50% das mensagens no X sobre feminismo são negativas

A LLYC lançou o relatório “SEM FILTRO”, uma análise a 8,5 milhões de mensagens no X em 12 países que concluiu que 50% das mensagens na rede social sobre feminismo são negativas.

Nos últimos três anos, as pesquisas sobre “igualdade” e “feminismo” na Internet diminuíram 40% e 50%, respetivamente. No X, o diálogo não só estagnou, como aumentou a polarização, ao ponto de 50% das publicações sobre feminismo nesta rede social serem já negativas. Esta é uma das principais conclusões do relatórioSEM FILTRO”, elaborado pela LLYC.

O relatório analisa como as redes sociais se consolidaram como uma ferramenta de ataque contra o discurso feminista e o que está por detrás destas comunidades. Por exemplo, 98% dos perfis anti-igualdade têm uma forte carga política e estão radicalizados, o que dificulta o diálogo. Aqueles que duvidam ou se definem como céticos em relação a esta causa têm 1,6 vezes mais probabilidades de adotar posições extremistas do que de se abrirem a ela.

O estudo identifica as principais justificações das contra-feministas para rejeitarem o movimento – como a ideia errada de que a causa já foi longe demais, ou a perceção da perda de privilégios entre os homens -, bem como as estratégias utilizadas pelos diferentes grupos para defenderem as suas ideias. O discurso anti-igualitário é mais enraizado e prevalecem argumentos baseados na desinformação e na desconfiança. Recorrem a insultos três vezes mais do que o lado feminista e, em metade de todos os seus posts, utilizam sempre termos conotativos contra quem não pensa como eles, sem apresentar alternativas ou propostas. A análise revelou que 1 em cada 3 posts contra-feministas em X globalmente é breve e carece de reflexão. Procuram a deslegitimação através de estereótipos.

Em Portugal, as comunidades anti-feministas geram menos 5% de conversação do que a média dos 12 países. Em contrapartida, as comunidades feministas e pró-igualdade produzem 6% mais conversação do que a média. O campo feminista é 48% menos disperso do que a média do país, com a terceira conversa feminista mais isolada e concentrada do mundo.

Outras das conclusões do estudo referente a Portugal diz respeito ao facto de a dispersão do campo anti-feminista ser 39% superior à média, o que faz com que o país tenha o segundo campo anti-feminista mais variado e aberto.

Além disso, o interesse e as pesquisas no Google sobre Igualdade e Feminismo são 54% mais baixos do que há 3 anos em Portugal. 36% das mensagens anti-feministas em Portugal associam o feminismo à radicalização, muito semelhante à média do país, e 31% à ideologização e ao partidarismo.

Para elaborar este relatório, a LLYC analisou as conversas no X em 12 países (Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Espanha, Estados Unidos, México, Panamá, Peru, Portugal e República Dominicana), o que permitiu estudar 8,5 milhões de mensagens. os resultados foram cruzados com estudos de instituições e meios de comunicação social reconhecidos, para apoiar a informação obtida.

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