Entrevista/ “Todos os Governos devem colocar a sustentabilidade em tudo o que fazem”
“Acreditamos não apenas na construção de casas, mas de comunidades”, afirma Bobby O’Reilly, cofundador e Sales & Marketing Director da Dynasty Homes, uma empresa que investe no setor imobiliário e que aposta na sustentabilidade e na tecnologia como imagem de marca.
Responsável pelo projeto imobiliário Herdade do Meio, em construção no concelho do Seixal, a Dynasty Homes tem na sustentabilidade, aliada à tecnologia, o elementos-chave da sua oferta habitacional. Com um investimento total na ordem dos 30 milhões de euros, este empreendimento com 70 moradias, inseridas num lote de 11 hectares com zonas verdes, parques infantis e campos de paddel, entre outras valências, é o exemplo da estratégia que a empresa assumiu no mercado imobiliário.
Em entrevista ao Link to Leaders, Bobby O’Reilly, cofundador e Sales & Marketing Director da Dynasty Homes, abordou o compromisso entre imobiliário e sustentabilidade, o papel dos Governos nesta matéria e com é ser empreendedor neste setor de atividade em Portugal.
Os investimentos imobiliários da Dynasty Homes no mercado nacional têm sido diversificados, da construção à reabilitação. O que o levou ao mercado português?
Tenho uma relação de longo prazo com Portugal e que tem sido a trabalhar no mercado imobiliário português vendendo a clientes internacionais, de uma forma ou outra há mais de 25 anos. Conheci os parceiros atuais há oito anos aqui em Portugal. Todos viram as possibilidades e as oportunidades que existiam e decidimos criar a Dynasty Homes.
Atualmente, vemos o mercado a mudar por causa da instabilidade política e da incerteza global com a crise do custo de vida. O mercado local procura mais certezas quando se trata de controlar o custo de vida. Tendo em mente a mudança de mentalidade com as questões ambientais e a necessidade global de mudança na forma como vivemos, a visão de Dynasty teve tudo isto em conta ao planear a sua estratégia a longo prazo.
“O futuro de tudo é a “sustentabilidade”.
Uma das suas bandeiras é o compromisso com a inovação e soluções sustentáveis. De que forma se faz sentir a aposta da Dynasty Homes na sustentabilidade dos seus projetos? ?
O futuro de tudo é a “sustentabilidade”. Isso é óbvio quando se trata da estratégia das empresas, essa é a chave. Em termos de “SMART” não estamos a falar apenas de domótica chique, mas de ” REAL SMART”. Todas as casas que construímos têm a capacidade de recomendar como dever ser usadas. Através de uma aplicação especialmente desenvolvida para nós, podemos ver em tempo real a eficiência energética da casa e app vai recomendar mudanças para torná-la mais eficiente quando se trata de geração elétrica, uso e armazenamento. Ou quando é o melhor momento para carregar o seu carro, etc, com base no custo em tempo real sobre o fornecimento. Também com os equipamentos Add On pode controlar não só a temperatura e humidade, mas também a qualidade do ar que respira.
Isto envolve “machine Learning” especialmente desenvolvido para nós pelo nosso parceiro Connectome. O conceito não é sobre a tecnologia assumir tudo, mas libertar-nos das tarefas domésticas para que possamos viver com conforto e ter mais tempo para nos concentrarmos no que realmente interessa.
Na Herdade do Meio, no Seixal, a Dynasty Homes está a investir 30 milhões de euros. O que diferencia este espaço?
Está tudo no nome! “Herdade do Meio” é tudo aquilo que acreditamos que acrescenta valor à visão deste projeto. Esta foi a localização perfeita, a sua distância de Lisboa por estrada ou comboio, para a praia para todas as comodidades que você pode pensar estão aqui.
A localização e dimensão do lote permitiu-nos trazer muito para a comunidade existente, como os campos de paddel, ginásio, centro de meditação, o café e horta comunitária. Seriamos muito sortudos se pudéssemos encontrar outro lote/localização para replicar o que estamos a fazer aqui.
Qual é o target deste tipo de projeto habitacional? Nacional, internacional?
