A cultura da sua empresa não é a mesa de pingue-pongue, diz cofundador do WordPress

A cultura está nos princípios e valores da organização – mesmo sem haver instalações físicas ou reuniões em pessoa, diz Matt Mullenweg, cofundador da WordPress. Para o empreendedor, trabalhar fora do escritório capacita-nos e faz-nos ser mais criativos.
Se está entre os profissionais que tiveram de se adaptar ao trabalho em casa nos últimos meses, pode aprender algumas coisas com Matt Mullenweg. O cofundador da plataforma de criação de sites WordPress (e da Automattic, empresa-mãe) vive em Houston, nos EUA, enquanto supervisiona uma equipa de cerca de 1.100 funcionários a operar em 77 cidades no globo.
Trabalhar fora do escritório tem “um impacto incrível nas pessoas”, capacita-as a levarem vidas mais ricas. O que as leva a “serem capazes de colocar mais criatividade no trabalho”, declarou Matt Mullenweg à Inc. Para o empreendedor, qualquer pessoa – ou empresa – pode ajustar-se à vida pós-escritório se tentar. “Pode funcionar para todos, mas já vi pessoas desistirem mesmo antes de chegarem lá”.
Cuidado com os “falsos proxies”
Questionado sobre como as empresas podem rastrear a produtividade dos funcionários que trabalham em casa, o cofundador do WordPress observa que, mesmo no escritório, “medir a produtividade é realmente muito, muito difícil”. “É muito mais fácil não fazer nada no escritório do que em casa”, considera. “Quando trabalha em casa, e todos os colegas estão a ver os resultados do seu trabalho, se não o faz, é demasiado óbvio”, acrescenta.
Matt Mullenweg aponta alguns hábitos a que os funcionários podem recorrer para dar a ideia de que trabalham arduamente num ambiente tradicional de escritório – como entrar cedo e ficar até mais tarde, por exemplo – a que apelida de “falsos proxies”, adiantando que “onde trabalha e como trabalha não importa”. O mais importante: “pode criar algo excelente num dado período de tempo?”.
Fazer as reuniões valerem o tempo
Embora a maioria das reuniões não seja ótima, Matt Mullenweg afirma que “uma ótima reunião presencial é um pouco melhor que uma grande reunião remota, mas não muito”. E dá dicas para reuniões eficazes:
– Tenha uma agenda clara.
– Convide o número certo de pessoas e nada mais.
– Verifique que não há distrações ou pessoas a olhar para os telemóveis.
– Certifique-se de que dura o tempo necessário e que tem algum resultado.
O empreendedor também é fã de reuniões com algum movimento. Quando pode estar presente em pessoa, gosta de andar e conversar. Quando está remoto, sugere que tenham bons fones e se reúnam enquanto andam/estão em movimento.
Encontrar as ferramentas que funcionam
De acordo com Matt Mullenweg, a Automattic mal usa os emails, exceto para comunicar com pessoas de fora da companhia. A equipa usa uma plataforma de blog interna chamada P2, que está a começar a disponibilizar para outras empresas.
Os blogs “elevam a palavra escrita e permitem que a escrita seja a maneira de colaborar”, diz. Isto não quer dizer que a Automattic não utilize a popular chat app Slack. Matt Mullenweg afirma que foi o primeiro a adotar a Slack e cita-a – em conjunto com o Zoom, o Google Docs e outras aplicações – como fazendo parte de um fluxo de trabalho distribuído e em funcionamento. Trata-se de ter “tudo o que for eficaz para todos. De gerir estas ferramentas para que elas não o giram a si”.
Criar uma cultura distribuída
“A sua cultura não é a mesa de pingue-pongue”, observa Matt Mullenweg, aludindo às regalias que muitas organizações colocam à disposição dos colaboradores nos locais de trabalho. Ela encontra-se nos princípios e valores da sua empresa: mesmo sem um escritório e reuniões em pessoa, estes podem e devem ser partilhados.
“Acredito que a sua cultura está sempre a acontecer”, diz o executivo. Pelo que, trabalhar em casa, em circunstâncias extraordinárias, num futuro próximo, é algo a ter em mente.