Associação BRP apresenta medidas para ajudar empresas a atrair e reter talento

Partindo do conhecimento e experiência dos 40 associados, a Associação Business Roundtable Portugal partilha propostas concretas em cinco áreas, nomeadamente cultura organizacional, organizações ágeis, liderança, carreiras e benefícios.

A Associação Business Roundtable Portugal (Associação BRP), organização que representa 40 das maiores empresas e grupos empresariais em Portugal, apresentou um conjunto de medidas e soluções práticas de valorização e atração do talento, algumas das quais já testadas e implementadas com sucesso, para criar mais e melhores oportunidades de realização em Portugal. O objetivo é ajudar a travar a fuga de talento que continua a assolar o país e a convencer o talento nacional emigrado a regressar.

O trabalho, reunido num documento agora tornado público, resulta do esforço conjunto de 22 empresas da Associação BRP e outras externas, e de cerca de 36 especialistas em liderança, gestão de pessoas e talento.

“Numa altura em que o país dispõe das gerações mais qualificadas de sempre, torna-se evidente que não estamos a conseguir atrair e reter talento e a transformar o seu potencial em riqueza. A comparação do nosso mercado laboral e das nossas empresas mostra a necessidade de mudança. As empresas têm um papel relevante para a alteração desta situação, mas é absolutamente essencial adequar as políticas públicas às necessidades do país. Sem pessoas felizes e realizadas não temos empresas de sucesso, nem conseguimos ter um país mais competitivo, justo e sustentável”, refere Vasco de Mello, presidente da Associação BRP, citado em comunicado.

“Já no passado as empresas demonstraram que podem ser o indutor e motor da mudança. E as grandes empresas devem ser as primeiras a agarrar e a conduzir a parte da mudança que depende de nós. Isto implica compreender melhor as novas gerações e o que está a mudar, e adotar novas estruturas organizacionais, novas formas de gerir o talento, de o valorizar e de o fazer sentir que não precisa de sair do país para poder cumprir os seus sonhos”, acrescenta o responsável.

O documento dá continuidade ao primeiro volume do paper BRP, publicado em fevereiro de 2023, no qual a Associação BRP enquadrou e caracterizou o problema da atração e retenção de talento em Portugal e apontou caminhos de solução. Neste segundo volume, além de atualizar o enquadramento geral, apresenta um conjunto de medidas e soluções práticas, assim como casos concretos implementados pelas empresas da Associação em áreas como cultura organizacional, organizações ágeis, liderança, benefícios e carreiras.

Encargos sobre o trabalho penalizam qualidade de vida das famílias e impactam decisão de permanência

Portugal continua em desvantagem quando comparamos o nível de impostos e encargos sobre o trabalho, medidos pelo tax wedge (percentagem do custo de um trabalhador para a empresa que vai para o Estado). De acordo com dados da OCDE, em 2022, Portugal piorou a sua posição, passando da 10ª para a 9ª taxa mais elevada da OCDE (41,9%), avança a Associação BRP.

A situação é particularmente penalizadora nos agregados com filhos. Para um país que se debate há décadas com uma das mais baixas taxas de natalidade da União Europeia, Portugal alcança posições piores para famílias com 2 filhos, estando entre o sexto e o oitavo lugar dos países com mais encargos. Um trabalhador solteiro com 2 filhos pode estar sujeito a um tax wedge 55% acima da média da OCDE. Esta é uma situação que se reflete na qualidade de vida das famílias, na sua dimensão média e, consequentemente, na decisão de permanência em Portugal.

Ainda de acordo com a Associação BRP, o declínio da natalidade só não é mais acentuado graças ao contributo dos imigrantes. A inversão ligeira na tendência de queda da natalidade em 2022, ano em que nasceram 83,7 mil bebés, só foi possível devido ao número recorde de 14 mil nascimentos de bebés de mães com nacionalidade estrangeira em Portugal (16,7% do total de nascimentos no país).

“Este “inferno demográfico”, que tem vindo a agravar-se ao longo dos anos, acarreta desafios acrescidos ao país e, em particular, às empresas. Acreditamos que a única forma de inverter esta tendência e tornar Portugal económica e socialmente mais desenvolvido será através da complementaridade entre novas políticas públicas e boas práticas empresariais. Só assim será possível criar melhores condições para atrair e reter o nosso talento, seja através de uma experiência profissional mais rica e de melhores salários, do aumento do poder de compra ou do alívio da carga fiscal”, salienta Nuno Amado, líder do Grupo de Trabalho Estado e membro da direção da Associação BRP.

Este documento é o resultado de um trabalho conjunto de 36 quadros especializados de 22 empresas da Associação BRP, aos quais se juntaram, como parceiros nesta área a Deloitte e a Mind Alliance, em grupos de trabalho focados em cinco áreas: cultura organizacional; organizações ágeis, liderança, carreiras e benefícios.

Assim, neste estudo, apresenta os resultados positivos de cinco casos concretos de atração e retenção de talento, desenvolvidos pelo Santander, Fidelidade, Grupo José de Mello, Pestana Hotel Group e Grupo Salvador Caetano, com o objetivo de informar e motivar outras empresas a adotarem práticas semelhantes.

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