Opinião
Como uma start-up de faculdade se tornou numa multinacional
Em 2018, a PHC Software atraiu mais de 1500 novos clientes, aumentou o negócio internacional em mais de 38% e continuou a crescer em território nacional. A poucos dias de celebrar o seu 30.º aniversário, falámos com Ricardo Parreira que gere a empresa desde os 20 anos.
Ricardo Parreira fundou a PHC Software em 1989, quando tinha apenas 20 anos, juntamente com dois colegas da universidade, com um capital de 500 euros. Passados 30 anos (comemorados no próximo mês de junho), a PHC Software é hoje uma das maiores empresas de software de gestão.
Com três décadas de experiência, Ricardo Parreira é o exemplo do “gestor moderno”: impulsionou a realização de aulas de motivação pessoal e iniciação às práticas da meditação aos colaboradores da PHC, visando ajudá-los na gestão de tempo e do stress, e é um orador nato para grandes audiências e em eventos de gestão de Recursos Humanos, tendo inspirado na PHC o conceito de “My Happiness” – a Felicidade na empresa para todos os PHCs.
Prémios também não faltam no currículo da empresa. Foi distinguida com o Selo de Recomendação Solução CRM, pela revista Byte TI em 2018; foi Parceiro Aplauso, em 2018 e 2019, uma distinção atribuída pelo Millennium bcp; conquistou o prémio Excelência RH em Grandes Empresas nos Prémios RH 2018; foi considerada Empresa Feliz, da Happiness Works, em 2018; ficou em 7.º lugar como Melhor Empresa para Trabalhar, nos Prémios Melhores Empresas para Trabalhar de 2018; e ganhou o troféu de Melhor Software de Gestão nos Prémios Leitor PC Guia 2018.
Mas promete não ficar por aqui: quer continuar a expansão da PHC Software por todo o mundo e criar o melhor local para trabalhar em Portugal.
A PHC Software assinala este ano o seu 30.º aniversário. Qual o balanço que faz destes anos?
Tem sido um caminho incrível de crescimento, inovação e reconhecimento, que fez com que uma start-up de faculdade se tornasse hoje numa multinacional com mais de 33 mil clientes, em 25 países. Temos um grande orgulho nestes 30 anos, mas o nosso foco é no futuro. Queremos continuar a levar às empresas soluções que resolvam os seus problemas de gestão, queremos construir o melhor lugar para trabalhar em Portugal e continuar a levar o software português para todo o mundo.
O que mais mudou no mercado?
Se olharmos para a evolução do mercado ao longo de 30 anos, percebemos que existem três pontos cruciais, que são desafiantes e forçam a que sejamos melhores. Primeiro, a consciência que os gestores portugueses têm sobre a necessidade de gerir com tecnologia tem-se tornado relevante. Sabe-se que não é possível gerir uma empresa sem as melhorias de desempenho e rapidez que o software de gestão permite. Depois, os ganhos de produtividade na área financeira e de faturação atingiram o grau de maturidade, fazendo com que novas áreas emergissem e espalhassem a tecnologia para todas as áreas das empresas.
Neste aspeto temos a workplace produtividy, a customer experience e também a inteligência coletiva como áreas de grande potencial, que quando integradas no software de gestão trazem ganhos substantivos de performance. Por fim, a luta pelo talento cada vez mais forte e global, que obriga a que tenhamos de competir, não só no produto, mas também com os maiores players ao nível do recrutamento.
“Enquanto nós estamos focados no desenvolvimento das soluções mais inovadoras para a gestão das empresas, os nossos parceiros comercializam, implementam e dão suporte sobre o software”.
Quais as lições aprendidas ao longo destas três décadas?
Uma das nossas maiores lições é que o foco é um dos segredos do sucesso. Concentramos os nossos esforços nas áreas vitais em que somos realmente diferenciadores e que nos permitem acrescentar valor. Um exemplo disso é o desenvolvimento da nossa rede de mais de 400 Parceiros PHC; enquanto nós estamos focados no desenvolvimento das soluções mais inovadoras para a gestão das empresas, os nossos parceiros comercializam, implementam e dão suporte sobre o software. Mas o foco é tão importante que temos inclusivamente formação interna para todos os colaboradores, onde ensinamos as técnicas que podemos usar para estarmos focados e aumentarmos o nosso potencial.
“Queremos continuar a expansão da PHC por todo o mundo, consolidando a nossa base na América Latina e continuando a desenvolver os outros mercados onde estamos presentes”.
Quais os principais objetivos da empresa atualmente?
Primeiro, queremos continuar a inovar no nosso produto e a permitir que a gestão das empresas esteja capaz de responder aos desafios modernos da gestão, que são muitos e em aceleração constante. Depois, queremos continuar a expansão da PHC por todo o mundo, consolidando a nossa base na América Latina e continuando a desenvolver os outros mercados onde estamos presentes. Por fim, estamos empenhados em criar o melhor local para trabalhar em Portugal, tendo este ano já anunciado a criação de novas instalações, que serão uma referência europeia e redefinirão o conceito de local de trabalho.
Têm batido recorde de vendas nos últimos anos. O que tem contribuído para o sucesso da PHC Software?
