Entrevista/ “A Selza é uma crença e um projeto que criámos e financiámos desde o primeiro dia”

Rui Santos e Maia Pedro, fundadores da Selza

Numa viagem aos Estados Unidos da América, os amigos Maia Pedro e Rui Santos descobriram o mercado das águas com gás, álcool e sabor a fruta. O espírito empreendedor levou-os a entrar neste setor e a criar a Selza. Conheça a história deste projeto e os seus objetivos de expansão.

Enquanto consumidores preocupados com o impacto das bebidas alcoólicas na saúde, Maia Pedro, 32 anos, e Rui Santos, 29 anos, fundadores da Selza, decidiram criar a sua própria fórmula de hard seltzer e trazer para Portugal o conceito que tinham conhecido nos EUA, e, assim, revolucionar as opções de bebidas alcoólicas no mundo saudável.

Do processo de produção em casa a um laboratório profissional, a dupla de amigos, formados em biotecnologia, chegaram à receita da Selza: água gaseificada com 5% de álcool puro obtido a partir de cana-de-açúcar e um toque de manga e lima hortelã, apenas com ingredientes naturais, vegan, glúten free e apenas 75kcal por lata.

Numa altura em que as pessoas estão mais atentas aos ingredientes que compõem as bebidas e produtos que consomem, os jovens empreendedores querem ser uma opção saudável para os consumidores e fazer a diferença no mercado das bebidas, explicaram ao Link To Leaders.

O que é a Selza?
Rui Santos (R.S.)
: A Selza é uma hard seltzer portuguesa 100% natural, sem conservantes, edulcorantes ou aromas artificiais, com apenas 75 kcal e 1.5g de carboidratos por lata. É constituída por água gaseificada, 5% de álcool e um toque natural de fruta. Na sua origem estão ingredientes naturais, que a tornam isenta de glúten e vegan. A bebida está disponível em dois sabores, lima hortelã e manga.

Como é que este projeto deu os primeiros passos?
Maia Pedro (M.P.)
: Descobrimos o fenómeno das hard seltzers numa viagem conjunta aos Estados Unidos. Quando provámos gostámos imediatamente do sabor e identificámo-nos com o conceito e com o facto de ser uma alternativa que tem em conta as preocupações do consumidor atual. Quando regressámos a Portugal, apercebemo-nos da falta de inovação e variedade num setor em que não surgia um novo produto deste a criação das cidras.
Como tal, decidimos criar a nossa própria hard setlzer: a Selza. Estávamos determinados e sempre acreditámos no projeto que estávamos a desenvolver. O ponto de viragem foi quando começámos a receber algum feedback positivo e percebemos que para ter um produto de maior qualidade seria necessário trabalhar com um laboratório que proporcionasse várias técnicas de produção, que dificilmente conseguiríamos obter por nós próprios e na rapidez desejada.

“(…) o que despoletou a criação de uma start-up do zero foi o facto de estarmos insatisfeitos com as opções de bebidas disponíveis em Portugal e com a falta de inovação no setor”.

O que levou dois jovens formados em biotecnologia a entrar no mundo do empreendedorismo e neste setor em concreto? Fizeram formação em gestão?
R.S.:
Quando eu acabei o curso de biotecnologia, continuei os estudos na área da saúde até entrar numa start-up na área de dispositivos médicos, portanto o “bichinho” empreendedor já estava a começar a nascer. Já o Maia, após terminar o curso, aventurou-se por várias áreas do setor tecnológico até se tornar diretor de marketing na Bolt Portugal. Como tal, espírito de criar e inovar já estava inerente em nós.

Neste sentido, o que despoletou a criação de uma start-up do zero foi o facto de estarmos insatisfeitos com as opções de bebidas disponíveis em Portugal e com a falta de inovação no setor. Eu e o Maia tínhamos estado num país com muito mais oferta e sentimos que faltava isso cá. Por isso decidimos sermos nós a dar resposta às lacunas do mercado português. Posto isto, decidimos criar a Selza – a bebida que se adequa às preocupações do consumidor e um estilo de vida moderno.

Em que momento se deu a passagem da produção caseira para laboratório? Qual o ponto de viragem para começar a levar o projeto “mais a sério”?
M.P.:
Estávamos determinados em criar a nossa própria hard seltzer e sempre acreditámos no projeto que estávamos a desenvolver, mas acredito que o momento de viragem foi quando começámos a aproximar-nos daquilo que é a bebida hoje e demos a provar aos nossos amigos e recebemos feedback bastante positivo.

