Cadeias de restaurantes investem cada vez mais em start-ups de tecnologia

A restauração sempre esteve atrás na corrida “tecnológica”, em comparação com outras áreas do retalho. No entanto, a pandemia veio mudar este cenário e as grandes cadeias investem agora – e cada vez mais – em start-ups que aportam inovação aos seus negócios. Conheça as mais recentes aquisições.

A pandemia de Covid-19 veio mudar as prioridades de todos os setores económicos. De acordo com a Forbes, é expectável que as vendas digitais representem mais de metade dos negócios de serviços limitados até 2025, o que representa um aumento de 70% em relação às estimativas anteriores à pandemia.

Tendo em conta este cenário, as empresas da área da restauração estão agora a lutar para atualizar os seus métodos de atuação, estabelecendo parcerias e adquirindoe mpresas e start-ups de inovação.

Por exemplo, a Yum Brands – a gigante global dona da KFC, Pizza Hut, Taco Bell e The Habit Burger – adquiriu duas empresas de tecnologia: a Kvantum, que usa inteligência artificial para otimizar as suas estratégias de marketing, e a Tictuk Technologies, que permite aos clientes pedir comida através meio das redes sociais e canais de mensagens.

Também a famosa cadeia de fast food norte-americana Chipotle, que tem mais de 1700 restaurantes espalhados pelo mundo, anunciou um investimento na empresa de condução autónoma Nuro no final de março, e a Inspire Brands, empresa que gere a Dunkin ’, Arby’s e Sonic, investiu na ItsaCheckmate em setembro passado para integrar várias plataformas de pedidos online nos seus sistemas de ponto de venda.

Estas parcerias e aquisições fornecem uma vantagem competitiva, tendo em conta a mudança de comportamento do consumidor resultante da pandemia.

Para a Chipotle, esta mudança gerou um aumento de 174% nos seus negócios digitais em 2020, por exemplo, com cerca de metade dessas vendas digitais a serem provenientes das entregas. No entanto, as suas taxas de entrega comprometeram as suas margens de lucro, levando a empresa a aumentar os preços do menu. Numa entrevista à Nasdaq, o CFO da Chipotle, Jack Hartung, disse que a cadeia poderia implementar a entrega autónoma através da sua parceria com a Nuro em cinco anos.

“Vamos trabalhar com eles para desenvolver e tentar criar um veículo que seja exclusivamente destinado às entregas dos nossos burritos”, afirmou, referindo que “suponho que o custo [de entrega] será mais barato. Mais do que isso, acho que a experiência vai ser melhor”.

Esta necessidade de pensar e agir como uma start-up de tecnologia explica também a existência de um número crescente de marcas de restaurantes a criarem laboratórios de inovação, uma estratégia que começou no passado.

A Wendy’s abriu um centro de inovação tecnológica no campus da Ohio State University em 2015, a Chick-fil-A  um centro de inovação no campus da Georgia Tech em 2018, a Domino’s abriu o seu “Innovation Garage” em Ann Arbor, Michigan, em 2019, e a McDonald’s criou o McD Tech Labs em Silicon Valley.

Mais recentemente a Yum Brands anunciou que prevê abrir ainda este ano um novo laboratório de inovação em Plano, no Texas. Numa entrevista citada pela Forbes, Joe Park, o vice-presidente de inovação da Yum, disse: “… Estamos a tentar criar um futuro que nos dê uma vantagem única. Não vamos apenas antecipar o que está por vir, vamos ver acontecer a um quilómetro de distância”.

Um outro estudo de caso é o da Domino’s, que foi uma das marcas de restaurante mais “isoladas” durante a pandemia. A Domino`s defende há muito a sua posição como uma “empresa de tecnologia que vende pizzas”, o que se refletiu em 39 trimestres consecutivos de crescimento nas vendas nas suas lojas. Este posicionamento foi particularmente vantajoso ao longo do ano passado, à medida que os hábitos do consumidor se tornaram digitais e a uma velocidade vertiginosa.

Agora que estamos numa nova realidade, tornou-se bastante claro que outras cadeias de restaurantes em todo o mundo estão a seguir estes exemplos para se tornarem empresas de tecnologia que vendem alimentos.

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