Opinião
Dualidade na liderança feminina: reflexões “rápido e devagar”
Na busca pela compreensão das complexidades da mente humana e das nuances da tomada de decisões, o trabalho de Daniel Kahneman (Prémio Nobel da Economia) destaca-se como uma obra seminal.
Na sua obra “Rápido e Devagar: Duas Formas de Pensar”, Kahneman leva-nos a uma jornada fascinante através dos labirintos da mente, revelando como as nossas escolhas são influenciadas por sistemas de pensamento distintos — o intuitivo e o deliberativo.
À medida que mergulhamos nesta obra-prima de Kahneman somos levados a refletir não apenas sobre as dinâmicas individuais da mente, mas também sobre como esses insights podem ser aplicados a contextos mais amplos, como a liderança. Especificamente, gostaria de explorar a intersecção entre as caraterísticas femininas na liderança e os conceitos delineados por Kahneman.
A liderança feminina muitas vezes é descrita como incorporando uma série de traços distintivos, como a empatia, a colaboração, a intuição e uma abordagem holística para resolver problemas. Estas caraterísticas, em muitos aspetos, ecoam os princípios do pensamento “lento” de Kahneman, que enfatiza a ponderação cuidadosa, a consideração das nuances e a sua reflexão profunda.
Por exemplo, pensemos na capacidade das líderes femininas de cultivar empatia e compreensão dentro das suas equipas. Esta competência não apenas promove um ambiente de trabalho mais inclusivo e solidário, mas também demonstra uma apreciação pelo pensamento “devagar” — a consideração cuidadosa das perspetivas e emoções dos outros antes da tomada de decisão.
Além disso, a colaboração é frequentemente destacada como uma “marca registada” da liderança feminina eficaz. Ao reunir diversas vozes e perspetivas, as líderes femininas demonstram uma compreensão intuitiva da importância de considerar uma gama ampla de informações antes de tomar decisões importantes. Essa abordagem reflete os princípios do pensamento “devagar”, que valoriza a ponderação cuidadosa e a avaliação completa de todas as opções disponíveis.
No entanto, é importante reconhecer que a liderança feminina também pode incorporar elementos do pensamento “rápido” de Kahneman. Por exemplo, a intuição — frequentemente associada às mulheres — pode desempenhar um papel crucial na tomada de decisões ágeis e adaptáveis em ambientes em constante mudança. Essa capacidade de confiar no instinto pode ser uma força poderosa, permitindo que as líderes femininas ajam rapidamente quando necessário, mesmo diante de informações limitadas.
Além disso, a resiliência é outra qualidade frequentemente atribuída à liderança feminina, e é aqui que vemos uma sinergia com os conceitos de Kahneman. A capacidade de lidar com a adversidade e permanecer focado em objetivos de longo prazo reflete uma compreensão do valor do pensamento “lento” — a capacidade de resistir à tentação do lucro rápido e imediato em favor de resultados mais sustentáveis e com significado.
Ao cruzar os princípios delineados por Kahneman com as caraterísticas da liderança feminina, emergem lições valiosas para todos os líderes, independentemente do género. Reconhecer a importância de integrar tanto o pensamento “rápido” quanto o pensamento “devagar” pode levar a decisões mais informadas, equilibradas e eficazes.
Em última análise, “Rápido e Devagar” não é apenas uma exploração fascinante da mente humana, mas também uma fonte de inspiração para líderes em todos os lugares. Ao abraçar a dualidade do pensamento e incorporar as melhores práticas da liderança feminina, podemos cultivar ambientes de trabalho mais inclusivos, diversificados, colaborativos, compassivos e resilientes — promovendo o sucesso não apenas para as organizações, mas para comunidades inteiras.
**E Ambassador na Fábric@ Empreendedorismo Município de Seia








