Entrevista/ “A engenharia precisa de novas perspetivas e de ousadia para desafiar pressupostos”

Célia Pedro, diretora Industrial da Eco-Oil

Assinalamos o Dia Internacional da Mulher na Engenharia com o testemunho de quem está a liderar a mudança no setor. Célia Pedro é diretora Industrial da Eco-Oil e recentemente assumiu a presidência da European Young Engineers, organização que representa mais de meio milhão de jovens engenheiros em toda a Europa. Aos 32 anos, lidera equipas, processos e projetos com impacto ambiental e social, num setor ainda marcadamente masculino.

Desde cedo apaixonada pela ciência, encontrou na engenharia o caminho para deixar a sua marca no mundo. E foi na Eco-Oil que Célia Pedro teve a oportunidade de pôr esse propósito em prática. Começou como responsável de laboratório e, em apenas um ano, assumiu a direção industrial da empresa. Além da sua atividade profissional, lidera atualmente a European Young Engineers, organização europeia que representa mais de meio milhão de jovens engenheiros de mais de 20 países.

Em entrevista ao Link to Leaders, fala sobre a sua trajetória profissional, os desafios de ser mulher numa posição de liderança industrial, o papel transformador da engenharia para o futuro do planeta e a importância de se garantir mais equidade, representatividade e oportunidades no setor.

A sua carreira na Eco-Oil tem sido marcada por uma ascensão rápida. Que fatores considera que mais contribuíram para este percurso?

Considero que a paixão pelo que fazemos é o mais importante. Desde pequena que queria ser cientista e fazer a diferença, mesmo que nos pequenos detalhes. Foi esta paixão que fez com que seguisse o percurso da engenharia, procurando sempre trazer impacto para as áreas que trabalho e também me envolvo. E isso é uma realidade na Eco-Oil. Um espaço que sempre reconheceu e valorizou as qualidades humanas essenciais à liderança de equipas e à gestão de processos complexos, promovendo, de forma contínua, a integração de melhorias industriais e operacionais.

Depois de apenas um ano a fazer parte desta equipa enquanto responsável de laboratório, assumi a posição de diretora Industrial. Algo que reflete a aposta da Eco-Oil nas pessoas e demonstra a confiança na consistência dos resultados alcançados. Este foi, para mim, um reconhecimento importante, pois sempre trabalhei para cumprir este meu propósito, sem deixar que o facto de ser mulher fosse uma barreira aos meus objetivos profissionais.

Aliada a esta paixão, destacaria também a minha curiosidade e vontade de crescer, que me levou a ter continuado a investir na minha formação, mesmo após ter concluído o mestrado em Engenharia Química pela Universidade de Coimbra. Fiz algumas formações em comunicação e, mais tarde, conclui uma pós-graduação através de um Programa Avançado de Gestão para Executivos (PAGE). Frequento, atualmente, o The Voice Leadership, na NOVA SBE, porque acredito é necessário continuar a investir no desenvolvimento de competências ao longo da vida. Em simultâneo, e reflexo também da minha vontade de contribuir para a sociedade, procurei sempre manter uma participação ativa em associações académicas e profissionais. No último mandato da Ordem dos Engenheiros fui coordenadora do Grupo de Jovens Engenheiros e vogal eleita pelo Colégio de Engenharia Química e Biológica. A minha presença e participação ativa nas ações da Associação European Young Engineers (EYE), mesmo durante o meu mandato na Ordem dos Engenheiros, fez com que fosse convidada pelo anterior presidente a candidatar-me e continuar o seu mandato.

Tem sido um constante desafio. Neste momento, lidero uma equipa de engenheiros cheios de energia e com vontade de criar um impacto positivo em toda a Europa. Aprendo todos os dias com as equipas com que trabalho e acredito que isto é, no fim do dia, o melhor que posso reter. O que marca verdadeiramente a diferença no percurso de cada um é conseguirmos devolver à sociedade aquilo que recebemos e essa tem sido a minha missão ao longo dos anos. Tenho procurado retribuir, quer seja através do envolvimento em associações, da partilha de conhecimento entre gerações ou da promoção ativa para um setor mais sustentável e inclusivo. Este espírito de giving back é, para mim, inseparável do sucesso profissional.

