Opinião
Aproximar as escolas de gestão das empresas

Portugal tem quatro escolas de gestão entre as 50 melhores do mundo em executive education, de acordo com o ranking de 2023 elaborado pelo Financial Times.
Nova School of Business and Economics, Católica Lisbon School of Business and Economics, Porto Business School e ISEG – Lisbon School of Economics and Management, são as instituições que, há já vários anos, figuram neste prestigiado ranking e projetam internacionalmente o ensino superior português na área das Ciências Económicas e Empresariais.
É muito importante que o país tenha uma oferta formativa em gestão de reconhecida qualidade, capacidade científica e prestígio internacional. Como sabemos, a gestão reveste-se de especial importância para o sucesso e crescimento das empresas. Sem um bom planeamento, organização, coordenação e controlo dos recursos e atividades de uma empresa, dificilmente esta consegue alcançar os seus objetivos e ser competitiva, sólida e sustentável no mercado.
As competências de gestão e liderança são um fator crítico para o sucesso dos negócios, na medida em que permitem às empresas adotar modelos de negócio inovadores e gerar valor, criar emprego e crescer sustentadamente. Uma boa gestão proporciona, em regra, maior eficiência operacional, maior satisfação dos clientes, maior motivação dos colaboradores, maior sustentabilidade financeira e maior potencial de crescimento da empresa.
Na atual conjuntura, a qualidade de gestão assume uma importância suplementar. A economia global tem sido convulsionada por acontecimentos inesperados e impactantes, como a pandemia e agora a guerra na Ucrânia. Num contexto tão volátil e incerto, as empresas precisam de ser mais eficientes, tomar decisões informadas, otimizar recursos e saber adaptar-se à mudança. Ou seja, necessitam de adotar uma gestão sólida, que lhes permita crescer num ambiente altamente competitivo, em constante transformação e com desafios complexos.
Porém, o tecido empresarial português apresenta um reconhecido défice de qualidade de gestão. Um défice que decorre, em boa medida, da falta de competências de management e liderança dentro das empresas. Mesmo entre as novas gerações de empreendedores, em regra mais qualificadas, há falhas na transição das ideias de negócio para o mercado, justamente por dificuldades no domínio dos princípios e técnicas de gestão. Ora, o défice de qualidade de gestão tem consequências sobretudo ao nível da tomada de decisões estratégicas para as empresas. Decisões, essas, que são essenciais para a criação de valor, para o reforço da competitividade e para o crescimento dos negócios.
Por tudo isto, é essencial que as escolas de gestão portuguesas reforcem a ligação à comunidade e em especial ao tecido empresarial. A estreita colaboração com as empresas permite às business schools ter uma consciência mais aguda das necessidades de gestão em Portugal e, em função disso, formatarem os seus programas de estudo, projetos de investigação aplicada e serviços de consultoria.
Em suma, a atividade de ensino e investigação das escolas de gestão deve estar iminentemente direcionada para as necessidades, interesses e expetativas das empresas. Isto pressupõe, por exemplo, que o respetivo corpo docente conheça bem a realidade empresarial portuguesa e saiba interagir com as empresas. Só assim o país e a sua economia podem retirar o devido proveito da massa crítica, conhecimento científico e dimensão internacional das nossas escolas de gestão.
* Associação Nacional de Jovens Empresários