Entrevista/ “Hoje somos um exemplo de civismo e bem-estar no local de trabalho”
“A nossa experiência demonstra que é possível, a partir do Taguspark, desenvolver projetos de escala mundial. Portanto, no futuro queremos estar sempre um passo à frente e contribuir cada vez mais para otimizar soluções que conciliam a tecnologia com as pessoas no mercado nacional e internacional”, afirma Eduardo Baptista Correia, CEO do Taguspark.
O Taguspark – Cidade do Conhecimento é hoje um ponto de encontro de ideias e projetos que marcam a diferença a nível nacional e internacional. Evoluiu de um parque tecnológico para uma cidade de inovação e conhecimento, e tem o “foco no civismo, na qualidade de vida e no bem-estar” de quem ali trabalha. Por isso, um dos seus objetivos é “sermos o parque mais cívico da Europa, envolvendo a comunidade nesta missão e apostando em quatro pilares cívicos”, revelou Eduardo Baptista Correia, CEO do Taguspark, em entrevista ao Link to Leaders.
Esta “cidade” tem, inclusive, “a única incubadora no Sul do país com laboratórios equipados com todo o mobiliário necessário para a atividade inicial das empresas, bem como laboratórios com vários equipamentos técnicos genéricos, o que permite reduzir o investimento inicial das start-ups e acelerar o progresso dos projetos desde o dia um”, reforça o responsável.
A incubadora, que foi criada em 2012 e que já apoiou cerca de duas centenas de start-ups em diferentes fases, foi berço de empresas como a Talkdesk, o primeiro unicórnio português. Atualmente com 150 empresas, 24 start-ups e 16 mil profissionais que trabalham e visitam diariamente o espaço, apoia “mentes inquietas, disruptivas e ambiciosas que queiram mudar o mundo”, diz Eduardo Baptista Correia, referindo que está aberta uma nova call para atrair start-ups interessadas em ter o mesmo tipo de apoio. As candidataras encerram a 15 de dezembro.
O Taguspark continua a ser uma peça central do desenvolvimento de Oeiras e da economia nacional?
O Taguspark – Cidade do Conhecimento foi o primeiro Parque de Ciência e Tecnologia em Portugal e é, atualmente, um dos principais da Europa e o maior do país. Foi pensado numa época em que Portugal prosseguia o caminho de modernização e desenvolvimento económico do projeto europeu. Integrado num município em crescimento e que, hoje, é a maior referência em qualidade de vida, em inovação empresarial e com os mais altos índices de formação do país. A marca Oeiras Valley remete-nos para o principal ecossistema nacional de empresas de base científica e tecnológica.
É neste ambiente que o Taguspark funciona, tendo evoluído para uma cidade de inovação e conhecimento. Esta cidade do conhecimento é peça essencial na estrutura do conceito Oeiras Valley. Somos, acima de tudo, uma cidade que desenvolve riqueza e conhecimento baseado em ciência e tecnologia. Um verdadeiro ecossistema de inovação, com mais de 90% das empresas aqui instaladas dedicadas a essas áreas, centros de investigação, uma universidade e uma incubadora de start-ups de referência. Com o foco no civismo, na qualidade de vida e no bem-estar de quem aqui trabalha e nos visita diariamente.
O Taguspark é, sem dúvida, uma das peças centrais no desenvolvimento de Oeiras e de Oeiras Valley, que contribui para reforçar o concelho enquanto hub tecnológico e destino de excelência para investimentos, contribuindo para o desenvolvimento e criação de valor na economia nacional.
“Para o Taguspark – Cidade do Conhecimento, o civismo está na base do desenvolvimento e é uma condição essencial para o crescimento económico, para maior qualidade de vida e maior competitividade”.
Quais as características diferenciadoras do Taguspark?
O que nos diferencia é a vivência, o espírito de comunidade e a capacidade de entregar valor, que vai desde o aspeto físico ao networking científico e tecnológico, que permite o desenvolvimento dos negócios.
Para o Taguspark – Cidade do Conhecimento, o civismo está na base do desenvolvimento e é uma condição essencial para o crescimento económico, para maior qualidade de vida e maior competitividade. Queremos assegurar estas condições para as empresas presentes no Taguspark. Um dos nossos objetivos é sermos o parque mais cívico da Europa, envolvendo a comunidade nesta missão e apostando em quatro pilares cívicos.
