Entrevista/ “As start-ups representam um desafio”

Nuno Figueiredo, board member da Ábaco Consultores

Implementação e manutenção de sistemas de informação SAP é o core business da Ábaco Consultores. Nascida no Porto, a consultora tem hoje projeção internacional e mostra-se atenta ao universo das start-ups.

A Ábaco Consultores apresenta-se como uma das maiores empresas portuguesas de implementação de sistemas ERP SAP. O que distingue a vossa oferta?
Diria que o que, realmente, nos distingue são, ao mesmo tempo, os três principais motivos que levam um cliente a escolher-nos. Primeiramente, a experiência consolidada ao longo de mais de 13 anos de atividade, que nos permite orientar as soluções de forma a assegurar, não só um rápido retorno do investimento realizado, mas também garantir a total satisfação dos clientes com a sua implementação.
Em segundo lugar, a especialização por sector de negócio, que nos permite conhecer as especificidades de cada atividade. Temos como plataforma base de atuação a plataforma SAP, no entanto, não somos meros integradores técnicos. Acreditamos que só conhecendo o negócio do nosso cliente, iremos conseguir ajudá-lo a retirar o máximo proveito de uma solução tão ampla e robusta como as que representamos.
E, por fim (mas não a menos importante), a inovação que a Ábaco pretende introduzir em todos os projetos, que garantem a entrega de soluções cada vez mais vocacionadas para as reais necessidades do cliente, nomeadamente mobilidade e user experience, entre outras. Somos dos parceiros SAP, o que mais rapidamente consegue incluir na sua oferta comercial os produtos que a SAP continuamente inova e disponibiliza a um ritmo cada vez mais elevado, em ciclo, com o momento que vivemos.

Qual tem sido o percurso da Ábaco no mercado português?
Nasceu no Porto em 2004 com sete consultores. Hoje tem escritórios em Lisboa, São Paulo, Londres e Genebra e conta com cerca de 250 consultores. Desde o início que o foco era a execução de projetos de implementação, no entanto, só em 2006 conseguimos ter a dimensão para concretizar este objetivo. Desde esse momento, temos conseguido conquistar uma quota de mercado muito relevante nas áreas verticais onde atuamos. E foi essa mesma especialização sectorial que nos levou a iniciar o processo de internacionalização para o Brasil, em 2010. Neste caso podemos mesmo dizer que as nossas referências e as redes sociais foram decisivas para sermos convidados a concorrer a um processo de implementação, que viemos a ganhar. Esse projeto permitiu-nos iniciar a nossa operação e desenvolvê-la, servindo como uma alavanca para a nossa expansão de negócio a nível nacional. Obviamente que existem sempre dores de crescimento, ainda por cima ao ritmo que este estava a acontecer. Por isso, em 2012, tivemos a necessidade de criar em Portugal uma estrutura profissional de suporte que nos permitisse continuar a crescer em todas as geografias onde já estávamos e onde pensávamos vir a estar. Temos, neste momento, unidades de desenvolvimento que trabalham na conceção de soluções complementares às que representamos e temos também um departamento de investigação e desenvolvimento que nos consegue colocar um pouco à frente da nossa concorrência.
Recentemente criámos também uma unidade de formação que nos permite o crescimento da equipa com garantia de qualidade e ajudar os nossos clientes a evoluírem em todas as vertentes dos seus negócios. No entanto, nesta área das tecnologias de informação, parar é morrer e, já em 2017, iniciámos um processo de inovação estratégica e iremos mais uma vez iniciar um novo ciclo, melhorando e diferenciando cada vez mais a nossa oferta.

Qual o target dos vossos produtos e serviços?
A nossa estratégia assenta numa oferta vertical por sector de negócio. Assim, o nosso target são áreas como engenharia e construção, têxtil, vestuário e calçado, sector automóvel e indústria alimentar. Além deste foco, procuramos que a nossa unidade de Global Support conquiste mais clientes a nível internacional, numa perspetiva de manutenção nearshore. Assim, as grandes multinacionais são também um target para nós, uma vez que Portugal está na moda e não é só no turismo. Temos competência técnica, capacidade de comunicação e tarifas competitivas para fazer do nosso país um centro de suporte tecnológico de excelência.

