Entrevista/ “Estamos a fazer um investimento de 720 mil euros em Guimarães”

Luís Garcia, diretor de Projetos da OLAmobile

Multinacional reforçou a sua aposta em Portugal com a abertura de um escritório em Guimarães, onde instalou a sua primeira equipa técnica com o apoio do Portugal 2020. Ao Link To Leaders, Luís Garcia, diretor de Projetos da OLAmobile, falou do projeto de investigação que está a desenvolver em parceria com a Universidade do Minho e sobre o mercado publicitário.

A OLAmobile, empresa multinacional de global mobile marketing, abriu recentemente o seu segundo escritório em Portugal, na área de Guimarães, onde instalou a sua primeira equipa técnica em solo nacional. Com esta nova sucursal, a empresa iniciou também uma parceria com a Universidade do Minho, tendo em vista colocar em prática um projeto de investigação que visa desenvolver um novo algoritmo automático para a previsão e otimização de campanhas publicitárias para dispositivos móveis em modelo de subscrição (PROMOS).

O escritório em Guimarães representa um investimento acima de 720 mil euros – financiado em mais de 75% pelo Portugal 2020 –, a contratação de cinco novos funcionários e a criação de duas bolsas de doutoramento e duas bolsas de mestrado na escola de engenharia da Universidade do Minho.

Até ao momento, a OLAmobile contava já com duas equipas técnicas: uma situada no Luxemburgo e outra na Roménia. Em Portugal, a equipa terá como objetivo prever qual o melhor produto móvel a mostrar ao utilizador final, de modo a otimizar os interesses dos agentes envolvidos no negócio da tecnológica: anunciantes, webmasters e criadores de conteúdos móveis e também os utilizadores finais.

Em Portugal qual o segmento que gera maior retorno para o cliente: publicidade em papel ou no digital?
Depende sempre do tipo de cliente e do produto a ser comunicado, mas a realidade é que os canais digitais estão a revelar-se um excelente meio para os anunciantes promoverem os seus produtos e serviços, devido à elevada capacidade de monitorização e acompanhamento das campanhas em tempo real, nomeadamente em produtos mobile, como aplicações e serviços de entretenimento.

O investimento publicitário no canal mobile, por exemplo, duplicou nos últimos dois anos e esse é o sinal que os tempos estão a mudar. Os consumidores estão cada vez mais tempo online através dos seus smartphones e esta audiência é passível de ser analisada com base em mais variáveis de segmentação, permitindo uma criação de mais conhecimento factual e em tempo real, capaz de identificar novos padrões de forma a realizarem decisões de negócios mais rápidas e mais ajustadas, permitindo um maior engagement e taxas de conversão.

Há diferenças no comportamento do anunciante e do leitor mobile em países como Luxemburgo, Roménia e Portugal? O que leva a OLAmobile a apostar nestes mercados?
A OLAmobile é uma empresa exportadora tanto em Portugal, como no Luxemburgo, no México ou na Roménia, onde temos escritórios. Os nossos principais mercados em termos de volume são a América Latina e Ásia-Pacífico. Trabalhamos vários tipos de produtos e serviços mobile e, seja qual for a geografia, temos de ir ao encontro dos objetivos dos nossos anunciantes, dos nossos publishers e, também, do cliente final. Mesmo dentro da mesma geografia, o nosso algoritmo de otimização de publicidade mobile traça um perfil de cada utilizador com base em diversas variáveis, tais como o sistema operativo, o modelo de telemóvel, o operador de telecomunicações que utiliza para aceder à Internet Mobile, entre outros, que permitem um maior detalhe na análise do perfil do utilizador e, consequentemente, um melhor match entre o produto a ser anunciado e o utilizador a ser impactado por esse anúncio.

Quantos colaboradores conta atualmente a OLAmobile?
Atualmente, o Grupo OLAmobile já conta com mais de 100 colaboradores à escala global.

Quanto já investiram em Portugal até à data?
A OLAmobile foi fundada em 2011 e desde 2012 que está em Portugal. A nossa sede situa-se no Luxemburgo, onde temos uma equipa técnica, mas, atualmente, o escritório de Lisboa é o que conta com a maior equipa e infraestrutura. Até à data, temos investido bastante em recursos humanos, infraestruturas e plataformas. Um dos exemplos é o investimento a rondar os 720 mil euros  que estamos a fazer em Guimarães, com um Projeto de Investigação e Desenvolvimento em parceria com a Universidade do Minho, no sentido de melhorar os processos de algoritmia nas nossas plataformas.

O que o mercado português pode oferecer à OLAmobile?
Para além de ser um mercado onde temos alguns clientes, o mercado português tem sido muito importante para o desenvolvimento global do negócio da OLAmobile, visto que é em Portugal que temos as nossas estruturas de suporte e também a principal equipa de Vendas e Gestão de Clientes.

Em termos de captação de talento, Portugal tem várias universidades prestigiadas que geram capital humano com excelentes qualificações, com uma postura dinâmica que procura novas oportunidades de crescimento e de aprendizagem. Por outro lado, há um interesse crescente por profissionais de outros setores em entrar no mercado digital. Estas pessoas podem-nos trazer novos inputs e abordagens que nos permitam ver de uma outra forma o nosso negócio, gerando valor acrescentado. Daí pretendermos continuar a reforçar a nossa estrutura em Portugal.

