Construir uma start-up é como fazer uma maratona em sprint

Nicky Jackson, Founder and CEO da RangeMe, partilha as suas quatro estratégias para lidar com o cansaço, evitar entrar em burnout e não arruinar o seu sonho empreendedor

Estar na liderança de uma start-up pode ser o equivalente a correr uma maratona em sprint: tem de estar sempre a correr até ao próximo marcador e depois o próximo e o próximo… Não há margem para abrandar. Mas ao contrário de uma maratona real que tem quilómetros pré-definidos, a da start-up nunca acaba. Mesmo que o corpo e a cabeça acusem o esforço tem de continuar. Mesmo que o universo conspire contra si, tem de dizer a si próprio que consegue, que é capaz de levar o projeto adiante. É importante definir estratégias para lidar com o cansaço para que este não o consuma a si nem ao seu projeto. Nicky Jackson, Founder and CEO da RangeMe, partilha as suas quatro estratégias para lidar com a situação.

Gerir uma start-up é muitas vezes sinónimo de esgotamento. É visto como uma fraqueza, como algo a ser evitado. Mas o que raramente é referido é que o esgotamento, em algumas das suas formas, é algo inevitável. Nicky Jackson experienciou esta realidade no primeiro ano em que mudou para o RangeMe: foi de Sydney, Austrália, para São Francisco, nos Estados Unidos. Uma vez por semana, atravessava os Estados Unidos para conquistar novos clientes de retalho que poderiam mudar o negócio de um dia para o outro. Simultaneamente, tentava contratar uma equipa e aumentar o capital para uma start-up que, por si só, já exigia muita dedicação. Além disso, continuava a ser mulher, mãe de duas crianças reais e de uma terceira, a empresa.

A RangeMe, diz Nicky Jackson, é a sua terceira criança, que lhe proporciona as mesmas emoções que as suas crianças de “carne e osso”. Além disso, toda a sua vida estava envolvida naquele projeto empresarial, inclusive o marido era o cofundador da empresa .

Hoje, olhando para trás, Nicky Jackson não sabe como conseguiu, mental e fisicamente, passar pelo primeiro ano. Mais do que uma vez, pensou desistir. Desistir daquela corrida e do seu sonho. Mas sobreviveu para contar a história e provar que tudo é possível: que se pode fazer uma maratona em sprint. “Estou aqui para vos dizer que vão ouvir 99 “nãos” e um “sim”,  mas que só esse sim que conta. É o que vos vai fazer continuar”, conta a empreendedora ao site Entrepreneur.

Confirma que o esgotamento é real, mas aconselha todos os empreendedores a não se deixarem consumir por ele. “Ter uma atitude positiva é tudo”, assegura. Hoje está bem integrada nos Estados Unidos e a sua “criança” RangeMe continua a crescer e a assumir novas oportunidades. O ritmo de vida acelerado do início abrandou mas, alerta, ainda assim há que ter consciência de que mesmo quando tudo se torna mais fácil, o ritmo acelerado do início pode levar a um esgotamento. Reconheça que essa pode ser uma realidade e tenha quatro coisas em mente se isso acontecer:

Sair enquanto pode
Não da start-up, mas do escritório: ir correr, ir beber um copo com um amigo, especialmente alguém que não esteja envolvido no mundo dos negócios. Ter alguém com quem respirar é a melhor terapia: falar dos altos e baixos da vida de uma start-up enquanto se faz uma caminhada.

Não é a CNN
Ao contrário de um canal noticioso de 24h, você pode, e deve, desligar a sua acessibilidade. Múltiplos canais de comunicação são úteis, mas também podem contribuir para o esgotamento quando perde muito tempo a geri-los. Podem até torna-lo menos produtivo. Assuma o controlo e defina horas específicas para verificar as chamadas e as mensagens. Depois prossiga todas as outras tarefas.

Você não é uma máquina
Pare de responder imediatamente às pessoas e aos seus pedidos. Não há mal nenhum em demorar mais tempo a responder. Aliás, provavelmente até é melhor fazê-lo, uma vez que contribui para respostas mais refletidas e obriga-o a pensar: Será que consigo suportar este pedido? Vai ajudar-me a correr esta maratona? Ou vai atrapalhar-me?

Deixe ir
Nicky Jackson volta ao passado e recorda os 12 primeiros meses nos Estados Unidos: a voar pelo país, a criar os filhos e a contratar uma equipa, tudo ao mesmo tempo. Mas contratou aquela equipa, e não outra, por uma razão: eram os melhores. Contratou-os para fazerem as coisas que ela não conseguia fazer e para ter tempo de fazer as coisas que conseguia fazer.

Gerir uma start-up é uma experiência desgastante mas também muito compensadora. Para quem está a pensar entrar neste mundo, deixa uma sugestão: sejam verdadeiros com vocês próprios. Reconheçam que escolheram um percurso desafiante e que não há mal em falhar, desde que aprenda e avance.Terá um esgotamento e não há mal nenhum nisso. O que faz depois do esgotamento é o que realmente importa, assegura.

Comentários

Artigos Relacionados