O reconhecimento no mercado de que o Software PHC é um produto inovador e que permite às empresas acelerar o seu negócio tem sido, claramente, o fator crucial de sucesso. Mas tudo isso é apenas possível porque temos uma empresa com índices de felicidade elevados, com bom ambiente e com uma filosofia de inovação constante. Costumo dizer que a felicidade é lucrativa e neste caso tem sido um dos pilares que nos permite trazer ao mercado produtos cada vez melhores.
Que soluções apresenta a PHC Software às empresas?
O nosso software é um ERP de nova geração, ou seja, um sistema nervoso digital de uma empresa para a gestão moderna. Temos soluções de gestão para vários setores e tipos de empresas, desde a microempresa até a organizações de maior dimensão. Todas têm necessidades de gestão que são resolvidas com software e o que proporcionamos é software que permite gerir melhor a empresa, desde áreas como faturação, logística ou vendas, até à gestão de equipas, colaboração interna ou cumprimento do RGPD.
“Quem compra PHC é normalmente um gestor consciente das suas necessidades de gestão e procura um produto que lhes dê resposta. Muito do software no mercado é standard ou com pouca margem de adaptação, mas o nosso é pensado para se adaptar às necessidades de gestão das empresas e não o contrário”.
O que distingue a PHC da vossa concorrência?
Quem compra PHC é normalmente um gestor consciente das suas necessidades de gestão e procura um produto que lhes dê resposta. Muito do software no mercado é standard ou com pouca margem de adaptação, mas o nosso é pensado para se adaptar às necessidades de gestão das empresas e não o contrário. Tem a flexibilidade suficiente para que o cliente possua uma solução personalizada. Para além disto, quem compra PHC quer também a garantia que a nossa experiência e marca lhe dá, sabendo que vamos continuar a inovar o produto e a responder às alterações legais que vão surgindo, como é o caso da faturação eletrónica ou do RGPD. Além disso a nossa rede de parceiros dá um apoio de proximidade muito importante para acompanhar cada cliente como um caso específico.
A internacionalização é também uma das apostas da empresa. Quais os mercados mais significativos?
A PHC tem clientes em 25 países, mas os mercados mais significativos são onde temos escritórios, nomeadamente Portugal, Espanha, Moçambique, Angola e Peru. Neste momento, estamos focados em continuar o crescimento nestes mercados e em consolidar o mercado do Peru que será a nossa base na América Latina para uma futura expansão para outros países nessa região.
Deparamo-nos com uma enorme competitividade na atração e retenção de talentos no setor das TI. Qual tem sido o segredo da PHC nesta questão?
Somos uma empresa de pessoas e com uma aposta forte na felicidade e na liderança. Queremos que as pessoas se sintam bem no local de trabalho, que sejam desafiadas no dia a dia e que tenham oportunidade de crescer profissionalmente. A nossa aposta na liderança, na formação e numa cultura em que as pessoas se sentem verdadeiramente identificadas com a empresa, tem sido chave para que muita gente procure efetivamente trabalhar na PHC.
“O software está em tudo nas nossas vidas e vamos precisar cada vez mais de pessoas com as competências necessárias nesta área – não só as empresas de TI, mas toda a sociedade”.
Quais os grandes desafios que enfrentam hoje em dia as empresas de TI?
A falta de programadores é claramente o maior desafio laboral do setor, já que hoje a procura é maior do que a oferta. O software está em tudo nas nossas vidas e vamos precisar cada vez mais de pessoas com as competências necessárias nesta área – não só as empresas de TI, mas toda a sociedade.
Com que volumes de negócio e faturação encerraram 2018? Quanto preveem faturar este ano?
Não temos por política revelar as nossas projeções, mas queremos continuar a rota de crescimento e de reconhecimento público de que a PHC é uma empresa com um produto inovador e um lugar espetacular para trabalhar.
“Teremos mais novidades ao longo deste ano, mas para já acabámos de lançar uma nova versão do nosso software de gestão, que traz mais de 50 novidades”.
Que projetos têm em carteira para este ano?
Teremos mais novidades ao longo deste ano, mas para já acabámos de lançar uma nova versão do nosso software de gestão, que traz mais de 50 novidades. Por exemplo, temos agora uma aplicação de notificações para o telemóvel, permitindo a um gestor receber na palma da mão os avisos sobre o seu negócio, podendo no momento tomar decisões sobre vendas, despesas ou outro tipo de atividades. O impacto na produtividade é enorme. Esta versão também dá resposta às novidades da faturação eletrónica, tem muitas melhorias gráficas e de usabilidade. Estamos também continuamente a melhorar nossa solução de gestão na cloud, chamada Drive FX.
Como perspetiva 2020?
Será mais um ano de continuação do nosso percurso de crescimento e afirmação como a referência portuguesa de software de gestão.
Como imagina a PHC Software daqui a cinco anos?
Como a referência de melhor local para se trabalhar em Portugal.
Respostas rápidas:
O maior risco: Foi um risco controlado, mas foi sem dúvida termos tomado a decisão de passar o software de DOS para Windows.
O maior erro: Termos iniciado a atividade em Espanha na cidade de Sevilha. Rapidamente percebemos que teríamos de ir para Madrid. E foi o que fizemos.
A maior lição: O foco é o segredo do sucesso
A maior conquista: A PHC ser uma empresa em crescimento, lucrativa, com um ambiente ótimo e produtos que fazem a diferença em mais de 33 mil empresas.