Opinião

A Era dos agentes autónomos com base em Inteligência Artificial – A grande disrupção no marketing e nas vendas

Gabriel Coimbra, vice-presidente do Grupo IDC e Country Manager para Portugal

A Era dos agentes autónomos com base em Inteligência Artificial (IA) aproxima-se rapidamente, e irá transformar radicalmente o marketing e o comércio tal como os conhecemos.

Nos próximos anos, “CoPilotos”, “Concierges” e “Super Agentes” de IA tornar-se-ão assistentes pessoais poderosos, eliminando a necessidade de os consumidores clicarem ou programarem para navegarem pela economia digital. Em vez disso, estes assistentes de IA permitirão que os utilizadores simplesmente peçam aos sistemas para realizar tarefas, efetuar compras, gerir projetos e muito mais, através de interfaces conversacionais intuitivas.

Neste âmbito, a IDC antevê três tipos principais de assistentes IA que irão transformar radicalmente o futuro do marketing e do comércio.

Para começar, vamos ter os CoPilots, assistentes digitais evoluídos que funcionam como colegas de trabalho. Eles permitem que profissionais de marketing, por exemplo, solicitem a criação de campanhas sem necessidade de interação manual com sistemas, abrangendo desde a segmentação de audiência até à execução e otimização em tempo real de campanhas. Estima-se que os CoPilots possam aumentar a produtividade das organizações de marketing em mais de 40%.

Os Concierges, o outro tipo de assistentes de IA, vão atuar como assistentes pessoais impulsionados por marcas específicas, com o objetivo de ajudar os consumidores de forma conversacional através de apps e websites. Apesar da sua utilidade, os concierges de marcas enfrentam desafios de qualidade inconsistente e problemas de usabilidade. Além disso, o advento dos Super Agentes pode tornar os Concierges menos preferíveis a longo prazo, embora continuem a ser essenciais para a interação entre marcas e os Super Agents em marketplaces autónomos de IA.

Por último, teremos os Super Agentes que representam a evolução final dos assistentes de IA, projetados para serem companheiros de vida dos utilizadores, e que irão gerir todos os aspetos da atividade comercial do consumidor. Eles serão altamente personalizáveis, desde características pessoais até o nível de proatividade e privacidade.

Prevê-se que estes agentes de IA se tornem a principal plataforma de comércio global, até 2026, a gerir uma quantidade significativa de atividades económicas e adaptando-se ao comportamento do utilizador para fornecer recomendações cada vez mais precisas e personalizadas.

Mas para o sucesso destes agentes, e principalmente dos Super Agentes, é necessário que os consumidores tenham acesso aos seus dados. Ironia do destino, hoje os consumidores retêm muito menos dados sobre as suas atividades comerciais do que as marcas e as redes publicitárias. Para isso acontecer os recibos em papel devem desaparecer para que os consumidores possam ter todos os dados necessários para os Super Agentes aprenderem e os representarem de forma eficaz no mercado. A partilha aberta de dados com os consumidores pode ser a maior mudança de mentalidade necessária face ao modelo económico atual, mas a recompensa para quem o fizer será a possibilidade de vingar na próxima fase da economia digital.

Os Super Agentes vão também, de forma crucial, monitorizar e proteger as informações pessoais dos utilizadores, divulgando apenas o que é necessário ou aprovado pelo utilizador para obter melhores ofertas e serviços. Eles rastrearão quais os dados pessoais que são partilhados e com que entidades comerciais, gerindo acordos de consentimento e processando pedidos de registos de dados e eliminação. Os Super Agentes eliminam assim a necessidade de cookies, pois conseguem declarar intenções às redes publicitárias e aos mercados. Isto tornará a proteção da privacidade dos consumidores ainda mais importante e eficaz.

À medida que os Super Agentes se desenvolverem, os profissionais de marketing e da publicidade terão de criar modelos de envolvimento para compradores e influenciadores de IA. Terão vantagens aqueles que responderem às propostas dos agentes com a maior rapidez e personalização; que criarem incentivos progressivos para influenciar o agente a comprar ou a escalar a decisão para o utilizador; que participarem em transações de confiança; que cumprirem as expetativas relativas ao produto, logística e apoio; e que utilizarem todos os meios de comunicação para melhorar progressivamente as vidas pessoais e/ou profissionais de cada cliente individual. Este último ponto é a chave para a diferenciação. As pessoas estão quase sempre dispostas a pagar mais pela confiança e por melhores resultados emocionais em vez de apenas económicos.

À medida que a IA reestrutura a economia, surgirão novas oportunidades para que os profissionais de marketing e de publicidade repensem completamente os seus papéis nos mercados e a forma como conduzem as suas relações com os clientes, tanto humanos como de IA.

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Gabriel Coimbra

Gabriel Coimbra

Com mais de 20 anos de experiência no sector das TIC, Gabriel Coimbra é o vice-presidente do Grupo IDC e Country Manager para Portugal. O seu foco é impulsionar o crescimento sustentável do negócio dos clientes da IDC, o principal fornecedor global de informações de mercado, serviços de consultoria e eventos para os mercados das tecnologias de informação, telecomunicações e tecnologias de consumo. Além da sua função de gestão, Gabriel Coimbra está pessoalmente envolvido no planeamento e coordenação dos serviços... Ler Mais..

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