Opinião

Gestão da educação em Portugal – Novas perspetivas e desafios práticos: educação inclusiva

Lurdes Neves, investigadora e docente no ISG*

A garantia de que todos os alunos têm direito a uma educação de qualidade, que respeite a sua individualidade, naturalmente diversa, convoca-nos para uma reflexão sobre o que tal desígnio implica em vários domínios.

Designadamente ao nível da organização das escolas, dos espaços e dos ambientes de aprendizagem, da gestão do currículo e das competências a desenvolver, das finalidades da avaliação das aprendizagens, da natureza e da forma de trabalhar entre docentes e entre estes e outros técnicos especializados da escola, da gestão dos recursos técnicos e humanos, dos atores internos e externos que carecem de ser mobilizados e das vozes que é necessário ouvir e compreender.

Precisamos, aos mais variados níveis da intervenção educativa, de nos questionarmos sobre o quadro mental e de valores que nos rege e sobre as nossas práticas, no sentido de procurar garantir que toda e qualquer opção que façamos cumpre o desígnio de uma educação que garanta a inclusão de todos e de cada um e a equidade no acesso às aprendizagens, ao desenvolvimento máximo das potencialidades e das expetativas de cada ser humano e à criação de condições que garantam uma participação ativa na sociedade de todos os cidadãos.

A ética e o conhecimento são fundamentais para iluminar este caminho coletivo que a todos deve comprometer no sentido de construirmos uma sociedade mais solidária, coesa e justa. Por isso, estamos aqui para concluir um caminho coletivo de aprendizagens que representa todos estes valores, todos estes desafios e sobretudo o amor por tudo o que fazemos diariamente como professores.

Digital – para a melhoria de uma nova realidade tecnológica da digitalização, automação e outras transformações ainda desconhecidas;

Verde – para a melhoria da dimensão ecológica, ambiental e sustentável;

Liderança educativa – para a melhoria de um novo paradigma de sistema educativo, baseado numa liderança participada, centrada na criatividade, comunicação e saber pensar[1].

É preciso um novo contrato social para a educação, que possa reparar as injustiças enquanto transforma o futuro[2], contrato este que deve promover uma pedagogia organizada nos princípios da cooperação, colaboração e solidariedade e que deve ser projetada para uma escola fora dos muros da mesma, uma sala de aula “sem paredes”, privilegiando metodologias ativas e inovadoras.

[1] in Estado da Educação 2020 – Edição 2021 (pág. 265)
[2] in Reimaginar nossos futuros juntos: um novo contrato social para a educação. – Brasília: Comissão Internacional sobre os Futuros da Educação, UNESCO; Boadilla del Monte: Fundación SM, 2022.

*Presidente do Conselho Geral, investigadora e docente do ISG – Instituto Superior de Gestão.


Lurdes Neves realizou o Doutoramento em Psicologia, com especialização em Psicologia da Educação. Áreas de Especialização em Psicologia da Educação, Psicologia das Organizações, Orientação Vocacional e do Desenvolvimento da Carreira e Coaching Psicológico. Foi Coordenadora de Gabinetes de Apoio ao Docente em Agrupamentos de Escolas. Especialista em formação nas áreas de Liderança, Avaliação de Desempenho, Gestão de Trabalho em Equipa, Gestão de Conflitos, Formação Pedagógica Inicial e Contínua de Formadores, Diagnóstico, Conceção, Avaliação e Gestão da Formação, Motivação, Liderança de Equipas e Coaching  com públicos diversificados do setor público e privado.

Consultora especializada em Agrupamentos de Escola, Gestão de Recursos Humanos, Projetos de Liderança Educativa, seleção e recrutamento para o desenvolvimento da liderança estratégica, implementação do projeto de Autonomia e Flexibilidade Curricular, coaching educativo e diferenciação pedagógica em sala de aula. Foi investigadora no Centro de Psicologia da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto. Autora de escalas de perceção de liderança e motivação no trabalho adaptadas a Portugal e de diversas comunicações e publicações nacionais e internacionais na área da liderança, coaching, mudança organizacional, educação e formação profissional.

Comentários

Artigos Relacionados

Sérgio Ribeiro, CEO e cofundador da Planetiers