Common Cents Lab ajuda start-ups e entidades governamentais a melhorar a vida financeira

Wendy de La Rosa fundou o Common Cents Labs para desenvolver pesquisas e parcerias apoiadas em conceitos da economia comportamental. Objetivo? Ajudar os empreendedores e as pessoas, no geral, a tomarem as melhores decisões financeiras.
Wendy de La Rosa começou a pensar em dinheiro muito cedo. A jovem e a família emigraram da República Dominicana para os Estados Unidos quando esta tinha apenas nove anos. Na casa da avó, onde vivia, eram constantes perguntas como: “onde podemos conseguir mais dinheiro?”.
Hoje, aos 29 anos, Wendy de La Rosa justifica o seu interesse pelas finanças com a sua vivência. A jovem formou-se na área e fez um doutoramento em comportamento do consumidor na Universidade de Stanford. Há quatro anos fundou o Common Cents Lab. O laboratório sem fins lucrativos ajuda start-ups, fintechs e entidades governamentais a melhorar a vida financeira das pessoas.
“Costumamos pensar que temos que educar e ensinar as pessoas com mais dificuldades a gerir as próprias finanças”, diz a empreendedora em entrevista à PEGN. “Não é uma questão de educação. É uma questão de criar um ambiente que suporte as boas decisões”, acrescentou.
O objetivo do Common Cents Lab é justamente esse. Em parceria com os empreendedores, desenvolve investigações e ações que ajudam a entender e a gerir melhor as decisões financeiras.
O Digit, uma app que acompanha os gastos dos utilizadores, é disso exemplo. Esta app analisou dois grupos de utilizadores, nomeadamente a percentagem de restituição do imposto de rendimento que cada um gostaria de guardar. O ponto-chave foi a diferença de timing em que lhes foi colocada a questão: antes ou depois de o reembolso ser depositado.
O grupo que respondeu depois optou por economizar em média 17% do valor. Entre os que responderam antes, a média de economia foi de 27%.
Até hoje, os projetos do Common Cents Lab já envolveram mais de 20 start-ups. Os negócios são selecionados a partir de um processo de inscrições anual.
Wendy relembra que as pesquisas nestes campos não são recentes. Na verdade, têm sido usadas por empresas com o intuito oposto. “Todos os dias, as pessoas veem milhares de anúncios. As empresas estão a ficar mais rápidas, inteligentes e eficientes nessa área”, diz. “Isso continuará a existir. Por isso, queremos usar a ciência para ajudar as pessoas a protegerem-se”, acrescenta.
Três dicas que vão melhorar a suas finanças, segundo Wendy de la Rosa
1. Guarde o dinheiro assim que receber o pagamento. “Essa é a ação mais importante que pode fazer para aumentar as suas economias. A poupança não deve ser o que sobrar no fim do mês, porque ficamos tentados a gastar ao longo dele. Vamos viver com o que sobra e não guardar o que sobra”, frisa a investigadora.
2. Diminua as despesas. “Pense numa despesa que realmente odeia – comer fora, por exemplo. Não é suficiente dizer apenas ‘eu vou reduzir este gasto’ ou ‘eu vou definir um orçamento’, porque sabemos que estouramos o nosso orçamento a toda a hora. Precisamos de criar um ambiente que nos force a praticar”.
Uma opção possível é usar um cartão de débito que só tenha um determinado saldo, por exemplo. A estratégia também pode passar por determinar um número máximo de vezes em que vai ter aquela despesa durante a semana.
3. Defina um prazo para tomar decisões financeiras complexas. “Trocar de casa ou mudar o valor que paga do arrendamento é muito difícil e não pode ser feito de um dia para o outro. Tendemos a evitar sempre conversas difíceis, em especial com quem nos importamos. Por isso, escolha uma data no calendário para se forçar a ter essa conversa.