Pequenas empresas dominam em número mas são as grandes que mais empregam em Portugal

No âmbito do Dia do Trabalhador, a Pordata reuniu informação sobre a população empregada em Portugal e traçou um perfil do trabalhador.

Em Portugal, as empresas com menos de 10 trabalhadores representam a grande maioria (96%), um aumento relativamente a 2023, altura em que correspondiam apenas a 44% do total de pessoal ao serviço. Nos últimos 2 anos, observou-se um aumento do pessoal ao serviço nas empresas, sobretudo nas de maior dimensão.

A conclusão é da Pordata, a base de dados estatísticos da Fundação Francisco Manuel dos Santos, que neste Dia do Trabalhador apresenta um conjunto de indicadores que permite caracterizar o perfil da população empregada no país e compará-la com outros países da União Europeia (UE).

De acordo com o comunicado da Pordata, é possível perceber que Portugal tem uma elevada taxa de emprego; que mais de 1 em cada 3 trabalhadores tem, pelo menos, o ensino superior; que os trabalhadores têm maior nível de escolaridade que os empregadores; mas que quase ¼ recebe um salário equivalente ao salário mínimo nacional; que Portugal é o país da UE que tem maior proporção de empregadores sem escolaridade ou com o ensino básico; ou que o salário médio português bruto é o 9º mais baixo dos Estados-membros.

Olhando para o tecido empresarial português verifica-se que as pequenas empresas são a maioria no país, mas empregam apenas 44% dos trabalhadores. As grandes empresas são responsáveis por mais de 1 milhão de empregos e, nos últimos dois anos, registaram um crescimento de 14% de pessoal ao serviço, explica a Pordata.

Em todo o país, as quatro maiores empresas empregam cerca de 76 mil pessoas — quase 2% do total nacional —, geram um volume de negócios na ordem dos 26 mil milhões de euros (5% do total) e produzem um Valor Acrescentado Bruto (VAB) de cerca de 4 mil milhões de euros, o equivalente a 3% da riqueza gerada em Portugal.

Entre os 308 municípios portugueses, destacam-se Lisboa, Oeiras, Cascais, Porto, Matosinhos, Setúbal e Palmela. Em todos eles, as quatro maiores empresas dão os mais elevados contributos para o total nacional, quer em termos de pessoal ao serviço, de volume de negócios e riqueza gerada. Por outro lado, municípios como Campo Maior, Castro Verde, Vila Velha de Ródão e Crato evidenciam uma forte concentração económica nas suas quatro maiores empresas, com mais de 80% do volume de negócios e do VAB delas dependente.

Fonte: INE/PORDATA

Taxa de emprego mais elevada dos últimos 15 anos

Em Portugal, 78,5% das pessoas entre os 20 e os 64 anos está a trabalhar. É a taxa de emprego mais elevada dos últimos 15 anos, tendo aumentado 11 pontos percentuais (p.p.) desde 2009. Portugal é o 12º país dos 27 da União Europeia com maior proporção de pessoas ativas no mercado de trabalho. O país com maior taxa de emprego são os Países Baixos (83,5%), que, note-se, tem uma muito maior percentagem de emprego a tempo parcial (43% face a 8% em Portugal). Os países com menor taxa de emprego são Espanha (71,4%), Roménia (69,5%), Grécia (69,3%) e Itália (67,1%).

Além disso, Portugal é o 8º país da UE com menor percentagem dos chamados jovens “nem-nem”, que não estudam nem trabalham (8,7%). Este valor posiciona o país abaixo da média da UE de 10,2%. Países Baixos são o país com menor valor, enquanto Grécia, Itália e Roménia são os países com maior proporção de pessoas entre os 15 e os 29 anos que não estudam nem trabalham.

Ambos os indicadores, taxa de emprego e a % de jovens NEET (que não estudam nem trabalham), integram o Plano de Ação do Pilar Europeu dos Direitos Sociais, tendo os países, até 2030, que registar: uma taxa de emprego de pelo menos 78% e reduzir a taxa NEET até 9%. Portugal já conseguiu alcançar ambas as metas (em 2023 e em 2022, respetivamente).

Em relação à formação, dos 5,1 milhões de trabalhadores em Portugal, destes a maior fatia tem pelo menos o ensino superior (34%). Em 10 anos registam-se mais 700 mil trabalhadores com o ensino superior, o que  representa um aumento de 61,8% desde 2014 (e o peso relativo do ensino superior no total dos níveis de ensino dos trabalhadores nesse ano era de 25%).

Essa realidade reflete-se também no contributo do grupo profissional dos especialistas das atividades intelectuais e científicas para o emprego total. São, atualmente, 1 em cada 4 trabalhadores, mais 422 mil que há 10 anos, refere a Portada.

Outro dado interessante refere-se ao facto de, entre os mais de 5 milhões de trabalhadores em Portugal, estão 302 mil de nacionalidade estrangeira, maioritariamente de países fora da UE27. Um número que quase triplicou em 10 anos. São mais 197 mil face a 2014.

Empregadores com menos qualificações do que os trabalhadores

O retrato da Pordata indica ainda que a escolaridade dos trabalhadores está a aumentar em Portugal, mas as qualificações dos empregadores são, também, fundamentais: 35% dos trabalhadores por conta de outrem têm o ensino superior ,enquanto apenas 28% dos empregadores completaram este nível de ensino.

No quadro da União Europeia, dos 23 países com dados disponíveis para 2024, Portugal é o país que tem maior proporção de empregadores sem escolaridade ou com o ensino básico no total dos empregadores. A média da UE é de 16%, enquanto no nosso país verifica-se um valor de 42% de empregadores com o menor nível de ensino, percentagem ainda significativamente distante de Malta (34%), Espanha (32%) ou Itália (31%).

Fonte: Pordata – Perfil do trabalhador em Portugal

Salário médio dos trabalhadores portugueses entre os 10 mais baixos da UE

O salário médio anual por trabalhador, em Portugal é o 9º mais baixo dos países da UE. Abaixo de Portugal estão os países de Leste, a Croácia e Grécia. O salário médio espanhol é 30% mais elevado e o salário mínimo é 23% maior do que o português.

Também o salário mínimo em Portugal, quando considerado em paridades de poder de compra (PPC),  é o 10º mais baixo dos 22 países da União Europeia com salário mínimo, já neste ano de 2025. Em duas décadas, Portugal foi ultrapassado pela Polónia, Lituânia e Roménia.

Segundo os últimos dados disponíveis, quase 1 em cada 4 trabalhadores em Portugal (22,8%) tinham um salário base equivalente ao Salário Mínimo Nacional, em 2022. A proporção de trabalhadores a receber o salário mínimo nacional era, naquele ano, mais elevada entre as mulheres (27,1%), os jovens (36,1%), aqueles com escolaridade até ao ensino básico (32,9%) e os trabalhadores de nacionalidade estrangeira (38,0%).

Ainda de acordo com a Pordata, em 4 anos, entre 2019 e 2023, o salário médio em Portugal, em termos nominais, registou um aumento de 24%. No mesmo período, os preços das casas aumentaram 45%, segundo o Índice de Preços da Habitação. O aumento destes dois indicadores, em média da UE foi de 16% e de 23%, respetivamente.

De acordo com os dados do Eurobarómetro, 43% das pessoas em Portugal consideram que a Inflação/Custo de vida é um dos dois principais problemas que o país enfrenta (33% na média da UE27). A Habitação (28%) surge logo em terceiro lugar.

 

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