Brasileiro pede demissão na Apple para investir em start-ups no seu país

O investidor Pedro Sirotsky Melzer, sócio da e.Bricks Ventures, já comprou participações em mais de 25 empresas através de dois fundos. Hoje tem um novo fundo de 130 milhões de dólares.

Em 2010, pediu demissão da Apple, em Cupertino, nos Estados Unidos, para voltar ao Brasil e começar um fundo de venture capital. Para muitos, tinha um emprego de sonho. Pedro Sirotsky Melzer trabalhou na Apple de 2007 a 2010, altura em que empresa lançou o iPhone e voltou a ser uma das mais inovadoras do mundo.

“Nessa época, não era nada fácil encontrar profissionais que abrissem mão de uma carreira estável para enveredar pelo empreendedorismo, por mais que o espírito empreendedor seja um atributo do povo brasileiro. Os maiores talentos do país ainda seguiam carreiras tradicionais, em bancos ou em grandes companhias – e a maior parte deles não pensava em tornar-se empreendedor”, conta ao programa brasileiro “Café com o investidor”.

Melzer acreditava que o Brasil, apesar de todas as adversidades, não podia ficar de fora do boom tecnológico e mudou o rumo da sua vida. “Quando voltei ao Brasil, fundei a Warehouse Investimentos, um fundo pequeno, com colegas da Kellogg School of Management, onde estudei. Tínhamos vontade de apostar no Brasil. E a nossa maneira de o fazer foi investir em projetos que pudessem melhorar a vida das pessoas e que usassem tecnologia para gerar ganhos de eficiência em diferentes setores”, explica o brasileiro.

“Na Warehouse, começámos por analisar centenas de oportunidades até conseguir criar um portefólio. O nosso highlight foi o investimento no iFood, em 2011. Sinto orgulho por termos sido os primeiros investidores institucionais desta plataforma, que hoje é a principal de entrega de comida na América Latina”, revela.

Em 2013, saiu da Warehouse e iniciou, juntamente com os seus sócios, a e.bricks Ventures, também gestora de venture capital. Investem em negócios como Contabilizei, Infracommerce, Guiabolso, Arquivei, Rock Content, Ingresse, Vérios, Liber Capital, AppProva, Editora Sanar e Finpass – só para citar alguns nomes de um portefólio de quase 30 start-ups que receberam 300 milhões de reais (66 milhões de euros), através de dois fundos

Recentemente, a e.Bricks Ventores anunciou o seu terceiro e maior fundo que está a concluir a captação de 130 milhões de dólares (aproximadamente 118 milhões de euros) para investir em start-ups em estágio de desenvolvimento adiantado (séries A e B) e também em empresas em fase de maturação (capital semente).

“Os resultados alcançados nos dois primeiros fundos animam-nos a avançar para um terceiro fundo. Este tem a mesma estratégia no que diz respeito ao perfil do empreendedor, ao papel das empresas no seu mercado, mas tem algumas diferenças”, reforça Melzer.

No novo fundo, o objetivo é assumir mais risco, com investimento de até 50 milhões de reais (11 milhões de euros) – mais que os 30 milhões do segundo fundo lançado em 2016, em empresas de serviços financeiros (fintechs), educação, alimentação e agricultura. As áreas da saúde e de consumo estão também no radar deste fundo.

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