Opinião
Competitividade Digital: não basta saber correr!

Há dias, saiu a atualização do Ranking da Competitividade Digital, realizado pelo World Competitiveness Center, da reconhecida escola de gestão suíça IMD, tendo tido destaque também aqui na Link To Leaders.
Deste ranking verifica-se que Portugal desce de 34.º para 37.º. Destaque nas variáveis (agilidade, visão, uso de tecnologias analíticas, cibersegurança e parcerias) que suportam o parâmetro ‘Preparação para o Futuro’ onde a queda é mais acentuada – do 34.º para o 41.º.
Será isto surpreendente? Obviamente que não.
Será que não fizemos nada na evolução digital dos últimos dias? Claro que fizemos.
Então, porque é que piorámos no ranking? A razão é simples: porque não basta saber correr, é necessário correr mais ainda, do que hoje fazemos, e saber correr melhor.
A evolução digital não é uma corrida de 100m. Acredito que já todos os gestores empresariais ou gestores públicos tenham entendido que não basta colocar um portal online, com uns formulários disponíveis, para assegurar interações com os clientes e cidadãos e tudo isso ser considerado transformação digital finalizada.
Estamos perante um fenómeno muito mais profundo. Estamos numa competição que é um campeonato interminável de maratonas, sendo fundamental entender que sem estratégia, sobre o que se quer alcançar digitalmente, e planeamento prático, de como realizar essa transformação efetivamente, nem sairemos da linha de partida. Sem isto, continuaremos felizes porque ganhamos os primeiros 100m, mas quando olharmos para o lado, percebemos que os adversários afinal continuaram a corrida e de uma forma muito mais rápida..
Nesta era da transformação digital, correr “apenas” já não é suficiente. Correr “apenas” serve para continuarmos no “mesmo sítio”. Isto é, apenas estamos a ser eficazes, garantindo que a empresa entrega os seus produtos ou serviços. Contudo, ficando no “mesmo sítio” perdemos competitividade, e com o tempo perdemos a eficácia e pior…deixamos para trás qualquer eficiência alguma vez conquistada.
O importante é saber correr mais e melhor. Mais para sermos mais eficazes com a criação de novos modelos de negócio. Melhor para sermos mais eficientes e com isso garantir o menor esforço/custo dos processos e satisfação de todos os stakeholders da organização.
Conclusão, uma maratona é uma prova de resistência física e mental, como muitos altos e baixos, mas com um fim determinado. Quem já fez estas provas sabe que assim é e requer muita mudança de hábitos (treinos constantes). Uma transformação empresarial…são muitas maratonas. São muitas alterações culturais e organizacionais nas empresas, ultrapassando resistências.
“A única coisa que não muda é a mudança” – Heráclito de Éfeso (540 a.C. – 475 a.C.)