“Felizmente com a evolução de mentalidades, mais mulheres estão a optar por estas áreas e com incentivos crescentes à contratação igualitária”.

Como é ser mulher numa posição de liderança num setor ainda marcadamente masculino? Já sentiu que teve de “provar mais” por ser mulher?

Tenho o privilégio de trabalhar numa empresa onde a equidade e a inclusão são valorizadas e incentivadas. E existem vários estudos que comprovam que equipas diversificadas são mais criativas, eficientes e eficazes. Se houver esta mentalidade adotada nos locais de trabalho, existirão mais oportunidades para homens e mulheres, em conjunto, criarem solução com mais impacto de maior valor de forma sustentável.

Ainda que a discriminação ou falta de oportunidades não tenha sido uma realidade que tenha vivido de forma direta, reconheço que é uma experiência partilhada por muitas mulheres na engenharia. Está muitas vezes inerente ao facto de sermos mulheres num setor ainda marcadamente masculino — e à necessidade sentida de provarmos constantemente o nosso valor. Por vezes, isso traduz-se em trabalhar mais e em entregar mais, para que estereótipos não representem um entrave ao reconhecimento e ao desenvolvimento profissional.
Acredito que uma liderança verdadeiramente inclusiva implica promover a igualdade de oportunidades e criar ambientes onde todos – independentemente do género – possam desenvolver o seu potencial.

Felizmente com a evolução de mentalidades, mais mulheres estão a optar por estas áreas e com incentivos crescentes à contratação igualitária. Seja através dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, como o ODS 5 – Igualdade de Género, ou por meio de certificações como o GEEIS (Gender Equality European & International Standard). Hoje percebo que estes incentivos, e até mesmo a lei da paridade, são importantes para promover a transformação deste paradigma, dando oportunidade a muitas mulheres competentes que de outra forma não teriam lugar para mostrar o seu valor.

Que valores considera essenciais para exercer uma liderança inclusiva e transformadora na engenharia?

Para mim, liderar é uma responsabilidade. Acredito que é fundamental promover o respeito, a escuta ativa e a valorização das diferenças. É crucial criar oportunidades para que todos, e, nesta conversa em particular, as mulheres, possam prosperar em qualquer setor que integrem, pois só com uma cultura de colaboração conseguimos construir equipas verdadeiramente motivadas e inovadoras. Esta deve ser também a missão de uma liderança inclusiva: ir além da representatividade e exercer, de forma consistente e aberta, uma capacidade genuína de inclusão.

Esta mentalidade não deve limitar-se ao contexto laboral. Deve começar muito antes, no seio familiar e na escola. É também através da educação que devemos promover ferramentas para uma liderança inclusiva. Até porque é neste ambiente que nascem os líderes do amanhã e, é fundamental que também eles integrem valores como a equidade, a colaboração e a inclusão.

Tenho, por isso, procurado contribuir ativamente para este caminho, criando oportunidades e incentivando outras mulheres a assumirem cargos de responsabilidade, independentemente de estarem inseridas em ambientes tradicionalmente masculinos. Liderança é um exercício transversal a todas as áreas. Um líder tem que ter visão, propósito e resiliência. Alinhar a nossa comunicação com a linguagem de cada um dentro de uma equipa é a base para que o coletivo se mantenha motivado e mais produtivo, principalmente em grupos de trabalho e associações sem fins lucrativos. E, reforço novamente, que o papel de um líder é contribuir apenas para um propósito: criar impacto na sociedade, de forma positiva.

A Eco-Oil atua numa área crítica: o tratamento de águas residuais provenientes de navios-tanque. Quais têm sido os maiores desafios e conquistas na implementação de soluções mais sustentáveis?

Mais que um constante desafio, para mim, é um privilégio fazer parte da Eco-Oil e do seu propósito e compromisso com o ambiente. Participei na SB62, da Convenção do Clima das Nações Unidas (UNFCCC), onde se discutiu as alterações climáticas e a forma como os países têm contribuído para a defesa ambiental do planeta. E aqui, cada vez mais, percebo que a economia circular deve ser uma das bases para uma transição energética eficaz.

