3 tendências no investimento de business angels europeus para estar atento em 2023

Investimento nos setores fintech e saúde, diversidade e inclusão no ecossistema, e negócios de impacto são algumas das tendências que Elena Nikolova, community manager do CEO Angels Club, grupo de executivos e empreendedores da Bulgária, aponta na atividade dos business angels para o próximo ano.

Bruxelas tem sido um ponto fulcral para os formuladores de políticas e criadores de tendências discrutirem questões de importância global e lançar iniciativas com potencial para impactar o mundo inteiro. Não é por acaso que a entidade que liga as redes de business angel em toda a Europa, a European Business Angels Network (EBAN), tem a sua sede na Bélgica.

Em outubro, Bruxelas voltou a ser o local onde 500 pessoas de todo o mundo se reuniram para discutir o desenvolvimento do ecossistema dos business angels da Europa. Tendo em conta este evento, Elena Nikolova, community manager do CEO Angels Club, grupo de executivos e empreendedores da Bulgária, cofundadora da Escreo, que projeta e fabrica produtos para aumentar a produtividade, colaboração e criatividade de qualquer espaço de trabalho, e uma das criadoras da FEB, uma comunidade de mulheres fundadoras que promovem o empreendedorismo feminino na Bulgária, aponta no site búlgaro The Recursive as três principais conclusões do European Angel Investment Summit 2022 que irão marcar os investimentos dos business angels no próximo ano.

1. Os business angels desempenham um papel fundamental no avanço da inovação
O comissário europeu para os Assuntos Económicos e Financeiros, Paolo Gentiloni, afirmou que “os business angels são cruciais para nutrir as start-ups nos seus estágios iniciais e as mais vulneráveis. Eles fornecem um pacote exclusivo de financiamento, orientação e redes”.

O investimento dos business angels europeus aumentou 89,9% de 2020 a 2021, estabelecendo um novo recorde com 1.456 milhões de euros de investimentos realizados no ano passado, segundo o EBAN Statistics Compendium 2021.

O investimento deste grupo de investidores representa a maior fatia do mercado em estágio inicial, com um investimento anual estimado em 1,45 mil milhões de euros, o equivalente a aproximadamente 49% do mercado total. O número de business angels na Europa aumentou 22%, para os 39.410, com investimentos em três setores principais: fintech; saúde e software empresarial.

O setor fintech tem sido tradicionalmente reconhecido como uma das indústrias mais interessantes para investir para investidores de risco, como capital de risco e business angels. Pelo segundo ano consecutivo, este setor lidera as estatísticas como a indústria mais interessante para os business angels investirem em toda a Europa. Segundo Elena Nikolova, o potencial de escala e inúmeras oportunidades de saída são apenas algumas das razões pelas quais o setor fintech é um dos mais atraentes para investir.

Ainda de acordo com Nikolova, as empresas com maior avaliação são as fintech (por exemplo, a sueca Klarna foi avaliada em 45,6 mil milhões de dólares em 2021 e a Revolut em 33 mil milhões de dólares).

Após a pandemia de Covid-19, a tecnologia da saúde também se tornou num setor atraente de investimento a ser explorado. Soluções inovadoras no campo da telemedicina, que ligam pacientes e médicos online, estão a aumentar.

Em relação aos países onde a atividade de business tem sido mais notória, NIkolova destaca, na Europa Central e Oriental (CEE, na sigla em inglês), a Sérvia e a República Checa que registaram aumentos significativos na atividade de business angels e novos recordes de investimento.

2. Mulheres investidoras estão em foco, com a CEE a liderar o caminho
Apesar dos esforços contínuos, a percentagem de mulheres na Europa dentro da classe de ativos de business angels estagnou em cerca de 10% na última década. Além disso, embora tenha sido comprovada uma maior taxa de sucesso de start-ups lideradas por mulheres, elas ainda representam cerca de 1% do capital total investido.

Diversidade e inclusão são essenciais no ecossistema de start-ups e investimento e é por isso que a EBAN se compromete a triplicar a representação das mulheres no ecossistema, ao lançar o Manifesto For a Gender Balanced Angel Investing Ecosystem. Curiosamente, a Europa Central e Oriental (CEE, na sigla em inglês), está a mostrar a maior proporção de mulheres a investirem como business angels nos negócios (cerca de 30%). Na Europa Ocidental, as mulheres business angels ainda representam uma pequena fatia da comunidade – cerca de 11% da população.

“Há muitas mulheres que atuam como mentoras – elas fazem o que os business angels fazem, apoiam start-ups, proporcionam-lhe network, partilham conhecimento, às vezes dão dinheiro, mas chamam a isto de mentoring. E este cenário deve mudar. Precisamos de estabelecer uma relação profissional e isso é importante para ambos os lados”, referiu Selma Prodanovic, vice-presidente da EBAN.

As equipas com mulheres fundadoras garantiram apenas 0,4% do capital de risco europeu até agora em 2022.

Uma das razões é que as mulheres não têm acesso igual ao capital e o mundo do capital de risco geralmente é um mundo dominado pelos homens. Apenas 10-15% dos sócios dos fundos são mulheres.

“A falta de modelos suficientes para inspirar mais mulheres a tornarem-se empreendedoras é outro déficit que testemunhei na Bulgária. Por razões históricas, económicas e sociais, acredito que as mulheres empreendedoras nos países da nossa geografia ainda enfrentam atitudes antiquadas e preconceituosas da sociedade. Os media, que deveriam desempenhar um papel significativo na preparação do palco para a igualdade e a diversidade, praticamente perdeu a sua função”, afirmou Nikolova.

3. Investir com impacto
Nikolova afirma que o investimento de impacto veio para ficar “e que não basta apenas alinhar a sua estratégia de investimento com os ODS – o próximo desafio é como mede e monitoriza e fala a mesma linguagem com os stakeholders. O Upright Project, por exemplo, é a primeira plataforma de dados de impacto de acesso aberto do mundo que permite uma tomada de decisão mais inteligente para investidores, empresas e governos, quantificando o impacto líquido das empresas”.

“A Europa ainda está atrasada em relação à América do Norte, mas alimenta redes de investidores e start-ups em toda a Europa, adotando a colaboração e a cultura “vamos fazer isto juntos, harmonizando estruturas legislativas nos Estados-Membros, derrubando as barreiras para iniciar novos negócios, usando a tecnologia como um facilitador na Europa para os business angels aumentarem a sua atividade de investimento e estreitarem as relações entre universidades/centros de investigação e investidores privados, o que pode ser uma vantagem competitiva para o Velho Continente, conclui a Nikolova.

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