E quando as empresas fracassam? As verdades que os empreendedores não revelam

Há centenas, milhares talvez, de artigos sobre histórias de empreendedorismo de sucesso. Mas são poucos os que têm coragem para falar sobre como os seus negócios fracassaram, como aconteceu e como estão a lidar com essa realidade.

Na verdade, essas são histórias pouco inspiracionais mas que devem ser partilhadas. É importante que alguém que esteja a pensar tornar-se empreendedor, ou que já esteja a trilhar esse percurso, tenha consciência de que o fracasso pode ser uma realidade.

No Reino Unido, por exemplo, 20% dos negócios colapsaram no primeiro ano de atividade e 50% em três anos. Por isso, o fracasso é um resultado muito provável. O sucesso requer muito trabalho e alguma sorte. Mas às vezes a sorte acaba e é preciso ter essa possibilidade presente.

Julia Elliott Brown contou ao The Telegraph a sua história e da sua irmã Katy, e a forma como lideram com o facto de terem ter tido de fechar as portas da sua empresa a Upper Street. As duas irmãs montaram a Upper Street há sete anos como pioneira na indústria do calçado, permitindo que mulheres de todo o mundo desenhassem os seus sapatos online.

As clientes podiam escolher de entre centenas de estilos e materiais para criar cerca de cinco milhões de opções diferentes que podiam ser encomendadas em qualquer tamanho, cuidadosamente feitos à mão e entregues à porta em apenas algumas semanas.

Ao longo de alguns anos, concretizaram ao desejo de milhares de clientes e construíram uma base de clientes muito leais. Estavam mais preocupadas com o crescimento do que com o lucro, o que significava um investimento contínuo para dar gás ao negócio. “Tomar a decisão de fechar um negócio no qual investiste tudo – paixão, tempo e dinheiro – é extremamente difícil”, explicou Julia Elliott Brown. As duas irmãs financiaram a Upper Street sozinhas nos primeiros anos e depois conseguiram nvestimento externo de investidores institucionais assim como através de crowdfunding.

Mas no final de 2015 – quando os investidores estavam à espera que o negócio assumisse outros contornos – o negócio, simplesmente, não crescia suficientemente rápido. E o dinheiro estava a acabar. Não conseguiram assegurar mais investimentos nem encontrar um comprador para o negócio. Venderam as ações à concorrência e o sonho acabou. Tomar a decisão de fechar os olhos a um negócio pelo qual lutaram e onde investiram paixão, tempo e dinheiro era difícil de lidar.

Mas, as duas jovens empreendedoras  lembram que, às vezes, “o fracasso é o resultado de fazer algo diferente, de  tentar abanar o mercado. E não deve haver vergonha nenhuma nisso. É uma mensagem que todas pessoas que querem criar uma start-up devem ouvir”. E aconselham: não devemos ter medo de falhar e devemos celebrar aqueles que assumem um risco. Afinal, alguns dos empreendedores mais bem-sucedidos já falharam uma boa quantidade de vezes – pensem no Henry Ford, Donald Trump e Richard Branson.

Como se preparar para o fracasso
Criar uma empresa é entrar num jogo que é suposto ganhar. Mas e se não o conseguir fazer? Na verdade não é o fim do mundo. Nos dias difíceis, pense que são apenas sapatos ou roupas, ou seja o que for o ramo de atividade. Veja o fracasso como parte do crescimento porque nunca saberia se o negócio resultaria se não tentasse. Aprenda com isso.

Seja rijo
Mas sem se tornar rígido nas relações humanas. Vai sempre haver alguém de fora a criticá-lo a si ou às suas decisões. Nem todos serão compreensivos ou o apoiarão. Provavelmente, vai receber uns quantos e-mails desagradáveis de fornecedores e investidores quando fechar a empresa. Mas, ao mesmo tempo, haverá pessoas que lhe telefonam a dar força e que equilibram esse lado menos bom. Apesar de ser difícil sentir desapontar as pessoas, tente não torná-lo pessoal.

Faça o luto
É importante descansar, refletir e juntar energia antes de pensar no que virá a seguir. Passe o seu tempo com pessoas que valorizem o seu trabalho, e a si, e avalie aquilo que é verdadeiramente importante.

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