Diferença salarial entre géneros em Portugal é em média de 14% em 2025

Em 2025, o crescimento salarial abrandou para 2,2%, mas as empresas projetam aumentos de 3,5% para 2025 e 2026. A retenção de talento é um dos principais desafios para 45% das organizações, que procuram responder com benefícios como plano médico, subsídio de refeição e automóvel, diz estudo.

No contexto da compensação e benefícios, o grande desafio para as organizações em 2026 é a entrada em vigor da nova legislação sobre equidade e transparência salarial. Hoje, data em que se assinala o Dia Internacional da Igualdade Salarial, o Estudo Total Compensation de 2025, um estudo da Mercer Portugal, oferece-nos alguns insights relativamente ao gap salarial entre géneros (não ajustado ou raw pay gap): em Portugal, atualmente este indicador ronda os 14%, sendo transversal aos vários níveis organizacionais. Este valor é ligeiramente superior ao geral observado a nível europeu para o mesmo indicador, que ronda os 10% (dados de 2024, com base nos Estudos Total Compensation publicados na região).

Segundo Marta Dias, Rewards Leader da Mercer Portugal, “as organizações estão muito expectantes sobre o que a Diretiva sobre a Transparência Salarial poderá trazer como novos requisitos à gestão da compensação. Neste contexto, o acesso a dados de mercados robustos é, por um lado, um facilitador da tomada de decisão e definição de políticas e práticas salariais, e por outro, um suporte na justificação de algumas possíveis diferenças”.

Outro dos temas apresentado no estudo é o da retenção de colaboradores, considerado como um dos principais desafios das empresas este ano. Quase metade das organizações (45%) admitem ter dificuldades nesta área, com a percentagem de turnover voluntário a fixar-se, em média, nos 8,2%, com um ligeiro decréscimo face ao ano anterior (8,6%). Entre as áreas funcionais consideradas como mais desafiantes no que diz respeito à atração e retenção de talento as organizações identificam no Top 3: IT & Telecom, Engenharia e Sales & Marketing.

O estudo, que contou com a participação de empresas internacionais (cerca de 64%) e nacionais (cerca de 36%), revela que cerca de 30% das organizações pretendem reforçar o número de colaboradores em 2025, aumentando em média a força de trabalho em 11%. Para 2026, estas intenções descem para 22%.

No que diz respeito aos aumentos salariais para 2025 e 2026, o incremento médio projetado é de 3,5%, o que representa um abrandamento face a 2024, ano em que os incrementos  foram,  na casa dos 4%. Também o crescimento dos salários parece ter desacelerado um pouco em 2025, com uma variação efetiva face a 2024 de 2,2% (de 2023 para 2024 registou-se uma variação efetiva de 6,1%).

“O regresso a valores de inflação mais baixos depois de um período com valores atípicos, influenciou as decisões das organizações sobre incrementos salariais, e o que observamos no mercado geral em Portugal através do Estudo “Total Compensation”, é que as perspetivas de incrementos para 2025 eram no ano passado de 4,0% e atualmente situam-se em 3,5% em média”, acrescenta Marta Dias.

Relativamente aos setores que se destacam no mercado português, com práticas de compensação mais competitivas, em linha com o observado desde há alguns anos, é possível identificar um top3 que inclui os setores Farmacêutico, IT & Telecom e Serviços Financeiros.

Políticas salariais: desempenho continua a ser determinante

O estudo revela ainda que a maioria das organizações (91%) realiza uma revisão salarial anual. Os meses mais comuns para a revisão salarial são janeiro, março e abril, com cerca de 36%, 16% e 33%, respetivamente.

A percentagem de incremento salarial atribuída aos colaboradores é determinada por vários fatores. Entre os mais relevantes destacam-se o desempenho individual do colaborador (cerca de 96%), o posicionamento na grelha salarial (cerca de 74%) e a inflação (cerca de 62%).

No que respeita à retribuição variável (bónus), verifica-se que 91% das empresas da amostra atribuem este tipo de remuneração a toda ou parte da sua estrutura.  Cerca de 63% das organizações concedem incentivos relacionados com vendas, atribuídos maioritariamente com periodicidade anual ou trimestral.

A atribuição de incentivos de longo prazo ainda não é prática maioritária, sendo adotada por cerca de 30% das empresas. A elegibilidade para estes incentivos aumenta com o nível de responsabilidade das funções.

Benefícios extrassalariais continuam a ser uma aposta crescente

Os benefícios extrassalariais continuam a ser uma aposta sólida das organizações. O plano médico mantém-se como um dos principais benefícios disponibilizados, sendo assegurado por 92% das empresas, com cerca de 83% a atribuí-lo imediatamente após a entrada dos colaboradores.

Entre as organizações que oferecem este benefício, existem diferentes níveis de comparticipação do custo pelo colaborador. Na maioria das empresas, o custo é totalmente suportado pela organização (cerca de 86%).

O subsídio de refeição (92%) e a política automóvel (90%) continuam a apresentar elevada prevalência. Contudo, a atribuição de automóvel de serviço é, geralmente, reservada a colaboradores em níveis hierárquicos superiores.

Entre outros benefícios destacam-se a comparticipação de despesas de educação (57%), o seguro de acidentes pessoais (44%), o complemento do subsídio de doença (40%). Cerca de 36% das organizações oferecem um plano de pensões aos colaboradores.

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