Qual a vossa relação com o universo das start-ups em Portugal?
Enquadrado na nossa estratégia vertical, estamos atentos a todas as empresas que nos possam ajudar a introduzir valor na oferta e que sejam complementares às soluções que já oferecemos. Temos contactos com várias universidades e estamos neste momento em estudo vários projetos inovadores.

Em que geografias estão presentes atualmente?
A nível nacional, a nossa sede é no Porto, mas temos também escritórios em Lisboa. A nível internacional estamos em São Paulo, Londres e Genebra. No entanto, já executamos mais de 400 projetos em países como Espanha, Alemanha, Bélgica, Suíça, Lituânia, Angola, Moçambique, Cabo Verde, África do Sul, Canadá, Venezuela, Colômbia Turquia e Egipto.

Qual a estratégia da Abaco para vingar além-fronteiras?
A internacionalização é uma parte importante no futuro da empresa a médio e longo prazo. Além de consolidarmos a nossa presença nas geografias onde estamos queremos avaliar novas geografias. Essa escolha estará sempre ligada à avaliação das condições de abertura ao investimento estrangeiro, em geral, e em dois aspetos específicos, fiscal e laboral, para além da prospeção de oportunidades de negócio e parcerias locais. A estratégia assentará sempre na exploração dos sectores verticais onde somos fortes e na conquista de clientes internacionais para o nosso centro de suporte em Portugal. A nossa aposta na excelência das soluções e das implementações que temos vindo a desenvolver é o melhor cartão-de-visita que temos, para além da satisfação que os nossos clientes internacionais nos manifestam relativamente aos projetos desenvolvidos.

Que diferenças encontra nesses mercados ao nível do espírito empreendedor, comparativamente a Portugal?
Apesar da nossa presença ser muito recente no Reino Unido e na Suíça, conseguimos perceber duas velocidades diferentes em termos de empreendedorismo. Portugal estará eventualmente posicionado entre o Reino Unido, mais vanguardista, e a Suíça, mais colada às grandes multinacionais. No Brasil, devido à dimensão do mercado, não conseguimos definir um padrão. No entanto, conseguimos perceber que culturalmente são quatro realidades distintas.

Algum desses mercados se destaca pelo dinamismo ou pelo número de start-ups existentes?
Sim. Das cidades onde estamos presentes, podemos destacar Londres, uma vez que é o maior ecossistema de start-ups na Europa. Acolhe mais de cinco mil start-ups por ano, um número que coloca a cidade no topo dos ecossistemas de empreendedorismo europeus. Não nos podemos esquecer do facto desta cidade ser a anfitriã da Tech City UK, a maior cluster de start-ups, depois de Nova Iorque e São Francisco. Por outro lado, São Paulo é também uma cidade que atrai enumeras start-ups, dada a disponibilidade de capital, assim como o alcance de mercado e, cada vez, são mais as start-ups que apostam nesta cidade para se desenvolverem. O Brasil aparece nos rankings como o país do mundo com a maior parte da população envolvida em empreendedorismo.

Na sua perspetiva o que podem as start-ups trazer de mais-valia e inovação tecnológica para a área de atividade da Abaco?
As start-ups representam um desafio, uma vez que fazem com que se crie uma janela de oportunidade para as empresas ao apresentarem soluções novas, diferentes e necessárias para responder às novas exigências dos clientes. Desta forma, as novas ideias e os novos projetos são sempre bem-vindos nas nossas áreas, o que contribui para o reforço da nossa notoriedade. Para acompanhar esta mudança de paradigma, desenvolvemos um Innovations Labs, um departamento inteiramente dedicado a tarefas de R&D, que tem como principais objetivos detetar e avaliar novos produtos e soluções (SAP, Não-SAP e próprias), fornecer competências em novas áreas ou tecnologias e acrescentar valor à oferta da Ábaco, permitindo que as nossas equipas atendam às necessidades e pontos-críticos dos clientes, ao mesmo tempo que garantem a melhor solução para as suas necessidades.

Respostas rápidas:
O maior risco:
Falta de talento humano
O maior erro: Entrar na guerra do preço
A melhor ideia: Internacionalizar
A maior lição: A inovação só funciona com envolvimento dos clientes
A maior conquista: O valor elevado que o mercado nos reconhece

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