Avalie numa semana se a sua ideia de negócio é viável

Através do Sprint, desenhado pelo fundo de capital risco da Alphabet, é possível analisar em cinco dias a viabilidade de uma ideia de negócio.
O Google Ventures, o fundo de capital risco da Alphabet, desenhou um processo de cinco dias para analisar a viabilidade de qualquer negócio. Denominado Sprint, o método ajuda a obter informação sobre protótipos, em vez de sobre produtos mínimos viáveis.
O site espanhol Empreendedores partilhou as principais ideias do seu método de análise em 40 horas.
Segunda-feira: “esmiuçar” o problema
“A ideia é que, no primeiro dia, toda a equipa analise todos os seus conhecimentos. Geralmente, os conhecimentos e a experiência da maioria das equipas que arrancam com um negócio costuma ser assimétrica. O que sabe o pessoal de vendas não costumam saber os engenheiros. As pessoas com experiência em apoio ao cliente têm conhecimentos que ninguém partilhou antes com os desenhadores…”, declara Jake Knapp, sócio da Google Ventures e coautor do Sprint.
Como extrair essa informação? Knapp propõe realizar os seguintes exercícios, quer se trate de um negócio que começa do zero, quer se trate de uma empresa que está a lançar um novo produto ou quer desenhar um novo serviço:
1. Qual é a oportunidade de negócio? “O CEO – ou a equipa fundadora – apresenta a toda a equipa qual é a ideia de partida: qual é a solução que foi encontrada para um problema dos consumidores e sobre que dados se sustenta”, explica.
2. Como está a ser solucionada e a concorrência? Sobretudo, como estão a solucionar esse problema os produtos substitutivos? “Neste ponto trata-se de analisar entre todos os produtos do mercado que resolvem direta ou indiretamente esse problema”, esclarece Knapp.
3. Se o solucionamos, que características gostaríamos que tivesse o nosso produto/serviço? A equipa completa coloca-se na pele do utilizador e analisa como se comportaria.
4. Entrevistas de equipa. O CEO reúne-se com os diversos perfis da equipa: comerciais, apoio ao cliente, desenho… para os confrontar com a ideia inicial e com a sua visão particular baseada na sua experiência profissional.
Terça-feira: desenhar soluções em papel
Com toda a informação que se reuniu no primeiro dia, “a equipa deve trabalhar de forma separada para encontrar soluções para o problema. A ideia é assegurar o máximo grau de detalhe nas soluções e a mínima influência do pensamento em grupo”, continua Knapp. Este processo deve ser anónimo. A ideia é evitar que os os líderes carismáticos se tentem impor nos processos de brainstorming.
O modelo Sprint do Google Ventures sugere organizar o processo com estes oito passos:
1. Ouvir uma parte do problema. “Toda a equipa se concentra no mesmo problema. Podem ouvir logo diferentes partes desse problema, mas todos devem trabalhar no mesmo sentido”, explica.
2. Tomar notas. “Anotar durante cinco minutos em papel (valem também notas autocolantes) tudo o que cada participante considera que é importante”, continua.
3. Mapa mental. “Esta fase consiste em dedicar 10-15 minutos a anotar também ideias que não estão relacionadas diretamente com o problema e que, com efeito, podem não ter a ver com a solução. A ideia é misturar as ideias vinculadas a solucionar o problema com outras ideias”, acrescenta.
4. Os ‘loucos oito’ (crazy eight). “Cada participante dobra uma folha ao meio quatro vezes. Quando acaba, desdobra-a. O resultado são oito painéis ao género de guião gráfico (storeboard), nos quais o participante deve desenhar esboços para explicar o produto durante cinco minutos. Cada painel tem 40 segundos… o que é uma loucura”, informa. Knapp propõe fazer duas rondas. Este método, reconhece, inspira-se no método 6-3-5 do gamestorming.
5. Guião gráfico. É o momento de sistematizar tudo o que se aprendeu até agora, num novo guião gráfico com a história do utilizador.
6. Crítica silenciosa. Realizam-se críticas anónimas no papel, que se partilham entre todos os participantes.
7. Críticas de 3 minutos. Um por um, cada participante tem 3 minutos para se colocar diante do guião gráfico e comentá-lo.
8. Voto. Votam-se as melhores ideias.
Depois de completar estes oito passos, volta-se a começar…
Quarta-feira: converter as melhores ideias em hipóteses
Já temos uma lista com as melhores soluções. “Isso é um problema, porque não podemos fazer um protótipo de alta fidelidade para cada uma delas para as testar. Temos que nos concentrar em conseguir uma solução. Para isso, temos que trabalhar nos planos de um protótipo para uma solução e começar a pensar com quem a vamos testar”, propõe Knapp.
Como decidir quais ideias a prototipar? Este método sugere fazer as seguintes provas:
1. Onde há conflito? “Trata-se de analisar a lista de soluções e concentrar-se nos pontos onde duas ou mais soluções resolvem um mesmo problema de forma diferente”, explica.
2. One-shot. “Confiando no instinto de todo o grupo, consiste em ouvir qual delas é a que reúne o maior consenso”, defende.
3. Fazer uma ‘batalha Real’. A ideia é ouvir as opções que mais convencem a equipa, prototipá-las em baixa-fidelidade, compará-las e eleger uma delas.
No método Sprint, a decisão final é tomada por uma só pessoa, à qual se denomina ‘Decisor’. Em geral é o CEO, mas dependerá da natureza do negócio.
Quinta-feira: desenhar um protótipo de alta-fidelidade
No quarto dia, “a ideia é construir um protótipo o mais realista possível de alta qualidade em somente oito horas. Além disso, deve eleger-se uma equipa de especialistas e distribuir tarefas”, anota Knapp.
Como fazer um protótipo o mais rapidamente possível? Não se trata de se pôr com máquinas 3D, nem a programar a sério, mas sim a desenhar num Powerpoint ou num Keynote muito detalhado, que inclua modelos (mockups) com texto real e com links válidos.
Sexta-feira: provar o protótipo com clientes reais
“O último dia destina-se a apresentar o protótipo a consumidores de carne e osso em entrevistas pessoais individuais”, propõe Knapp.
O Google Ventures tem um sistema detalhado para eleger os candidatos, elaborar os questionários e levar a cabo as entrevistas.
O que se aprende com todo este processo?
1. Que problemas, necessidades e motivações têm os utilizadores.
2. Como avaliam os consumidores os produtos.
3. Se a vossa proposta de valor é compreensível.
4. Que mensagens são mais efetivas nesta primeira fase.
5. Se o produto é fácil de utilizar.