O facto de a Eco-Oil ser uma das instalações responsáveis pelo tratamento de resíduos provenientes dos navios-tanque — resíduos estes que, de outra forma, poderiam ser descarregados no meio ambiente sem qualquer tratamento ou valorização — reforça o compromisso ambiental que assumimos de forma contínua. Para além do tratamento de águas contaminadas, produzimos ainda o EcoGreen Power, um fuelóleo 100% reciclado e que reduz 99% das emissões comparado com o fuel tradicional.

Por isso, a nível profissional, o meu maior desafio e a minha maior fonte de motivação na Eco-Oil é o facto da nossa matéria-prima ser um resíduo. A variedade de características químicas e físicas torna o processo mais complexo, onde o controlo de tratamento e produção deve ser continuamente ajustado e monitorizado. Não existem tecnologias “chave na mão” no mercado e o sucesso do processo está no conhecimento que adquirimos e aplicamos na tecnologia que importamos de outras indústrias.

E é também isto que nos permite afirmar, com convicção, que na Eco-Oil investimos de forma contínua na inovação dos nossos processos industriais, na monitorização em tempo real e na qualificação das nossas equipas. Todos os anos, desenvolvemos novos projetos com as universidades e convidamos alunos a trabalhar em colaboração connosco, pois acreditamos que o seu contributo é essencial para desafiar o que temos vindo a fazer, testar novas soluções e fomentar um ambiente de inovação constante. Esta aposta tem sido determinante para continuarmos a desenvolver as melhores respostas para os nossos clientes e mercado.

“(…) no projeto Interreg @Blue Ports, foi estudada uma tecnologia portátil e disponível para uso dos portos, quando os navios não estão equipados com unidades de tratamento”.

O que destaca do projeto Interreg @Blue Ports e que impacto teve no setor?

O projeto Interreg @Blue Ports foi uma oportunidade determinante para reforçar a abordagem colaborativa entre diferentes países europeus na proteção dos oceanos. Para manterem a estabilidade durante as suas viagens, os navios recorrem a tanques específicos onde armazenam água do mar. A essas águas chamamos águas de lastro. Quando os navios chegam aos portos para carregar mercadorias, descarregam a água de lastro que transportaram durante a viagem. E quando estão vazios ou parcialmente carregados, aspiram água do mar para manter a estabilidade da embarcação. Este processo, comum na navegação intercontinental pode representar um risco ambiental significativo: ao descarregar a água de lastro em portos distantes da sua origem, os navios podem introduzir espécies marinhas não nativas, com potencial invasor, comprometendo o equilíbrio dos ecossistemas locais.

A convenção IMO decidiu, por isso, que o tratamento dessas águas era obrigatório. E, tendo isso em mente, no projeto Interreg @Blue Ports, foi estudada uma tecnologia portátil e disponível para uso dos portos, quando os navios não estão equipados com unidades de tratamento. A Eco-Oil foi um dos players que testou esta tecnologia, monitorizou os seus resultados e sugeriu melhorias, contribuindo, simultaneamente, para que este projeto pudesse ser aplicado enquanto modelo de negócio eficaz.

Como imagina o futuro da engenharia industrial em Portugal, numa perspetiva de inovação verde?

O setor industrial em Portugal tem uma oportunidade clara para ser exemplo na Europa na transição para modelos de produção mais sustentáveis. Beneficiamos de um conjunto de recursos naturais que nos permitem inovar — e essa inovação é cada vez mais urgente. É, por isso, necessário repensar o uso destes recursos, integrando-os em modelos circulares que valorizem o reaproveitamento de resíduos e promovam maior eficiência energética. A inovação verde deve ser um pilar na proteção do ambiente, mas também na criação de valor económico e social. No entanto, para que esta transição seja eficaz, é fundamental que exista uma visão clara e integrada por parte de entidades governamentais sobre o rumo que o país deve seguir.

