes no corpo de Mangalji estão a regredir e a Fiix está a pensar em expandir o seu mercado para outras cidades.
“Houve tempos em que não conseguia comer o suficiente ou levantar-me. Em que não tinha a liberdade para trabalhar na Fiix. Mas em tempos como agora, em que consigo trabalhar na Fiix, é um luxo”.