Opinião

Contratação de doutorados pelas empresas em Portugal

Vasco Ribeiro, comentador e especialista em diplomacia

O programa acelerar a economia, da atual tutela, dá conta de medidas de apoio às empresas, nomeadamente com a abertura de linha para cofinanciamento e incentivos financeiros concretos, para que estas recrutem e contratem quadros altamente qualificados, leia-se com grau de doutor, isto é, com o doutoramento.

Ora, esta matriz de contratação de doutorados é uma prática já corrente nalguns países mais desenvolvidos, que antecipadamente perceberam a vantagem competitiva em integrar nos seus quadros colaboradores com esta habilitação académica, sobretudo as grandes empresas (grupos empresariais) que possuem departamentos e laboratórios de Investigação, Inovação e Desenvolvimento.

Mas mesmo as empresas que não possuem, dado o seu core business, este tipo de departamentos e laboratórios, têm a ganhar com a contratação de doutorados. Mais, em ambos os casos, note-se que – em Portugal, ainda existe uma colaboração e sinergia entre empresas e a academia (ensino superior) muito inferior àquilo que seria atualmente expectável e, por isso, constata-se uma margem de melhoria e progresso assinaláveis para percorrer.

Vejamos, então, o conjunto de vantagens que impulsionam a cadeia de valor, crescimento e desenvolvimento das empresas com doutorados, numa ótica de investimento estratégico a médio-longo prazo:

  • Pesquisa e investigação: capacidade comprovada quer seja numa perspetiva concetual, operacional ou funcional;
  • Solução de problemas e desafios complexos e ambíguos: sendo esta uma competência bastante desenvolvida, alicerçada na resiliência, por quem realiza um programa doutoral;
  • Inovação, quer seja a nível de produto, incremental, radical (entre outras), dado que os doutorados são eficiente e eficazmente treinados para levar a cabo pesquisas/investigações originais (acrescentando valor quanto às implicações para a gestão, baseadas nos outputs da investigação científica);
  • Registos e Patentes: desde logo porque têm o mindset avançado naquilo que seja considerado pioneiro e sem concorrência alguma (direta/indireta);
  • Novas tecnologias: espera-se que os doutorados estejam (de facto, a maioria está) na vanguarda das novas tecnologias associadas aos seu campos/áreas de investigação;
  • Pensamento reflexivo/crítico: perante o ambiente externo nacional/internacional (oportunidades e ameaças) das empresas;
  • Métodos científicos e ágeis: devido ao amplo conhecimento de metodologias e métodos mais eficientes e eficazes.

Vasco Ribeiro é doutorado em Ciências Empresariais (Universidade Fernando Pessoa, Porto), em Turismo (Universidade de Sevilha, Espanha), e pós-doutorado em Gestão da Inovação no Turismo de Luxo (Universidade de Aveiro) e em Marketing Ético nos Hotéis de Luxo (CiTUR – Politécnico de Leiria). É chefe do gabinete de Diplomacia e Protocolo Empresarial da Rede do Empresário, Docente universitário no ISLA Santarém, conselheiro editorial da Diplomacy and Business Magazine e comentador/analista de TV (informação) em assuntos de Protocolo e Turismo. Frequenta ainda o Programa Avançado em Diplomacia na Universidade Católica, Lisboa.

É ainda o autor dos livros “Etiqueta & Protocolo na Hotelaria de Luxo” (2017) e “Etiqueta Moderna” (2019) e “O Anfitrião Modelo: guia prático de bem atender, receber e servir no setor do turismo” (2023), e coordenador dos livros “Gestão de Empresas com Pessoas a Bordo” (2022) e “Gestão de Pessoas no Lazer, Animação Turística & Eventos” (2022).

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