O primeiro pilar é o Comportamental: zero beatas no chão, zero papéis no chão, zero automóveis mal estacionados. Transmitindo um respeito maior pela comunidade, para um ecossistema mais bem-dotado, mais cuidado e mais agradável. O segundo é a Gestão de Resíduos, procurando soluções para que a separação dos resíduos no Taguspark integre projetos de economia circular. As beatas recolhidas são matéria-prima principal de uma solução de tijolos para a construção civil. O terceiro é a Eficiência Energética. Para tal, introduzimos cerca de 1.566 painéis fotovoltaicos no Parque, permitindo diminuir a nossa dependência da rede elétrica em 23% e evitar a emissão de 251 toneladas de dióxido de carbono (CO2) por ano, e estamos a desenvolver uma comunidade energética rumo à independência energética total. O outro pilar, igualmente importante, é a Dignidade Laboral. Chegamos a acordo com as empresas que nos prestam serviços para aumentar o salário mínimo dos trabalhadores residentes no Taguspark para intervalos entre os 900€ e os 1.200€. A nossa missão está em criar condições para a qualidade de vida no local de trabalho, entregando valor às empresas, pessoas, ao ecossistema e ao território envolvente.
A par de tudo isto, temos vindo a desenvolver o MAU – Museu de Arte Urbano, enquanto forma de estímulo à criatividade e desenvolvimento pessoal através da arte. Inserido no MAU o conceito Fora D’Horas amplifica o espírito disruptivo, arrojado e urbano para além do horário laboral e contribui para a qualidade de vida e bem-estar da comunidade. Aberto a todas as gerações, o Taguspark Fora D’Horas oferece uma agenda diversificada e que junta arte, teatro, gastronomia e música.
Que balanço faz do Taguspark desde que está à frente do projeto? E da incubadora?
Quando iniciei funções, em 2018, a equipa tinha a missão de inverter a rota de estagnação e acompanhar as exigências que a visão de Oeiras Valley trazia para o ecossistema. Hoje somos um exemplo de civismo e bem-estar no local de trabalho, temos uma sustentabilidade financeira mais forte, promovemos o empreendedorismo jovem através da incubação (física e virtual), o desenvolvimento das relações com a universidade e a investigação, e ainda disponibilizamos arte. Tornámo-nos num lugar magnifico para se estar.
“Existe um espírito de comunidade que promove a interação entre as empresas, os centros de investigação, a universidade e outros players”.
Porque é que as empresas escolhem o Taguspark para se instalarem?
Porque aqui encontram a resposta que procuram. Somos um local onde a qualidade de vida, o bem-estar, o incentivo à criatividade e desenvolvimento pessoal, os valores cívicos e a experiência quotidiana estão revestidos de um conjunto de fatores que faz com que o dia a dia dos que aqui trabalham e frequentam o parque seja muito agradável. Existe um espírito de comunidade que promove a interação entre as empresas, os centros de investigação, a universidade e outros players. É a qualidade desta interface que permite ao Taguspark, às organizações, aos empreendedores e às start-ups desenvolver negócios com forte capacidade de exportação e internacionalização.
As empresas que querem ir além da ideia convencional encontram uma localização invejável, com uma qualidade de vida ímpar, associada à qualidade do ar mais equilibrada quando comparada com os centros urbanos mais próximos, à vista para o Tejo e para a serra, a espaços verdes cuidados, mas também ao bem-estar que aqui se vive. Contam com infraestruturas modernas, equipadas com tecnologia de ponta e com um fator preço muito competitivo.
A própria arquitetura do parque e os serviços complementares disponibilizados, como a restauração, cuidados de saúde, os acessos à arte, à cultura, à música com concertos, ao mercado tradicional de produtos locais, contribuem para uma qualidade de vivência que é o principal fator de diferenciação do Taguspark.
Quais os marcos que mais destaca nestes 11 anos da Incubadora do Taguspark?
