Opinião
Os desafios e as oportunidades que 2024 nos trará

Entramos num novo ano depois de 12 meses de convulsão nacional e internacional, abrangendo as esferas económica, financeira, geopolítica e social.
Tem sido uma constante, nos últimos anos, enfrentarmos períodos que aumentam a incerteza com a volatilidade a marcar presença constante. Esta realidade serve-nos de aviso e também de aprendizagem para enfrentarmos o novo ano que agora começa.
O cenário empresarial é dinâmico, sendo moldado por uma combinação de fatores económicos, tecnológicos, sociais, e políticos, todos em constante transformação por todo o mundo. Agora que chegamos a 2024, é crucial analisar as perspetivas empresariais e antecipar os desafios e oportunidades que aguardam as organizações neste novo ciclo.
A transformação digital continua a ganhar intensidade e o desenvolvimento da inteligência artificial não dará tréguas, colocando desafios que as empresas nunca enfrentaram. Contudo, surgem também oportunidades cujos benefícios estão por medir com exatidão. As organizações que já começaram a preparar o caminho, aproveitando as vantagens destas tecnologias, terão uma vantagem competitiva. É, por isso, fundamental priorizar a criação de uma estratégia de adaptação a este mundo novo que se está a desenhar diante de nós pela saúde e a competitividade das nossas empresas. Se, por um lado, os empresários devem aproveitar as oportunidades que tecnologias como a inteligência artificial trazem para que as economias e sociedades se desenvolvam, por outro, devem também exigir uma regulamentação rigorosa para evitar a sua utilização para fins perversos e que ameacem o bom funcionamento das nossas democracias e economias.
A urgência climática continuará no topo das agendas políticas e da sociedade civil. As empresas não podem ignorar esta tendência – que pertence ao presente tendo deixado de ser um assunto remetido algures num futuro longínquo. As ameaças são reais e os empresários devem liderar este combate em prol da sociedade e do planeta. A gestão e a atuação baseadas em formas de pensamento desatualizadas, que ignoram os impactos climáticos e ambientais das atividades económicas, são cada vez menos toleradas pela sociedade. Aliás, os objetivos de descarbonização que têm sido decididos nos últimos anos dependem, em grande medida, das empresas.
Como se pode verificar, os desafios são muitos e complexos. Mas não terminam por aqui. A instabilidade geopolítica está em níveis nunca vistos desde o final da Segunda Guerra. A Europa enfrenta uma guerra em larga escala, o Médio Oriente permanece em constante risco de alastramento do conflito, as relações entre os grandes pólos económicos e comerciais do mundo – Estados Unidos e China – são frágeis, e o ano político a nível internacional traz ainda mais incerteza relativamente à evolução de todos estes pontos. Tudo isto influenciará o normal funcionamento das economias, especialmente as europeias, algumas delas grandes parceiras das nossas empresas.
Entramos em 2024 com passos cautelosos, marcados pelo receio. O receio pode e deve ser aplacado com coragem, com planeamento, com confiança e, sobretudo, com as prioridades atualizadas e bem definidas. Que seja um ano em que a estabilidade e o bem-estar das famílias portuguesas se tornem uma realidade tendo como base o crescimento sustentável da economia portuguesa.
*Diretor executivo do Grupo Nabeiro-Delta Cafés