Opinião
É um sector que exige uma boa dose de paixão”

Artur Meleiro, que desde jovem acompanha a produção de uvas e vinhas, é o rosto da família à frente do projeto Valados de Melgaço e quem nos traça o perfil e as ambições da empresa que criou há três anos.
A Valados de Melgaço é um projeto familiar da Região Demarcada dos vinhos verdes que pretende apresentar a casta alvarinho trabalhada no seu expoente máximo. Com duas marcas próprias, Valados de Melgaço e Quinta de Golães, os vinhos da empresa, por agora comercializados em Portugal, ambicionam chegar mais longe e preparam a internacionalização.
Como surgiu a ideia de criar esta empresa?
A Valados de Melgaço foi constituída em 2015, para dar continuidade e permitir o crescimento do projeto de produção de vinhos iniciado em 2013 por Artur Meleiro. A ideia de produzir vinhos com marca própria foi desde sempre partilhada pelos elementos da família, na Quinta de Golães. É nossa convição que podemos chegar ao mercado apreciador de vinhos de qualidade, com uma forte expressão de terroir e a partir do enorme potencial da casta Alvarinho.
Qual a “receita” para um projeto familiar como o vosso conseguir vingar e crescer num sector tão concorrencial como o dos vinhos?
O principal trunfo é baseado na qualidade dos vinhos. A proximidade aos clientes e consumidores, patrocinando a partilha de experiências, tem sido o motor de desenvolvimento da marca.
Quais os principais desafios que tiveram de enfrentar? Foi um trajeto difícil?
O primeiro desafio é produzir vinhos de qualidade, com identidade e de modo consistente. O segundo é a consolidação da marca no mercado. É um trajeto difícil: cada colheita é um desafio e sendo uma marca jovem, exige um grande esforço de conciliação entre o tempo necessário para se afirmar no mercado e a “pressão” para atingir o patamar de rentabilidade.
Dos vinhos que produzem e comercializam qual é a vossa imagem de marca?
Acreditamos que “um bom vinho não se elabora, cultiva-se”. O Valados de Melgaço Alvarinho expressa a genuinidade do território de Monção e Melgaço e da casta. Do ponto de vista do apreciador, este pode esperar vinhos secos e minerais, que se revelam em pleno com a gastronomia.
Além das marcas atuais, no médio prazo, a Valados de Melgaço tem ambições de enveredar por novos vinhos, novas castas?
Neste momento, não temos planos para produzir vinhos de novas castas.
Que recomendações daria a um empreendedor que queira investir no sector vitivinícola?
Acho que é um sector que exige uma boa, muito boa, dose de paixão!
Quais as especificidades deste negócio, a ter em conta, para se conseguir chegar ao sucesso?
Num sector tão diversificado, depende do posicionamento. Há exemplos de produtores bem sucedidos, seguindo estratégias completamente diferentes.
No caso da Valados de Melgaço quais as etapas decisivas para o vosso crescimento e consolidação?
Em primeiro lugar, a produção de vinhos de qualidade, tanto a partir de uvas próprias, como de uvas compradas, cuja adequada seleção é decisiva. Depois o reconhecimento pelos consumidores e críticos e, por último, a entrega nos mercados identificados como aqueles que reconhecem o valor dos nossos vinhos. Estas etapas repetem-se em cada colheita.
Quais são os números Valados de Melgaço atualmente?
Em 2017 vendemos cerca de 12.500 garrafas e faturamos 73.000 euros.
A internacionalização é uma aposta para a empresa? Em que mercados?
Os primeiros contactos para a internacionalização foram iniciados em 2016 e as primeiras exportações aconteceram em 2017. Neste ano, definimos um plano de internacionalização que esperamos que venha a permitir exportar cerca de 50% da produção até 2019. Os principais mercados alvo em que estamos a trabalhar são o Norte e Centro da Europa, EUA, Brasil e Japão.
Quais os projetos e expetativas da empresa para o ano que agora se inicia?
Planeamos o ano de 2018 ainda como um ano de grande crescimento, no mercado, para consolidar e estabilizar nos seguintes. Em termos de produção, pretendemos estabilizar nos níveis alcançados em 2017.
Respostas rápidas:
O maior risco: Mercado.
O maior erro: Escolha de parceiros.
A melhor ideia: Partilha de adega.
A maior lição: Programas de apoio ao investimento.
A maior conquista: A próxima.