A procura por mentes inquietas, disruptivas e ambiciosas que queiram mudar o mundo. A Incubadora Taguspark promove a inovação e a criação de empresas com base tecnológica, transformando projetos inovadores em realidades empresariais. Somos a única incubadora no sul do país com laboratórios equipados com todo o mobiliário necessário para a atividade inicial das empresas, bem como laboratórios com vários equipamentos técnicos genéricos, o que permite reduzir o investimento inicial das start-ups e acelerar o progresso dos projetos desde o dia um.
Fomos a primeira incubadora, a nível nacional, que esteve na génese de um dos unicórnios portugueses, a Talkdesk.
“(…) nesta Call de 2023 procuramos potenciar projetos inovadores das áreas de Economia Azul, Ciência do Mar, Biotecnologia, Espaço e Defesa, sem esquecer áreas como Software, Eletrónica, Robótica (…)”.
A Incubadora do Taguspark acaba de abrir uma call a start-ups. Que tipo de start-ups procuram e quais as expetativas para esta call?
A Incubadora Taguspark apoia mentes disruptivas e ambiciosas que querem transformar os seus projetos inovadores em realidades empresariais. Por isso, nesta Call de 2023 procuramos potenciar projetos inovadores das áreas de Economia Azul, Ciência do Mar, Biotecnologia, Espaço e Defesa, sem esquecer áreas como Software, Eletrónica, Robótica e Automação, Ciências da Vida, Energias Renováveis, Sustentabilidade e Economia Circular.
Como têm conseguido assegurar infraestruturas inovadoras adequadas às diferentes necessidades das start-ups?
Desde 1992, o Taguspark é um modelo nacional de inovação e um espaço desenhado para oferecer todas as condições necessárias às empresas, onde incluímos as start-ups, para garantir o desenvolvimento dos seus negócios ou das suas ideias.
No caso da Incubadora, que ocupa uma área de 2.000 m², oferecemos escritórios de 18, 25 e 50 m² equipados com todo o mobiliário necessário para a atividade inicial das empresas, bem como laboratórios com equipamentos técnicos genéricos que permitem reduzir o investimento inicial das start-ups e acelerar o progresso dos projetos desde a sua conceção.
Além disso, desenvolvemos uma rede de networking com oportunidades infindáveis, fazendo a ponte entre centros de investigação, empresas e universidade, e oferecemos serviços de apoio diário. Tudo isto acompanhado por espaços comuns agradáveis, com o reforço do eixo dos eventos e a oferta de áreas com usos e atividades diversificadas.
Onde e como gostaria de ver a Incubadora do Taguspark dentro de cinco anos?
A nossa experiência demonstra que é possível, a partir do Taguspark, desenvolver projetos de escala mundial. Portanto, no futuro queremos estar sempre um passo à frente e contribuir cada vez mais para otimizar soluções que conciliam a tecnologia com as pessoas no mercado nacional e internacional.
” (…) pretendemos ver o Taguspark reconhecido no Rumo ao Parque Mais Cívico da Europa, um objetivo que reforçará a nossa imagem enquanto referência internacional”.
Quais são as maiores metas do Taguspark para o futuro?
O Taguspark quer garantir que este território é exemplar na forma como se cuida e na forma como toma decisões relativamente à sua evolução, com o pensamento em três eixos estratégicos. O eixo original – o encontro da ciência, da tecnologia, do ensino, da investigação e das empresas de excelência. O segundo eixo tem a ver com a qualidade dos espaços do edificado e exteriores proporcionando bem-estar, qualidade de vida e felicidade no local de trabalho. E, por último, a forte presença das artes e da cultura, de forma a trazer valor acrescentado a quem nos visita e, acima de tudo, a quem trabalha no Taguspark.
Os próximos passos passam por continuar a receber novas empresas nacionais e internacionais, oferecendo um serviço de excelência, a sensibilização para o civismo e sustentabilidade e proporcionando estilos de vida de alta qualidade e um espírito de comunidade. Paralelamente, pretendemos ver o Taguspark reconhecido no Rumo ao Parque Mais Cívico da Europa, um objetivo que reforçará a nossa imagem enquanto referência internacional.
Respostas rápidas:
Maior risco: As 24 horas não chegarem para fazermos o que temos para fazer
Maior erro: Achar que as 24 horas chegam.
Maior lição: Em equipa vamos mais longe.
Maior conquista: Chegar mais longe em equipa.








