Como a inteligência artificial pode prevenir o cancro da mama. Investigadores do MIT explicam.

Investigadores do MIT desenvolveram algoritmos que podem prever a doença com base em imagens. O novo método está a ser implementado no Massachusetts General Hospital, nos EUA, e estão a ser realizados estudos clínicos prospetivos da tecnologia.

Segundo a Organização Mundial da Saúde, 2,3 milhões de mulheres foram diagnosticadas com cancro de mama em 2020. Para Denis Lacombe, CEO da Organização Europeia de Investigação e Tratamento do Cancro (EORTC, na sigla em inglês) a luta contra o cancro precisa do apoio da big data. “O cancro é complexo. Não só pode surgir em mais de 200 doenças distintas, mas também pode se manifestar de forma diferente em cada pessoa e estágio”, diz, citado pela Forbes.

Lacombe defende que a big data e a inteligência artificial podem transformar a forma como lidamos com o cancro, reduzindo a incerteza e personalizando o tratamento. “Encontrar o tratamento mais adequado para uma pessoa exige precisão na investigação. Os estudos clínicos precisam de trazer evidências robustas em todos esses conjuntos de dados para mudar a prática”, afirma.

Ainda de acordo com o especialista, “a doença, como muitos outros cancros, é extremamente diversa, com vários tipos de tumor. A colaboração entre a experiência humana e os algoritmos é vital para ajudar a acelerar os cuidados, com novas terapias, tratamentos ​​e melhores resultados para os pacientes.”

Investigadores da Clínica Jameel, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), têm trabalhado num modelo baseado em mamografias para ajudar a prever precocemente o cancro de mama. Denominado de Mirai, o sistema usa um algoritmo de inteligência artificial que analisa imagens de radiologia.

Os pesquisadores avançam que o modelo Mirai é significativamente mais preciso do que os métodos anteriores e pode identificar grupos de alto risco em todos os três conjuntos de dados. A pesquisa publicada na Science Translational Medicine revela que o sistema Mirai identificou quase duas vezes mais diagnósticos futuros de cancro do que o modelo Tyrer-Cuzick, o padrão atual.

No estudo, o modelo Mirai foi mais preciso em pacientes de várias faixas etárias, categorias de densidade mamária e grupos raciais, frequentemente prejudicados por algoritmos de aprendizagem de máquina.

Adam Yala, da Clínica Jameel, explicou que o panorama geral para os pacientes com o modelo Mirai são os melhores. “O nosso objetivo é detetar todos os tipos de cancro o mais cedo possível, quando for mais curável e exigir o tratamento menos agressivo”, frisou.

Ao contrário da maioria dos modelos de inteligência artificial para o cancro de mama, o Mirai foi projetado para prever se e quando um paciente desenvolverá cancro nos próximos cinco anos.

“O sistema pode prever o cancro no futuro, permitindo personalizar a monitorização do paciente. Para o médio e longo prazo, estou animado com o potencial do Mirai em recomendar pacientes para exames complementares, como uma ressonância magnética, que pode identificar cancros não visíveis numa mamografia”, acrescentou Yala.

O Mirai está a ser implementado no Massachusetts General Hospital e os pesquisadores estão a trabalhar nos estudos clínicos prospetivos da tecnologia.

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