Opinião
A angústia dos exames vivida por dentro!
Desde 2013, ano em que assumi a liderança do The Lisbon MBA Católica|Nova, que a educação passou a fazer parte da minha vida. Enquanto diretora executiva tive oportunidade de conhecer pessoas extraordinárias, com histórias que me inspiraram.
Pessoas que por quererem mudar de vida, decidiam embarcar na aventura de fazer um MBA e dar um novo rumo às suas carreiras. Muitas mudaram de área, várias de país. Outras houve que cresceram nas suas empresas e mais umas quantas que descobriram novas paixões.
Quanto a mim, conheci, também eu, uma nova paixão. Senti de perto o poder transformador da educação, e durante vários anos viveu em mim a vontade de lançar um projeto que me permitisse trabalhar com jovens, numa fase anterior a um MBA. Aquela fase em que ainda está tudo em aberto e em que tudo é possível. Trabalhar com jovens entre os 14 e os 18 anos tem sido uma jornada inacreditável. Ajudá-los a descobrir quem são, explorar as suas paixões e talentos e a perceberem o que genuinamente lhes interessa é profundamente energizante e inspirador.
Durante estes três anos da vida da Shape Your Future, muitos têm sido os jovens que temos ajudado a escolher a sua licenciatura. Muitos deles, que chegaram cheios de certezas e que no processo de autoconhecimento, descobriram um novo caminho. Mas também aqueles que chegaram cheios de dúvidas e que ao longo do processo foram encaixando as peças, tendo tudo ficado claro.
A beleza do processo é que não termina até que fiquem colocados na universidade. Vivemos com eles a angústia dos exames, das médias e das colocações. Vimos muitos alunos que são traídos pelas notas dos exames, mas também assistimos ao contrário. Sentimos que fazemos grande parte do caminho com eles, mas a verdade é que existe uma realidade que para mim não era óbvia: a angústia dos pais!
Foi só este ano que percebi o sentimento de quem tem filhos a fazerem exames nacionais. Desde a tabela com as médias, até às diferentes simulações de resultados, é vermos os nossos filhos a tentarem dominar o excel.
Como mãe observei de perto esta realidade. As idas matinais para a escola, a procura de bibliotecas na cidade, onde pudesse estudar, e os planos de estudo estruturados, para que houvesse tempo para estudar a matéria toda.
Esta foi talvez uma das épocas que me senti mais impotente relativamente à educação das minhas filhas. Não sabia se devia perguntar como estava a correr o estudo, ou se o melhor era falar de outro assunto. Se não perguntar podia soar a desinteresse ou se perguntar a falta de confiança. Também não queria cair no cliché de dizer que ia correr tudo bem, mas ao mesmo tempo não queria deixar de dar uma palavra de conforto.
E em todo este processo, aprendi que, como em muitas coisas da vida, só tinha que estar. Estar disponível para a ouvir, estar atenta aos pequenos sinais, saber quando era a hora de fazer uma pausa e aproveitar para a convidar a dar um passeio.
Vestindo o meu papel de mãe só queria que tudo corresse bem, que a minha filha não se deixasse dominar pelos nervos e que conseguisse dar o melhor de si própria. Queria também que ela sentisse que tinha o meu apoio e que, independentemente dos resultados, cá estaria para a ajudar. Houve muitas coisas que não lhe disse, mas que sei que ela sentiu. Agora, como todas as outras mães, cujos filhos fizeram os exames nacionais, aguardo os resultados dia 15 de julho.
Para mim, este foi um enorme processo de aprendizagem em vários dos papéis que represento. Porque, para além da angústia de mãe, agora consigo perceber verdadeiramente a dimensão da angústia dos jovens com quem trabalho. E não consigo deixar de pensar o quão injustos são alguns dos comentários dirigidos a esta geração.