CITE divulga estudo sobre estereótipos de género nas escolhas profissionais

Os estereótipos de género nas escolhas profissionais são o tema do estudo promovido pela Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego.

“As profissões não têm género”. Este é o mote do estudo sobre os estereótipos de género nas escolhas profissionais, um trabalho de investigação promovido pela Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego (CITE), no âmbito por Projeto Igual Pro, divulgado hoje, na Universidade de Coimbra.

Combater a segregação sexual nas escolhas educativas e vocacionais de raparigas e rapazes em Portugal e os seus efeitos nas escolhas profissionais futuras é o objetivo do projeto. Para o efeito, o estudo identifica e desconstrói estereótipos de género associados às diferentes áreas de estudo e respetivas profissões, com especial ênfase nas de formação em que se verifica uma segregação notória entre raparigas e rapazes.

Realizado em parceria com o Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra (CES) e com a Associação para o Planeamento da Família (APF), o estudo foi realizado entre maio de 2021 e dezembro de 2022, com a finalidade de identificar estereótipos associados às escolhas profissionais dos jovens que frequentam os cursos profissionais dos Centros de Formação dos parceiros do projeto.

Entre as várias conclusões do estudo, e no que diz respeito às motivações de escolha da formação profissional dos formandos, os formadores consideram que estas estão mais ligadas às questões socioeconómicas, apresentando uma visão mais macro. Por outro lado, os formandos referem que a mesma tem por base a vocação de cada pessoa, isto é, uma visão mais micro.

Já no que concerne ao impacto da educação nos estereótipos de género, os formandos reconhecem o contexto social e cultural, a um nível global (contexto macro), como contributo para a existência e manutenção de estereótipos de género. Já os formadores atribuem grande importância à educação recebida, a um nível mais individual (contexto micro, como, por exemplo, através da família, dos grupos de pares, etc.).

Os formandos reconhecem diferenças biológicas entre homens e mulheres, no entanto não as consideram determinantes para a escolha da formação profissional, enfatizando, em detrimento destas, dimensões como a disponibilidade para aprender. Por sua vez, os formadores adotam uma perspetiva mais determinista, referindo a robustez física como um elemento diferenciador.

Tanto os formandos como formadores dos Centros de Formação dos parceiros do projeto referem a existência de estereótipos de género que influenciam, quer a escolha das áreas de formação profissional, quer as vivências no local de trabalho. Não obstante, enquanto as pessoas formadoras o referem numa ótica de constatação da realidade, os formandos focam o seu discurso nos esforços que podem ser feitos para promover a mudança social, referindo disponibilidade e vontade em mostrar, através do exercício da sua pratica profssional que são igualmente capazes, independentemente do seu sexo.

Na vertente da conciliação da vida profissional, familiar e pessoal, as perspetivas convergem entre os formandos e os formadores. Estes últimos referem a dicotomia entre a igualdade de oportunidades na formação profissional e a igualdade de género que não se verifica no mercado de trabalho.

O estudo “As profissões não têm género” avança algumas recomendações entre as quais o investimento em ações de sensibilização, formação e aplicação prática no dia a dia das questões da igualdade de género, no sentido de facilitar a integração destes princípios-chave de igualdade de género e cidadania desde infância.

Além disso, importa desenvolver ações de formação sobre igualdade de género que promovam uma visão abrangente da igualdade e a alteração de atitudes e comportamentos, por forma a parar a transmissão intra e inter geracional sem estereótipos de género, assim como utilizar uma linguagem inclusiva e neutra, de forma transversal, em todos os currículos do ensino profissional. Recomenda ainda desenvolver investigação no que diz respeito à igualdade de oportunidades entre mulheres e homens ao nível da formação profissional, no acesso ao mercado de trabalho e na progressão na carreira, nomeadamente promovendo a reflexão sobre o efeito da precariedade ao nível dos contratos de trabalho e condições de trabalho entre homens e mulheres.

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