O nosso alvo em todas as situações é o utilizador final, famílias que não procuram apenas um telhado, mas que querem estar no meio de uma comunidade que oferece muito mais do que a aquilo que atualmente está disponível no mercado. Acreditamos não apenas na construção de casas, mas de comunidades. Com esta estratégia estamos a comercializar para proprietários e também investidores. Este projeto oferece um ótimo investimento, há um mercado muito grande que não quer comprar casa, mas prefere arrendar, por todo o tipo de razões, e este projeto oferece uma ótima casa com todas as conveniências modernas em cima da localização e acessos.
De que nacionalidades são os investidores/compradores da Herdade do Meio?
Atualmente, 65% do mercado local e 35% não nacionais. A nossa visão é a mesma para todos os outros projetos. Mas cada projeto será adaptado à procura de cada local específico.
Grosso modo, a Dynasty Homes revelou estar a investir cerca de 82 milhões de euros em Portugal? Porquê Portugal, em vez de Inglaterra, França, por exemplo, onde também estão presentes?
A Dynasty Homes é uma empresa portuguesa que foi criada para investir apenas em Portugal, mas que faz parte de um grupo de investimento global. Portugal tem muito para oferecer tanto aos mercados locais como internacionais e a escassez de exigência cria uma procura local e internacional à medida que Portugal se torna mais popular por todos os tipos de razão para o comprador internacional.
“Os principais obstáculos não são apenas portugueses, mas globais”.
É fácil empreender no imobiliário em Portugal? Quais são os principais entraves?
Não é fácil. Se fosse fácil todos o fariam. Tem sido uma experiência de aprendizagem, há obstáculos que temos de superar que são históricos e o ritmo da burocracia poderia ser mais rápido. Mas é o que é. Os principais obstáculos não são apenas portugueses, mas globais. A oferta e preços estáveis são coisas muito difíceis de controlar, dada a situação atual no mundo.
Que outros projetos imobiliários estão nos seus planos para o mercado nacional?
Temos na calha mais dois projetos para na Aroeira, na parte sul do rio, perto da praia da Fonte da Telha. O Aroeira I com 13 moradias (12 geminadas e 1 isolada), e o Aroeira II com 8 moradias geminadas, ambas com construção e vendas com início em outubro de 2023. E ainda o Aroeira Beach & Golf Villa, uma casa moderna renovada de três andares, prevista para final de 2023.
Imobiliário e tecnologia. Como vê esta nova geração de casas inteligentes? É um caminho sem volta?
Para nós, sim. É isso que queremos continuar a fazer, mas pode haver situações, ou outros projetos, em que o preço pode ser um fator e o mercado final pode não querer pagar o custo extra para incluí-la. Mas seria uma decisão caso a caso.
Ainda vale a pena investir em imóveis?
Claro que sim! É simples, procura e oferta e não estou a falar apenas de volume de unidades disponíveis, mas procura em tipologia e eficiência. 80% das unidades disponíveis no mercado foram construídas antes de 1980. O custo em novas casas modernas e eficientes é muito maior do que o preço de comprar uma casa mais antiga e menos eficiente. Mas a procura por uma casa mais eficiente tem crescido exponencialmente devido à consciência global sobre questões como o aquecimento global, os custos energéticos, procura internacional e local de qualidade.
“Todos os Governos devem colocar a sustentabilidade em tudo o que fazem, mas também ajudar a incentivar os utilizadores”.
Globalmente, qual a contribuição que o setor imobiliário, aliado à tecnologia, pode trazer à sustentabilidade ambiental?
Esta deve ser uma prioridade política. Todos os Governos devem colocar a sustentabilidade em tudo o que fazem, mas também ajudar a incentivar os utilizadores. Por exemplo, se alguém compra uma casa pela primeira vez e lhe forem dados incentivos sob a forma de crédito fiscal na compra de uma casa verde sustentável, cria-se uma novo tipo de procura. Ao criar procura, cria-se um fornecedor e os fornecedores serão obrigados a construir de acordo com essa procura e expetativa.
Além disso, se se incentivar os investidores a investirem em habitação local através de isenções fiscais ecológicas, tais como a ausência de imposto sobre o rendimento de arrendamento por 10 anos se a renda estiver de acordo com o que os mercados locais podem pagar “preço de arrendamento a ser definido por câmaras locais”.
Existe hoje uma grande oportunidade para os Governos locais e nacionais instalarem incentivos e não apenas critérios para construir casas modernas e sustentáveis olhando para fora e para o que os outros estão a fazer para melhorar a sua própria crise de habitação.