A economia circular, uma área em que é dada pouca atenção nas políticas públicas, é uma peça-chave para assegurar uma transição de forma progressiva e sustentada. Esta tem o potencial de transformar a indústria num setor mais resiliente, sustentável e competitivo. Portugal tem avançado na promoção deste modelo, mas ainda tem um longo caminho pela frente — estamos entre os quatro países da União Europeia com menor taxa de circularidade, pouco acima de 2,5%. É, por isso, importante que este modelo seja apoiado por medidas estruturais e incentivos que facilitem a sua adoção.

Na Eco-Oil, fazemos da inovação um verdadeiro motor de transformação, desenvolvendo soluções industriais que reduzem o impacto ambiental sem comprometer o desempenho, contribuindo ativamente para as metas de descarbonização e assegurando, em simultâneo, a sustentabilidade económica das pequenas empresas. E acredito que o futuro da engenharia industrial deve passar por este mesmo compromisso de alinhar conhecimento técnico e inovação a uma visão sistémica e colaborativa, com verdadeira capacidade de aplicação a uma escala industrial, e não apenas laboratorial.

Para tal, é necessário investimento, formação e políticas regulatórias que desbloqueiem esta capacidade de adoção, muitas vezes, complexa para o tecido empresarial português – que é maioritariamente composto por pequenas e médias empresas. Só desta forma conseguimos acelerar uma indústria neutra em carbono.

“Durante este mandato, enquanto presidente, quero continuar a promover a colaboração entre engenheiros de diferentes setores e países”.

Foi recentemente eleita presidente da European Young Engineers. Que objetivos traça para este mandato?

É uma enorme honra presidir à European Young Engineers (EYE), organização que representa jovens engenheiros de 35 associações de diversos países europeus. Na EYE, organizamos duas conferências técnicas por ano e estamos a expandir também o formato online, criando espaços de partilha, reflexão e aprendizagem contínua. Para além disso, procuramos colaborar também com outras associações, ampliando o debate a temas centrais para o futuro da engenharia, onde o nosso conhecimento técnico pode – e deve – ser um contributo relevante para a tomada de decisão e para a construção de soluções sustentáveis.

Durante este mandato, enquanto presidente, quero continuar a promover a colaboração entre engenheiros de diferentes setores e países. Tenho como principal objetivo manter a equipa fantástica e dinâmica de voluntários motivada, para que possamos apresentar-nos como uma associação forte e representativa.

Isto porque ser jovem nesta profissão é também, por vezes, uma barreira. Ao sermos uma voz coletiva e única, damos força à intervenção e contributo que os jovens engenheiros podem trazer para as organizações. Muitas vezes, assuntos especialmente técnicos são discutidos apenas sob interesses políticos, sem o devido suporte em fundamentos técnicos. É precisamente neste ponto que a nossa associação pode fazer a diferença, trazendo um impacto positivo.

“Somos, por isso, responsáveis pelas próximas transformações e pelaa geração de líderes que deve trazer novas perspetivas, competências e um olhar mais crítico (…)”. 

Porque é tão importante dar voz e espaço aos jovens engenheiros nas organizações e decisões estratégicas?

A nossa geração cresceu com preocupações voltadas para a sustentabilidade – algo que acontecia menos em gerações anteriores. Não só assistimos ao impacto das alterações climáticas como uma realidade que nos afeta particularmente, como também percebemos rapidamente que, se não mudarmos o paradigma, este impacto será ainda mais severo para as gerações futuras.

Somos, por isso, responsáveis pelas próximas transformações e pela geração de líderes que deve trazer novas perspetivas, competências e um olhar mais crítico sobre o impacto das suas decisões. Enquanto jovem e mulher, vejo isto como algo que deve ser garantido na promoção de ambientes laborais mais saudáveis e inclusivos.

Sente que há uma mudança de mentalidades em curso dentro das empresas e instituições de engenharia? Que desafios persistem?

Acredito que há hoje um reconhecimento crescente de que os modelos tradicionais já não respondem às exigências do mundo atual, seja em termos ambientais, sociais ou tecnológicos. Assistimos, por isso, a um reforço do foco na sustentabilidade, na diversidade das equipas, na digitalização e na valorização do talento jovem. As empresas começam, também, a perceber que inovar e diversificar não é opcional, mas sim uma questão de sobrevivência e começam, por isso, a investir mais na retenção e formação de talento.

