5 tendências das criptomoedas para 2021, segundo a Anchorage

O Covid-19 trouxe mais moedas e podem vir aí  novas plataformas de armazenamento, já que estão previstos novos ativos, como a versão 2.0 da Ethereum. Esta é uma das tendências apontadas pela Anchorange para o próximo ano. Conheça as outras quatro.

Apesar de 2020 estar a ser um ano atípico, para vários mercados e em diferentes setores da sociedade, há um aspeto que pode ser considerado como certo: a digitalização continua a dar passos largos – em áreas distintas – e a moeda não foi exceção. É com base nesta premissa que a Anchorage, uma start-up com ADN português, sediada nos Estados Unidos, revela aquelas que serão as próximas tendências europeias em 2021 no universo dos ativos digitais

“Numa indústria digital liderada pelos chamados ‘true believers’, pelos fundos de investimento e pelos programadores, acreditamos que tem havido uma mudança de paradigma neste setor, com um aumento significativo de pequenos negócios e fundos de investimento. Prevemos que o debate em torno da regulação destes ativos digitais vai permitir com que instituições mais tradicionais, como os bancos, estejam mais recetivas a adotar as criptomoedas em 2021. E é para isso que nós existimos, para transmitir confiança a estas instituições, para que possam incluir estes ativos – mais seguros e de fácil utilização – aos seus serviços”, afirma Diogo Mónica, cofundador e presidente da Anchorage.

Fique a conhecer as principais tendências apontadas pela Anchorage.

1. Stable coin prometem estabilidade
As stable coins (em português, “moedas estáveis”) são uma clara tendência em 2020 e, de acordo com a Anchorage, continuarão a sê-lo no próximo ano. Esta nova classe de criptomoeda tenta oferecer estabilidade de preços e é apoiada pelos chamados “ativos de reserva”. As vantagens desta nova classe de moeda são sobretudo o processamento instantâneo nas transações e a segurança e privacidade – no geral, associadas às criptomoedas – combinados com as avaliações estáveis, sem volatilidade, das chamadas moedas FIAT, ou seja, as tradicionais, emitidas pelos Governos – como o Euro ou o Dólar. Atualmente, uma das stable coins mais conhecidas é a Libra, anunciada pelo Facebook, que já despertou o interesse europeu e lançou a discussão à volta da regulação deste tipo de moedas.

2. “Proof-of-Stake”: um algoritmo de eleição
No universo dos ativos digitais, a Bitcoin assume-se como uma das criptomoedas mais conhecidas, e seguramente a mais valiosa neste momento, tendo este mês ultrapassado os 19 mil dólares (16 mil euros) de valorização. Contudo, o seu algoritmo na blockchain – o chamado Proof-of-Work (em português, prova de trabalho) – requer muita energia e esforço. A alternativa, o Proof-of-Stake (prova de participação) tem vindo a ser apontada como uma solução mais vantajosa e viável, já que não utiliza o sistema de mineração (operação descentralizada de utilização de computadores de alta potência que resolvem problemas complexos de matemática computacional para aumentar a segurança), mas sim um sistema de blocos aleatórios, requerendo menos energia computacional.

Um estudo recente, realizado pela Cambridge Center for Alternative Finance, estimou que são precisas sete centrais nucleares atualmente para gerar energia suficiente que sustente o sistema de mineração das bitcoins, algo que tem preocupado a comunidade internacional.

3. Covid-19 trouxe mais moedas e podem vir aí novas plataformas de armazenamento
As moedas digitais permitem um meio de comunicação e transação seguro, sem depender da troca física de dinheiro. Com o aumento do trabalho remoto e a inerente dispersão geográfica, a capacidade de enviar e receber fundos sem limitações despertou o interesse mundial nestes ativos digitais. De acordo com a CoinMarketCap, existem atualmente 3847 moedas digitais – muitas delas criadas em 2020 – que representam já um mercado de 522,7 mil milhões de dólares (431 mil milhões de euros).

Por sua vez, o número de plataformas que aceitam criptomoedas não aumentou significativamente em 2020, algo que a Anchorage prevê que se vá alterar no próximo ano, já que estão previstos novos ativos, como a versão 2.0 da famosa moeda digital, Ethereum. Também a partir de 2021, os bancos americanos já estão autorizados a armazenar criptomoedas e a Anchorage acredita que “os mercados europeu e chinês rapidamente seguirão a  tendência”. “Tornar-se-á uma vantagem competitiva ter uma infraestrutura financeira ágil, tanto em termos de velocidade como em termos de custos”, explica a start-up em comunicado.

4. A criptomoeda como transação e não como reserva de valor
À semelhança do ouro, as criptomoedas ainda são consideradas, em certa medida, como uma reserva de valor.Mas o cenário pode alterar-se em breve. Anúncios recentes como o da PayPal – que já permite aos seus utilizadores americanos (e brevemente aos seus 300 milhões de utilizadores mundiais) movimentar criptomoedas – vieram mostrar ao público em geral que armazenar moedas digitais pode ser financeiramente interessante, tanto do ponto de vista das taxas, como também do ponto de vista operacional.

A Anchorage acredita que a Europa vai seguir rapidamente os passos dos Estados Unidos também nesta matéria, “tanto em termos de ofertas de serviços como de atualizações regulamentares.” Para além  do armazenamento de valor, existem, cada vez mais, projetos interessantes que visam um elevado rendimento das transações. A Visa, um dos investidores de Anchorage, é exemplo disso mesmo, com um notável número de transações diárias que, já em agosto de 2017, ascendia os cerca de 65 mil por segundo.

5. O futuro é Diem
Ainda antes de 2020 terminar, a Libra, a moeda digital anteriormente associada ao Facebook, anunciou a mudança de nome. Diem é o nome da nova moeda e da associação que a integra. A transição aconteceu numa altura em que, nomeadamente na Europa, se discute a regulação deste tipo de moeda e a utilização de dados pessoais como contrapartida à ausência de taxas nestas moedas. De forma a se demarcar de tudo isso, a Diem surge agora com uma estrutura e gestão independentes de qualquer organização e com o apoio de uma rede e comité técnico composto por especialistas da área, como a Anchorage, Novi, Bison Trails, Shopify ou Lyft. A Diem inclui monitorização da blockchain, do sistema de pagamentos e da Diem Reserve e utiliza um sistema de validação próprio, semelhante ao do Proof of Stake.

Para 2021, o mundo espera novos desafios, em áreas como a saúde, a economia ou o ambiente. Mas o próximo ano anseia também por soluções para diversos setores da sociedade, onde se inclui o universo das criptomoedas. Apontada, pela Anchorage, como uma tendência, a Diem trará com certeza novidades nos próximos meses e, como ela, outras moedas digitais desempenharão um importante papel à escala global. Mas, para que este setor continue a evoluir, a Anchorage acredita que o público em geral terá de ganhar confiança nestas novas formas de pagamento. Para isso, indicam, será necessário “construir um registo contínuo que confirme o que os experts da área já defendem: que a tecnologia é segura” e será também necessário “tornar este tipo de transações mais acessíveis ao público, através de mecanismos como os cartões de débito/ crédito ou sistemas como o Apple Pay”, algo que vai sendo cada vez mais comum.

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