Que tipo de clientes procura a OLAmobile?
Operamos na área de mobile marketing e especializámo-nos em Aquisição de Clientes e Performance Marketing, nos modelos de negócio CPA (custo por aquisição) e CPI (custo por instalação), focados na promoção de produtos para dispositivos móveis, como aplicações e serviços de conteúdos de entretenimento para telemóveis. Pretendemos ser um parceiro de referência para anunciantes que detenham produtos e serviços mobile e para publishers que tenham web sites e aplicações mobile com espaço publicitário disponível para promover os produtos dos anunciantes que trabalham connosco.

Atualmente, temos uma rede global de clientes com 600 anunciantes e 70.000 publishers, e o nosso objetivo é apoiar os anunciantes e distribuidores de conteúdos mobile a divulgar os seus produtos (adquirindo clientes finais) e ajudar os publishers (como web sites e app developers) a rentabilizar financeiramente o tráfego gerado nos seus sites e apps mobile (i.e. monetizar os seus visitantes, a sua audiência), em resultado dos produtos promovidos nos seus espaços publicitários.

Anunciaram o primeiro centro técnico da empresa em Portugal, na área de Guimarães, num investimento superior a 700 mil euros. O que os levou a escolher esta cidade e a avançar agora com este investimento?
É uma nova etapa para a OLAmobile e estamos dedicados a continuar o nosso trabalho com plataformas próprias e a utilizar tecnologia de topo, para fornecermos o melhor serviço aos nossos parceiros de negócio. Num momento-chave em que o número de concorrentes aumenta à escala global e em que a nossa indústria cresce a uma grande velocidade, é crítico estabelecermos parcerias estratégicas com quem nos pode ajudar a avançar mais rapidamente e criar vantagem competitiva no mercado em que operamos.

O Centro Algoritmi da Escola de Engenharia da Universidade do Minho (em Guimarães) apresentou-se como o melhor e mais qualificado parceiro em Portugal para nos ajudar a desenvolver novos processos de algoritmia, abordando um conjunto de técnicas sofisticadas de inteligência artificial. Esta foi a principal razão pela qual optámos por abrir o nosso primeiro escritório em Guimarães, com a nossa primeira equipa técnica em Portugal.

Anunciaram também uma parceria com a Universidade do Minho para colocarem em prática um projeto de investigação que visa desenvolver um novo algoritmo automático. Pode falar-nos mais desta iniciativa e em que é que consiste o PROMOS?
O PROMOS é um projeto de Investigação que visa desenvolver um novo algoritmo automático para a Previsão e Otimização de campanhas publicitárias para dispositivos Móveis, em modelo de Subscrição (PROMOS). O objetivo deste projeto é prever qual o melhor produto móvel a mostrar ao utilizador final, de modo a otimizar os interesses dos agentes envolvidos no negócio: OLAmobile, anunciantes, publishers e também os utilizadores. O projeto a desenvolver irá corresponder a um upgrade de uma solução já existente, acrescentando-se uma camada de inteligência ao sistema, sendo, assim, classificado como de melhoria do processo existente. O produto final do projeto será incluído na cadeia de valor como software “industrial” para utilização, como serviço, de clientes e parceiros da OLAmobile.

Quais as previsões para estar concluído?
O projeto em si tem a duração de 3 anos, mas o nosso objetivo é continuar as sinergias com a Academia após este prazo, visto que estamos a recrutar uma nova equipa técnica na região, para este projeto e para outros projetos que pretendemos levar a cabo.

Como carateriza o mercado publicitário português?
É um mercado interessante para a OLAmobile, apesar de representar um volume de negócio baixo, quando comparamos com os volumes globais do Grupo noutras geografias. Em termos de atividade, trata-se de um mercado dinâmico com vários anunciantes de diversos produtos, como aplicações mobile.

Quais os setores que mais anunciam no mobile?
Anunciamos, essencialmente, produtos para dispositivos móveis, como aplicações e serviços de conteúdos de entretenimento para telemóveis.

Quais os desafios com que se deparam neste momento?
Os principais desafios centram-se na continuidade da nossa estratégia de internacionalização e na melhoria das nossas capacidades técnicas. Pretendemos que os nossos processos de algoritmia sejam uma vantagem competitiva para o mercado de compra e venda de publicidade mobile programática, refinando o sucesso de cada campanha publicitária, removendo ineficiências na tomada de decisão e no investimento em milissegundos, através da análise de Big Data e utilizando técnicas programáticas para capitalizar a informação decorrente da análise de dados, combinando real-time bidding e monitorização de resultados.

O quê prevê em termos de evolução do mercado publicitário mobile em Portugal para o futuro próximo?
Acredito que mais anunciantes vão ver no canal mobile o seu principal canal de investimento publicitário, pois cada vez mais camadas da população fazem compras online através dos seus smartphones. Um sinal desta tendência é o enorme crescimento de atividades de mobile commerce e de negócio cuja atividade está baseada numa aplicação mobile, tais como restauração, retalho, entre outros.

Projetos para o futuro, a nível mundial…
Pretendemos aumentar a nossa competitividade a nível tecnológico e consolidar a nossa posição no mercado de publicidade mobile a nível mundial, com a abertura de novos escritórios em geografias relevantes para o nosso negócio, como na Ásia.

Respostas rápidas:
O maior risco: Não arriscar nem inovar.
O maior erro: Não aprender com os erros cometidos.
A melhor ideia: Orientar o nosso trabalho e tecnologia para o que o Cliente precisa.
A maior lição: Estar preparado para sair da zona de conforto e lidar com uma indústria em constante mudança.
A maior conquista: Ter capacidade de arriscar, tentar novas abordagens e aprender com novas experiências.

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