As lições de Patty McCord para construir uma empresa onde todos gostem de trabalhar

A especialista em gestão de talentos, escritora e oradora de renome internacional, Patty McCord, que ainda recentemente esteve em Portugal, na Farfetch, para apresentar a edição portuguesa do livro Powerful, partilhou numa TED Talk alguns insights sobre a melhor forma de construir uma empresa onde as pessoas gostem de trabalhar.

Criar, de forma estruturada, uma empresa onde os colaboradores gostem de trabalhar é uma tarefa que certamente muitos gestores ambicionam, mas que nem todos conseguem pelas mais variadas razões. A maioria das empresas baseia a sua atuação num conjunto de políticas pré-definidas e, regra geral, impostas: dias de férias obrigatórios, diretrizes de viagem, horas de trabalho padrão, metas anuais. Mas o que acontece quando uma empresa opta por controlar menos e passa a confiar mais?

Patty McCord, a icónica ex-diretora de talentos da Netflix, partilhou numa TED Talk o que a levou a deitar fora o manual das regras convencionais, porque, explica, há uma série de comportamentos tidos como boas práticas e que, afinal, não o são.

Além de lembrar que o mundo está em transformação, esta especialista defende que devemos gerir os negócios falando uns com os outros, como normais seres humanos. E talvez assim se consigam melhores resultados. Expôs as suas ideias dicas e apresentamos algumas delas.

Os colaboradores são adultos!
Patty McCord começa por lembrar que as empresas criam tantos parâmetros, tantos processos e guidelines para manter os funcionários “no lugar” que acabam por criar um sistema em que se tratam as pessoas como crianças. E não são! “São adultos formados, que todos os dias entram porta dentro, que têm rendas para pagar, obrigações, são membros da sociedade, querem criar a diferença no mundo…” , defende. Por isso, sugere, se os gestores começarem a adotar a perceção de que toda a gente vem para a empresa para fazer um trabalho magnífico, talvez fiquem surpreendidos.

O trabalho de gestão não é controlar as pessoas, é construir grandes equipas
Se as empresas construírem boas equipas, eis o que acontece: os clientes estão satisfeitos. Essa é a métrica que interessa. Não a métrica do “chegou ao trabalho a horas?”. “Tirou férias? Seguiu as regras? Pediu autorização?

As pessoas querem fazer um trabalho que signifique alguma coisa
As carreiras são jornadas. Ninguém quer fazer a mesma coisa durante 60 anos. Por isso, a ideia de manter as pessoas só porque sim, não é bom para nenhuma das partes. Em vez disso, crie empresas que sejam bons lugares para se estar. E que quem as deixe se torne um “embaixador” não só do seu produto, mas também de quem você é e de como trabalha. Quando se espalha esse entusiasmo, as empresas tornam-se melhores.

Toda a gente na empresa deve compreender o negócio
Com base no princípio de que somos adultos inteligentes, a coisa mais importante que podemos passar aos colaboradores é explicar como o negócio funciona, assegura esta especialista. “Quando olho para empresas que estão a crescer rapidamente, que são muito inovadoras, que estão a fazer coisas com muita agilidade e rapidez, é porque são colaborativas”, afirma. Assim, assegura, a melhor coisa que se pode fazer é explicar, constantemente, às equipas o que a empresa faz, o que interessa, de forma a que todos trabalhem para atingir as mesmas coisas.

Toda a gente na empresa deve estar capacitada para lidar com a verdade
Sabe porque razão as pessoas dizem que dar feedback é tão díficil? Porque não o praticam. Patty avança com o exemplo da revisão anual de desempenho, o que se faz muito bem, mas, infelizmente, apenas uma vez ao ano. Lembra que os seres humanos podem ouvir tudo, desde que seja verdade. Por isso, defende que há que repensar a palavra feedback e encará-la como o dizer a verdade às pessoas, a verdade honesta sobre o que estão a fazer bem, o que estão a fazer mal e na altura em que o estão a fazer.

A empresa precisa de dar o exemplo dos seus valores
Se faz parte de uma equipa de liderança, a coisa mais importante que pode fazer para “defender os seus valores” é dar o exemplo. As pessoas não podem ser aquilo que não veem

As empresas têm de se animar com a mudança
Patty McCord faz um alerta firme nestas suas lições para construir uma empresa onde se  goste de trabalhar: “tenha cuidado com a nostalgia”. E esclarece: “Se der por si a pensar ‘lembram-se de como isto costumava ser’, é preciso mudar o chip e pensar na forma como vai ser.

Patty McCord recorda que o mundo é emocionante, que está a mudar a toda a hora e, por isso, quando mais o abraçarmos e nos mantivermos animados, mais divertida será a jornada.

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