Opinião

O Turismo e os Investimentos Verdes

Raul Almeida, presidente da Turismo Centro de Portugal

No dia 27 de setembro, celebrou-se mais um Dia Mundial do Turismo. Este ano, a Organização Mundial do Turismo (OMT) escolheu um tema que considero particularmente relevante: “Turismo e Investimentos Verdes”.

É, sem dúvida, um assunto da maior importância para o futuro desta atividade, uma vez que destaca a necessidade de conciliar o crescimento do setor com a proteção do meio ambiente.

O turismo é uma atividade decisiva para o crescimento económico que Portugal tem registado nos anos mais recentes. Não é de mais lembrar que, em 2022, o turismo gerou receitas de 21,1 mil milhões de euros, o que representou 17,1% do Produto Interno Bruto de Portugal. Mais: de acordo com dados do Turismo de Portugal, em 2022 o Turismo assegurou, direta e indiretamente, 800 mil postos de trabalho no nosso país, sendo que os setores que mais empregam no turismo são a hotelaria (35,1%), a restauração (22,3%) e o transporte (14,5%).

Ainda mais recentemente, a agência de notação financeira Fitch melhorou o “rating” de Portugal. Entre os aspetos positivos realçados no relatório da agência está a “forte dinâmica das exportações”, em particular na área dos serviços – leia-se, o crescimento do turismo.

Estes são dados que nos levam a encarar com satisfação e otimismo o contributo fundamental que a atividade turística fornece à economia nacional.

No entanto, se não houver ponderação, o turismo também pode ter um impacto negativo, em particular no meio ambiente. Todos sabemos que vivemos uma era decisiva para o futuro da humanidade, pelo que é fundamental que esta atividade seja desenvolvida de forma sustentável para garantir a preservação dos recursos naturais e o bem-estar presente e futuro das comunidades locais.

Esse foi precisamente o foco do Dia Mundial do Turismo. A OMT destacou a necessidade de, em todo o mundo, haver investimentos direcionados para as pessoas (apostando na educação e competências), para o planeta (incidindo em infraestruturas sustentáveis e acelerando a transformação ecológica) e para a prosperidade (promovendo a inovação, a tecnologia e o empreendedorismo). Investimentos estes que, acima de tudo, devem promover o crescimento económico sustentável.

A nível global, a OMT apelou à comunidade internacional, aos governos, às instituições financeiras multilaterais, aos parceiros de desenvolvimento e aos investidores do setor privado, no sentido de todos se unirem em torno desta nova estratégia de investimento verde em turismo.

Da parte do Turismo Centro de Portugal estamos a fazer o nosso trabalho. Através do projeto “Centro Sustentável”, trabalhamos para que o Centro de Portugal seja a primeira região turística em todo o mundo a ter o selo Biosphere, que atesta a sustentabilidade da atividade turística. É uma certificação atribuída a entidades que apostam decisivamente em cumprir os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas e o Acordo de Paris sobre as Alterações Climáticas e é um grande objetivo do Turismo Centro de Portugal.

Da parte de quem nos lê – porventura mais importante – também há pequenos passos que, multiplicados por muitos, podem mudar a situação. Reduzir a pegada ecológica quando viaja, visitar destinos turísticos sustentáveis, apoiar empresas turísticas que praticam a sustentabilidade ou, até, divulgar a importância do turismo sustentável são formas simples de contribuir para um mundo mais verde.

NOTA: Enquanto presidente do Turismo Centro de Portugal, esta é a minha primeira contribuição para o Link to Leaders, a quem agradeço o convite. Formulo votos para que seja uma colaboração pertinente e útil para os leitores.


Raul José Rei Soares de Almeida nasceu em Moçambique, em 30 de março de 1971, e reside na freguesia da Praia de Mira, no concelho de Mira. Licenciado em Direito, pela Universidade Lusíada do Porto, exerceu advocacia, especializando-se em Direito Informático numa sociedade de advogados em Lisboa. Em 2013, venceu as eleições para a Câmara Municipal de Mira, tendo sido reeleito em 2017 e 2021, funções que exerceu até tomar posse como presidente da Turismo Centro de Portugal em 2023. Faleceu a 27 de dezembro de 2024.

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