Refiners, o trampolim das start-ups para Silicon Valley

The Refiners tenta transmitir os códigos culturais de Silicon Valley aos jovens empreendedores em apenas três meses

Três meses depois do lançamento da The Refiners, uma nova aceleradora sedeada em São Francisco, a primeira levada de start-ups acaba de largar amarras. Cofundado por Géraldine Le Meur (Le Web), Carlos Diaz (Blue Kiwi, Kwarter) e Pierre Gaubil (Sensopia), três empresários franceses de sucesso transatlântico, o programa ajuda os jovens não americanos a assimilar os códigos culturais de Silicon Valley, colocando networking à sua disposição.

O ninho de The Refiners está colocado no segundo andar do espaço de coworking Parisoma, a dois passos do Twitter e do AirBnb, em pleno coração de San Francisco. Contrariamente às aceleradoras mais famosas de Silicon Valley, como a Y combinator ou a 5000Startups, The Refiners é um programa à escala humana.

“Fazemos a promo de uma dúzia de start-ups, pelo que o nosso acompanhamento é muito mais personalizado”, sublinha Carlos Diaz, líder do Mouvement des Pigeons[i], em 2012. “Juntamente com Géraldine Le Meur e Pierre Gaubil, fazemos parte da primeira geração de empresários que vieram para Silicon Valley, não para trabalhar na Google ou abrir um restaurante, mas para criar as nossas próprias start-ups”, acrescentou.

Os três veteranos da Tech francesa eram regularmente abordados pelos empreendedores recém-chegados com vontade de criar nome em Silicon Valley. “Todos tinham a crença de que tinham inventado de novo a roda. Foi então que decidimos partilhar os lucros e criar uma comunidade para ajudar os empreendedores”, recorda Carlos Diaz, revelando que “por isso, fundámos The Refiners, um fundo de investimento de 6 milhões de dólares [cerca de 6 milhões de euros], dos quais 2,5 milhões foram injetados pela Bpifrance. Era o que nos faltava para fazer a experiência com 70 start-ups.”

“Como apresentar o seu produto, como levantar dinheiro, como recrutar… tantas questões que atormentam os CEO. Tentamos apresentar-lhes uma receita rápida e que funciona e conectá-los o mais rapidamente possível com pessoas influentes de Silicon Valley”, prossegue o empresário, que gosta de recordar que “o mais importante aqui, não é o que tu fazes, mas quem conheces”.

The Refiners tenta transmitir os códigos culturais do Valley aos seus jovens empreendedores em apenas três meses. “Confrontamos as nossas start-ups com a realidade de Silicon Valley, no que ela tem de bom, mas também no de menos bom”, explica Carlos Diaz. “No final do primeiro mês, estes devem compreender que não estão em casa e que devem adaptar-se. Em seguida, ativamos a nossa rede, onde contamos com mais de 200 investidores”, conta.

O programa termina com uma “pitch night”. A primeira teve lugar a 6 de dezembro de 2016 em São Francisco. Um a um, os start-upers desfilaram no palco para apresentar o seu projeto em três cronometrados minutos. Participaram também num “investors dinner”, onde 50 investidores vieram ouvi-los.

“No total, as nossas start-ups estão em vias de levantar 9 milhões de dólares”, afirma Carlos Diaz. The Refiners investiu entre 50 mil e 100 mil dólares (cerca de 48 mil euros e 90 mil euros) em cada uma das suas start-ups que aceitaram ceder, em troca, entre 3% e 7 % do seu capital.

A próxima ronda será em março de 2017. Neste momento, os três fundadores estão em plena fase de recrutamento. “Estamos a pensar em mudar o nosso modelo de seleção para cooptação, o que não invalida que nos escrevam através do nosso web site”, esclarece o empresário que confessa ter pena de ver partir o seu primeiro grupo: “Estamos supercontentes com este primeiro grupo. 30% do valor do programa foi criado por eles mesmos, entre si. Não têm nada que invejar das start-ups do Valley, estão prontos para seguir caminho”, frisa.

 

[i] O “Mouvement des Pigeons” foi um processo desenvolvido nas redes sociais em França, contestando uma Lei que seria anti-start-ups por aumentar os impostos e taxas sobre a cessão de empresas. O movimento conseguiu a adesão, em poucos dias, de mais de 75.000 empresários, investidores e start-ups.

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