(….) para nos tornamos uma bebida de referência nacional, acreditamos que pode ser necessário ter uma ronda de investimento (…)

Têm investidores no projeto? Pretendem ter?
R.S.: A Selza é uma crença e um projeto que criámos e financiámos desde o primeiro dia, pelo que ainda não possuímos investidores. No entanto, para nos tornamos uma bebida de referência nacional, acreditamos que pode ser necessário ter uma ronda de investimento, para ajudar a um crescimento mais rápido, pelo que estamos a analisar essa hipótese.

O mercado nacional está preparado, e recetivo, para este tipo de bebida das hard seltzers?
M.P.:
Sentimos que os portugueses estão recetivos para bebidas como a Selza, uma vez que a bebida tem em conta as necessidades do consumidor do século XXI – um consumidor que procura mais alternativas saudáveis. Além disso, após uma abordagem ao mercado, o próprio setor da restauração tem manifestado interesse em ter a Selza na sua carta de bebidas, portanto o feedback é bastante positivo.

As vendas estão a corresponder ao planeado?
M.P.:
Sim, estamos a conseguir alcançar bons resultados e a crescer organicamente.

Qual o modelo de negócio que adotaram para comercializar o produto? E-commerce? Superfícies comerciais?
R.S.:
O nosso negócio está presente no digital. Achamos que este é o canal que nos permite alcançar mais facilmente o nosso target e dar-lhe a conhecer a bebida. Neste momento, a Selza está à venda no nosso site, na Uber Eats e na Bolt Food, sendo que neste último a bebida está com uma promoção de 50%.

“(…) a hipótese de internacionalizar a bebida está em cima da mesa, mas não para já”.

Por onde passam as vossas ambições de expansão? Internacionalização?
R.S.:
Neste momento, temos como objetivo explicar o conceito de hard seltzer em Portugal, dar a conhecer a Selza e tornar os portugueses consumidores da marca. Posteriormente, pretendemos lançar mais sabores e a hipótese de internacionalizar a bebida está em cima da mesa, mas não para já.

Que entraves é que a pandemia e o confinamento trouxeram ao desenvolvimento da Selza?
M.P.:
A pandemia atrasou todo o processo de concessão e lançamento, além de ter tornado mais complicado o processo de conseguir que a produção fosse 100% nacional. Porém, apesar dos entraves, mantivemo-nos fiéis aos nossos ideais e encontrámos soluções que nos permitiram lançar a bebida no mercado da forma como sempre ambicionámos.

A sustentabilidade da bebida, desde o processo de criação até a escolha da embalagem, é uma das vossas bandeiras. Que inovações planeiam implementar a esse nível?
R.S:
A natureza e sua preservação são um dos pilares da Selza. Para já, optámos por vender a bebida em latas, em vez de vidro, uma vez que a reciclagem deste material é de menor custo e emite menos dióxido de carbono. Além disso, optámos por caixas de papel para comercializar os packs, com o intuito destas serem reutilizáveis. No entanto, sabemos que todos os dias são idealizados novos produtos, mais ecológicos, e estamos atentos ao que é feito no mercado para conseguir seguir o exemplo daqueles que, tal como nós, pretendem contribuir para um mundo melhor e mais sustentável.

Que balanço fazem desta vossa aventura empreendedora?
M.P.:
O balanço está a ser bastante positivo. Sentimos que o mercado português está recetivo a produtos como a Selza e que os consumidores ficam satisfeitos com o facto de estarem a ser criadas e comercializadas opções que vão ao encontro às suas preocupações, necessidades e ideais.

Qual foi o conselho mais valioso que receberam quando se lançaram neste projeto?
R.S.:
Acho que o conselho mais valioso que nos deram ao longo de todo este processo foi o de nos mantermos fiéis aos nossos ideais e àquilo que defendemos. Por vezes, foram-nos sugeridas formas mais baratas ou simples de produzir a Selza, mas que faziam com que esta não fosse totalmente natural e esse conselho foi-nos muito útil para não nos deixarmos levar e produzir uma bebida da qual não nos orgulharíamos.

Respostas rápidas:
O maior risco:
apostar num meio em que dominam as grandes empresas.
O maior erro: não ter várias opções definidas para parceiros, o que atrasou o lançamento.
A maior lição: dedicação e presença em todo o processo.
A maior conquista: 100% natural e nacional.

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