79% investidores early stage estão descontentes com as políticas públicas

Oito em cada dez investidores portugueses em early stage estão insatisfeitos com as políticas públicas para o setor, revela o Barómetro do Investimento Early Stage 2023 da Investors Portugal.
Segundo o “Barómetro do Investimento Early Stage 2023”, a primeira análise realizada pela Investors Portugal (Associação Portuguesa dos Investidores em Early Stage) ao sentimento e perspetivas dos investidores do ecossistema português, constatou que 79% investidores portugueses em early stage (oito em cada dez) estão insatisfeitos com as políticas públicas para o setor. Destes, 21% avalia muito negativamente a evolução destas medidas.
“Este barómetro permite-nos obter uma visão panorâmica do mercado e conhecer a realidade e as opiniões dos atores deste ecossistema, o que é fundamental para que possamos influenciar positivamente este setor”, afirma a presidente da Investors Portugal, Lurdes Gramaxo, que frisa, ainda, que “os resultados deste levantamento (…) indicam que o mercado de investimento em early stage em Portugal tem arrefecido em linha com os ecossistemas mais desenvolvidos do mundo”.
O “Barómetro do Investimento Early Stage 2023”, realizado entre outubro e dezembro, destaca também que 53% dos investidores afirma que houve uma evolução negativa do mercado nacional nos últimos seis meses 2023 e faz uma avaliação negativa quanto ao volume de capital investido no segundo semestre.
Todavia, 53% dos inquiridos está mais otimista quanto ao volume e à quantidade de novos investimentos a concretizar no primeiro semestre de 2024, mas, relativamente às start-ups participadas, 68% dos investidores espera dificuldades no levantamento de novas rondas de capital, e, destes, 16% está muito pessimista quanto à evolução deste parâmetro no primeiro semestre deste ano.
O relatório da Investors Portugal salienta ainda que 58% dos inquiridos conjetura uma evolução negativa das oportunidades de exit na primeira metade de 2024 e 26% espera uma evolução muito negativa.
Apesar de se observarem resultados positivos em matéria de evolução da quantidade de investimentos e do aumento no acesso a oportunidades de investimento no segundo semestre do ano passado, o estudo revela que a preocupação com as start-ups já investidas é transversal ao ecossistema de investimento.
Refira-se ainda que a insatisfação manifestada pelos investidores portugueses face às políticas públicas para o setor é acompanhada de sugestões de melhoria das políticas destacando-se o apelo ao reforço das medidas de apoio às start-ups e aos empreendedores para estimular o crescimento; a eliminação de bloqueios burocráticos que dificultam o investimento em start-ups no país; e um maior leque de iniciativas de financiamento e benefícios fiscais para investidores em early stage, especialmente business angels e veículos de investimento.