Ainda assim, continuamos a assistir à falta de investimento consistente em formação contínua, bem como à manutenção de estruturas pouco ágeis e pouco participativas, à limitação do acesso de jovens e de mulheres a cargos de decisão e a políticas pouco eficazes na atração e retenção de talento.

Portugal é, aliás, um dos países da Europa que mais dificuldades enfrenta neste último ponto. O setor da engenharia tem um enorme potencial de transformação, mas falta de mão de obra. Precisa de incentivos, vontade política e compromisso empresarial para se reinventar e criar oportunidades mais atrativas e sustentáveis. Precisamos de transformar não apenas os sistemas, mas também as mentalidades.

O que falta fazer para atrair e reter mais mulheres na engenharia, especialmente em cargos de decisão?

Antes de falarmos em reter mulheres em posições de decisão, primeiro é necessário permitir o acesso das mulheres a estes cargos. É fundamental garantir condições de igualdade ao longo de toda a trajetória profissional. Embora seja comum vermos jovens engenheiras a seguir carreira em áreas como laboratório e investigação, ainda são poucas as que optam por funções operacionais ou industriais, e poucas as que chegam a cargos de decisão nestas áreas.

A mudança exige, por isso, políticas eficazes de conciliação entre a vida pessoal e profissional, o combate às desigualdades salariais, mecanismos de progressão baseados no mérito e, sobretudo, ambientes inclusivos, onde todas se sintam ouvidas, valorizadas e respeitadas. E acrescento, talvez, a aposta em redes de mentoria, visibilidade e apoio, com exemplos concretos de mulheres em cargos de gestão, que possam servir para inspirar estas novas gerações. A representatividade é um fator-chave, não apenas para atrair mais talento feminino, mas para mostrar que é possível construir carreiras sólidas e significativas na engenharia, independentemente do género.

“(…) precisamos de aproximar a engenharia das pessoas, de comunicar melhor o que fazemos e de dar palco a projetos inspiradores (..)”.

Como podemos tornar o setor mais atrativo para as novas gerações, incluindo perfis mais diversos?

Sabemos que é necessária uma mudança de narrativa e, ao aproximarmos as novas gerações da engenharia, conseguimos mostrar que esta é uma profissão criativa, com propósito, e, principalmente com impacto no futuro.

Para isso, precisamos de aproximar a engenharia das pessoas, de comunicar melhor o que fazemos e de dar palco a projetos inspiradores, trajetórias diferentes e a profissionais que representem a pluralidade deste setor. Mostrar que há espaço, e necessidade, para diferentes formas de pensar, de trabalhar e de liderar. E que a diversidade não é uma concessão, mas uma mais-valia estratégica. A engenharia está em tudo que vemos, tudo o que usamos e tudo o que comemos, mas nunca pensamos muito sobre isto. É como se tivesse um papel silencioso no nosso dia a dia, mas nem por isso menos importante. É importante que se reflita sobre o seu papel para que esta área se torne mais atrativa.

Que mensagem gostaria de deixar às jovens engenheiras que hoje estão a começar o seu percurso?

Gostaria apenas de sublinhar a importância de nunca subestimarem o vosso valor, a vossa voz e a vossa capacidade de transformar o setor – e o mundo. A engenharia precisa de novas perspetivas e de ousadia para desafiar pressupostos, mesmo quando se tem de lutar pelo reconhecimento do nosso trabalho.

Acredito que cada passo, por mais pequeno que pareça, abre caminho a novas oportunidades. O nosso papel, hoje, é criar as condições para que esse caminho seja mais justo, mais sustentável e mais humano. O mais importante de tudo continua a ser o perceber o nosso propósito e mantê-lo bem presente no nosso dia-a-dia. Nem todos os dias serão bons ou estimulantes, mas, nesses dias, que sejamos capazes de relembrar esse caminho percorrido e o que ainda falta fazer.

 

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