Opinião

A Era do Human Experience Management

José Chéu, da Abaco Consulting*

Gerir o capital humano e o talento é a base para o crescimento de uma empresa. Atualmente, podemos observar várias perspetivas organizacionais no que diz respeito à gestão dos recursos humanos.

Se, por um lado, várias são as empresas que procuram saber mais sobre a melhor forma de gerir o seu capital humano, por outro, algumas já deram o próximo passo e procuram desenvolver a gestão da experiência humana no seu contexto organizacional – o Human Experience Management (HXM).

Mas então o que é que o HXM e qual o seu principal objetivo?

O Human Experience Management ou Gestão da Experiência Humana vai mais além da gestão do capital humano (HCM – Human Capital Management). Se o HCM pretende alinhar os objetivos individuais de cada talento com os resultados da organização através das diversas ferramentas ao dispor, o HXM é uma nova forma de encarar e pensar o setor dos Recursos Humanos, no qual a experiência de um determinado colaborador é colocada no centro dos processos. Ou seja, na visão de HXM, o foco dos Recursos Humanos passa por dar uma maior voz aos colaboradores, uma vez que são estes que podem impulsionar o negócio para o sucesso. Podemos dizer que no acrónimo HCM, o “C” de Capital passa a “C” de Centric, sendo, por isso, de vital importância, a experiência que o Colaborador tem para a decisão e definição dos processos e objectivos organizacionais, ou seja, o Human Experience Management.

Assim, quando falamos de gestão de capital humano puro e duro associamos à tentativa de encaixar os melhores colaboradores em processos organizacionais específicos. Pois bem, a gestão de experiência humana é exatamente o oposto: procura adaptar estes mesmos processos aos colaboradores, na medida em que estes são o centro da estratégia. O HXM é um conceito diferente, uma vez que pretende fornecer as ferramentas e tecnologias que possibilitem experiências significativas, produtivas e pessoais aos colaboradores para o atingimento das metas corporativas. Desta forma, o quotidiano dos colaboradores muda pois ficam mais motivados, focados e mais eficientes, reduzindo assim o espaço para erros.

Neste sentido, não se trata de substituir a tradicional gestão do capital humano, mas sim de evoluir a sua aplicação. O HXM que visa aproveitar os insights que os dados da gestão de capital humano oferecem para criar uma relação diferenciada entre a organização e os seus colaboradores. Este conecta os fatores associados à motivação humana, perceção, consciência, tomada de decisão e comportamentos de liderança para acelerar o bom desempenho. Desta forma, conseguimos compreender a verdadeira importância que a gestão da experiência humana apresenta para uma organização. Esta procura aproximar as duas partes (empresa – colaboradores), de modo mutuamente benéfico. São fornecidas, às organizações, técnicas e táticas essenciais para ouvir os seus colaboradores e entender onde podem atuar, de forma a proporcionar uma melhor experiência e definir os objetivos corporativos.

3 razões para investir em Human Experience Management

Decorrente desta abordagem, identificamos três razões, e pilares estratégicos, para investir na gestão da experiência do colaborador (HXM):

  1. Atração e retenção de talentos: A redução da taxa de rotatividade de uma organização e a consequente retenção de talentos, favorece e em muito a construção de uma cultura organizacional mais forte e presente. De acordo com um estudo realizado pelo Work Institute, em 2017, 22% dos colaboradores deixam o seu emprego por falta de desenvolvimento na carreira, 12% por falta de equilíbrio entre a vida pessoal e profissional, e 11% pelo comportamento dos seus superiores. Ou seja, de forma direta ou indireta as experiências humanas estão sempre associadas ao abandono das funções laborais por parte dos colaboradores. Uma das principais missões da gestão da experiência humana passa exatamente por mudar este paradigma. É necessário que a empresa entenda o momento, as mudanças e como estas transformações impactam o negócio por via dos colaboradores.
  2. Desenvolvimento profissional e Aumento da produtividade: O Human Experience Management potencia o desenvolvimento profissional na medida em que, ao colocar o colaborador no centro da estratégia organizacional, está a atribuir mais responsabilidades e benefícios ao mesmo, tornando-o mais produtivo e motivado e fazendo com que o seu sucesso se traduza no sucesso da empresa. Com isto, a empresa não apenas vai zelar pelo seu bem-estar presente, mas também pelo seu desenvolvimento futuro aumentando o seu comprometimento e, consequentemente, a produtividade.
  3. Melhoria do clima organizacional: Uma empresa inovadora, desafiadora e centrada no dia a dia na experiência dos seus colaboradores torna o clima organizacional e a cultura corporativa melhor. Estando os objetivos pessoais a influenciar, e alinhados com a estratégia de negócio, a organização terá colaboradores inspirados e com foco no que realmente é importante para todos. Esta melhoria do clima organizacional, por sua vez, traduzir-se-á no crescimento da organização.

Por isso, fica a pergunta: estará na hora das organizações incorporarem a experiência do colaborador como estratégia de gestão de Recursos Humanos e definição dos objetivos organizacionais?

*Board Member, Operations & Delivery Director da Abaco Consulting

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