Opinião
A humanização do(a) CEO

No final do mês de junho a Glassdoor publicou a lista dos CEO mais relevantes. Esta lista mede a satisfação dos colaboradores para com os seus líderes.
Durante os últimos sete anos apenas dois CEO tiveram uma presença constante na lista, o Tim Cook, da Apple, e o Mark Zuckerberg, do Facebook, ambos de empresas tecnológicas. Ainda assim, a sua posição oscila ao longo dos anos. Esta publicação leva-nos a questionar quais as características que um(a) CEO deve ter, num mundo marcado pela evolução tecnológica, colaboração e diversificação.
Segundo um estudo realizado pela Edelman, 68% dos colaboradores melhora a sua performance após ouvir a história de sucesso do seu CEO e 73% gostava de ter maior conhecimento dos obstáculos que teve de ultrapassar. Na realidade, enquanto no passado o CEO era visto como alguém intocável, hoje em dia são as suas características pessoais e humanas que o tornam valorizado. Assim, aquilo a que se assiste é à humanização do CEO, ao invés do seu endeusamento.
Tendo estes dados em consideração, existem algumas características e comportamentos que parecem ser a base de sucesso de um(a) CEO:
1) Capacidade de inspirar, através de uma visão de futuro, não se limitando a reagir aos acontecimentos;
2) Estar verdadeiramente comprometido com a missão da organização, o que pode significar ter a capacidade de tomar decisões que, embora possam trazer ganhos a curto-prazo, não são implementadas por não estarem em consonância com a visão de longo prazo e a missão da organização;
3) Criar uma cultura de proximidade, que encoraje a participação de todos. Num mundo em constante mudança, apenas os líderes que tiverem a capacidade de motivar toda a organização conseguirão ter sucesso. Neste contexto é importante referir que é fundamental que estejam perto das pessoas, que conversem com elas, desafiando-as a serem a melhor versão de si próprias. Características como empatia, capacidade de escuta e humildade, ganham ainda maior importância.
“It takes humility to realize that we don’t know everything, not to rest on our laurels, and to know that we must keep learning and observing. If we don’t, we can be sure some startup will be there to take our place.”
~ Cher Wang
4) Preocupar-se genuinamente com os colaboradores, garantindo que lhe são oferecidas oportunidades de crescimento profissional. A gestão de pessoas tem que ser uma prioridade do CEO. Ter a capacidade de atrair, desenvolver e reter talento, num mundo cada vez mais dominado pela tecnologia, é um ativo muito importante podendo tornar-se uma vantagem competitiva dificilmente replicável;
5) Capacidade de comunicação e transparência. Numa época em que a informação circula a uma velocidade sem precedentes, e em que a capacidade de reter informação é cada vez mais limitada, é fundamental que o CEO mantenha uma cultura de transparência para com a organização, e que tenha a capacidade de comunicar as más e as boas notícias de forma breve, simples e rápida.
A promoção do diálogo, em que todos sintam que têm acesso direto aos líderes da organização podendo questioná-los sobre qualquer tema, é fundamental. Aliás, especialmente no caso de notícias menos positivas, a capacidade de gerir a crise internamente parece ser um excelente indicador de uma gestão externa de sucesso.
Para além destas características, e voltando ao início deste artigo, o reconhecimento que o CEO não nasce perfeito e que comete erros, é também fundamental. Mas, mais do que admitir que comete erros, é a capacidade de aprender com os mesmos e de se pôr em causa que permite que um CEO se mantenha relevante.
“Let me fall if I must fall. The one I become will catch me.”
~ Sheryl Sandberg
Líderes transformacionais reconhecem que o autodesenvolvimento é um processo contínuo e que têm que estar continuamente a aprender. Desenvolvem também a capacidade de desaprender, eliminando velhos dogmas e paradigmas, para conseguirem voltar a aprender.
Finalmente, assumem que aquilo que lhes permitiu ter sucesso no passado não é necessariamente o que lhes trará sucesso no futuro, e que a capacidade de ouvir e aprender com os outros é um ativo de que não podem abdicar.
“It’s better to hang out with people better than you. Pick out associates whose behavior is better than yours and you’ll drift in that direction.’
~ Warren Buffett