Bolt e Amazon oferecem as piores condições de trabalho, diz Universidade de Oxford

Apenas duas plataformas analisadas garantem que os condutores recebem o salário mínimo, segundo um estudo da Universidade de Oxford que aponta a Bolt e a Amazon como as que oferecem as piores condições de trabalho no Reino Unido.

A Bolt e a Amazon oferecem as piores condições de trabalho aos trabalhadores no Reino Unido, revela um novo estudo publicado por investigadores da Universidade de Oxford, que classifica 11 das plataformas digitais de trabalho mais populares do Reino Unido, incluindo Uber, JustEat e Deliveroo, em termos de remuneração, representação e condições de trabalho justas.

O estudo surge numa altura em que a economia “Gig” – também apelidada de mercado de freelancing e composto por trabalhadores independentes – do Reino Unido continua a crescer. Em 2019, 4.7 milhões de pessoas trabalhavam nas plataformas da economia “Gig”, mas, como a pandemia acelerou a adoção de serviços de entrega online, estima-se que este valor seja significativamente maior.

As empresas foram classificadas tendo em conta 10 critérios, tais como se pagam o salário mínimo, se têm um sistema em vigor onde os trabalhadores podem pedir justificações das tomadas de decisões, se têm contratos transparentes e se promovem a saúde e segurança dos trabalhadores.

O serviço de entrega de comida Bolt, assim como a Amazon Flex, o braço de entrega da Amazon registaram as piores pontuações. Já a empresa com melhor desempenho é a PedalMe, serviço de entregas e táxi que recorre a bicicletas de carga para transportar pessoas e mercadorias, segundo a Universidade de Oxford, citada pela Sifted.

Gráfico

Pagamento justo
Apenas duas plataformas, a PedalMe e a Just Eat, conseguiram assegurar que os condutores recebiam o salário mínimo, depois de considerados os custos com os funcionários.

A PedalMe contrata trabalhadores através de contrato de emprego, enquanto a Just Eat faz recrutamento através de uma agência temporária. Muitas das plataformas contratam pessoas como trabalhadores autónomos.

Um condutor entrevistado que trabalha com a Uber, Bolt e Olá, afirmou que recebia 30 dólares (25 euros) por dia a trabalhar 10-12 horas. “Economicamente, é muito caro ser um trabalhador de uma plataforma”, revela Dalia Gebrial, investigadora que colaborou no relatório. Custos como combustível e seguro de veículos são geralmente assegurados pelo trabalhador.

Representação justa
Apenas quatro das plataformas conseguiram provar que possuem mecanismos em vigor para que os trabalhadores possam pedir justificações da tomada de decisão da administração. Os trabalhadores podem ser removidos das plataformas sem lhes serem dadas razões plausíveis.

Apenas a PedalMe conseguiu mostrar que possui um mecanismo em vigor para que os trabalhadores possam ser ouvidos. A empresa decidiu eleger um representante dos trabalhadores e tem uma política em vigor que defende a sua disposição de negociar com os sindicatos.

Condições de trabalho justas
Seis das 10 plataformas foram capazes de demonstrar que têm proteção em vigor para a saúde e segurança dos trabalhadores e que podem disponibilizar seguro contra riscos específicos de trabalho. A Bolt, a Amazon e a Olá falharam nestas políticas. A maioria das plataformas conseguiu provar também que consegue garantir condições para que os trabalhadores fiquem isolados durante a pandemia.

Força de trabalho
A maioria da força de trabalho das plataformas é composta por minorias ou trabalhadores emigrantes.“ Os principais recursos da economia da plataforma, pontos como classificação incorreta, devolução de risco para o trabalhador e a gestão do algoritmo estão a ser desenvolvidas e normalizadas nas comunidades mais marginalizadas, com um objetivo de serem implementados em toda a força de trabalho”, concluiu a investigadora Dalia Gebrial.

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